21.ª MOSTRA INTERNACIONAL DE TEATRO DO CONCELHO DE VALONGO
À procura do (ante)passado
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Pelo menos uma vez na vida, certamente, todos nós já tivemos curiosidade de reconstruir a história de vida de um antepassado nosso, juntando fotografias esbatidas pelo tempo e velhos documentos como se de um puzzle se tratasse com o objetivo de reconstruir a identidade desse alguém que nos é (foi) próximo. Esta foi a ideia que o galego Borja Fernández nos deixou na noite de 20 de outubro através de “Salvador”, um espetáculo que deambulou entre o teatro documental e a ficção teatral na combinação de texto, movimentos, música e vídeo. Borja Fernández centra este seu monólogo na figura de seu avô Benito Fernández Meirinho, um galego que emigrou para o Brasil – para a região de Salvador da Baía, mais concretamente, e daí o nome que rotula esta peça: Salvador – no fim dos anos 50 e que nunca mais voltou. Simplesmente desapareceu! Borja não conheceu o seu avô e tenta descobrir as suas raízes ao reconstruir a vida do seu antepassado através de fotografias, muitas fotografias, intercaladas com documentos, recortes de imprensa, com depoimentos gravados em vídeo e/ou objetos manipulados por uma “video-jockey” através de um retro-projetor que transfere para a tela gigante que sobressai no cenário desta peça todo o trabalho de pesquisa de Borja. A certa altura quase que estamos perante o jogo do “gato e do rato”, já que em cada fotografia sua que é apresentada, Benito parece uma pessoa diferente, como se soubesse que alguém no futuro iria à sua procura e não quisesse ser encontrado! E não foi!
“Salvador” é igualmente um retrato teatralizado da temática da emigração galega para a América do Sul nos anos 50, ou uma espécie de documentário sobre a tendência migratória que marcou o povo galego durante o referido período
Por:
MB
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