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    Arquivo: Edição de 28-02-2018

    SECÇÃO: Destaque


    QUEIMA DO JOÃO

    "João" recebido com honras de Estado em Carnaval frio e molhado

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    Nem a chuva nem o (muito) frio que se fizeram notar cá pelo burgo ao longo de fevereiro, foi motivo para impedir que Ermesinde se divertisse "à grande" durante a quadra carnavalesca. E Carnaval na nossa cidade é sinónimo de João, o filho pródigo desta terra que mais uma vez deu vida a esta paródia carnavalesca que é indiscutivelmente uma das mais importantes manifestações da cultura local. E este ano isso ficou mais uma vez provado. Organizada pela Junta de Freguesia de Ermesinde (JFE), a Queima do João centrou em si as atenções de centenas de ermesindenses ao longo de três dias - 11, 12 e 13 de fevereiro -, em que o Parque Urbano e o Armazém da JFE - na zona da Resineira - foram os palcos da folia. E tal como em anos anteriores, a Junta teve a colaboração preciosa de algumas coletividades/entidades da cidade para dar mais brilho a esta antiga tradição local, tendo este ano participado no cortejo - de carros alegóricos, cada um deles decorado com um tema a preceito - a União Desportiva Cultural e Recreativa da Bela, a Associação Académica e Cultural de Ermesinde, a Casa do Povo de Ermesinde, a Associação de Pais da Escola do Carvalhal, a Associação SóJovem, o grupo Power Dance, a Associação Ermesinde Cidade Aberta, a Associação de Pais da Escola da Bela e a Escola Secundária de Ermesinde. Um dos grandes destaques da festa deste ano alude à forma criativa como a organização quis reviver esta velha tradição. "Aqui e acolá" surgiram algumas novidades no enredo, sendo a maior de todas, quiçá, o facto de o nosso amigo João ter chegado à sua terra de helicóptero e com honras militares. Pois é, num domingo de chuva torrencial, centenas de ermesindenses deslocaram-se ao Parque Urbano para receber o João. O ambiente foi animado pela Banda do Galo (música) e pelos bombos do Grupo Filhos da Pauta e da fanfarra de Percussão Ruxaxá (de Vila do Conde). O helicóptero a sobrevoar o Parque Urbano marcou a chegada (simbólica) do João, que pouco depois era escoltado por um verdadeiro exército debaixo de "vivas" da multidão em redor até ao anfiteatro exterior do parque onde o esperava o Estado Maior da freguesia, com o presidente da Junta em destaque ao lado da esposa - ou pelo menos uma das esposas - do nosso amigo João, que segundo rezava a história deste ano terá emigrado para a Coreia do Norte onde serviu com mérito as forças militares de elite daquele país. Recebido como um herói o João lá partiu no rápido cortejo - ou não estivesse a chover a cântaros - rumo à Travagem, onde a festa continuou com bailarico já no interior do armazém da Junta. Ali, o João conheceu o seu trágico fim, morre assassinado, ao que parece envenenado com uma taça de champanhe por uma das suas esposas, após a descoberta de uma segunda família aqui para estas bandas. Uma nota de rodapé para elogiar a performance da "viúva oficial" do nosso amigo, isto é, Maria Rambóia, personagem interpretada por Maria Teles, para muitos a verdadeira guardiã ainda viva desta tradição.

    Foto ALBERTO BLANQUET
    Foto ALBERTO BLANQUET
    A paródia continuou na noite seguinte, no mesmo local, altura em que as duas viúvas travaram um hilariante diálogo - em que a linguagem vernácula fez as delícias dos foliões presentes no armazém da JFE - no decorrer do velório do seu amado esposo. E eis que a festa encerrou na noite de Carnaval, também no armazém da Resineira, com o habitual julgamento onde o muito público presente se divertiu à grande com a comicidade de algumas deixas, onde as tradicionais referências brejeiras às moças de vários lugares de Ermesinde e a algumas situações políticas da atualidade estiveram em evidência. Posto isto, o corpo do João foi escoltado pelo Exército até ao rio (Leça) - também ali na zona da Resineira - onde decorreu o ato final da paródia, isto é, a queima do boneco. Em jeito final, e mesmo com um ou outro percalço, em que a chuva e o frio que se fizeram sentir terão impedido que a festa tivesse uma adesão muito maior, a tradição foi cumprida, acima de tudo com boa disposição, "ingrediente" indispensável para quem brinca ao Carnaval.

     

     

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