Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 29-02-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 31-07-2017

    SECÇÃO: Património


    foto

    Ainda a palavra “Ermesinde” (7)

    Retomo agora a sequência elaborada por Reinaldo Beça, do seu artigo publicado. Há uma relação familiar entre todas estas pessoas e outras que se seguirão, quando for oportuno irei elaborar um quadro genealógico para se poder comprovar mais facilmente todas estas relações familiares.

    Falemos agora da seguinte na lista.

    Ermesenda, Ermesinda ou Hermesinda Guterres, (?905-942), esta senhora, não é a Ermezenda que foi abadessa do Mosteiro de Rio Tinto. Essa viveu uns anos mais tarde.

    REPRESENTAÇÃO NUNS AZULEJOS DA ESTAÇÃO DE RIO TINTO DE HERMENEGILDO GUTERRES NA RECONQUISTA
    REPRESENTAÇÃO NUNS AZULEJOS DA ESTAÇÃO DE RIO TINTO DE HERMENEGILDO GUTERRES NA RECONQUISTA
    Terá nascido em cerca de 905, e já em terras portucalenses, pois seus ascendentes estão aqui fixados há algumas gerações. Está documentada entre os anos 929 e 934.

    É filha do conde Guterre Mendes de Coimbra, e de Ilduara Eriz (m. ca. 958) (esta filha de Ero Fernandes, conde de Lugo e de sua mulher Adosinda), e que teve os seguintes irmãoso conde de Coimbra, Múnio Guterres, S. Rosendo (Rosendo ou Rosindo Guterres) (907-977), o mais conhecido dos irmãos, foi bispo de Mondoñedo e fundador do mosteiro de Celanova, sendo o padroeiro de Amarante, Fruela ou Froila Guterres (m. ca. 943), e Adosinda ou Ausenda Guterres (m. ca. 964). Figura nos documentos do mosteiro de Celanova a partilha de S. Rosendo com os irmãos, datado de 11-03-934, e diz "… placuit nobis ut faceremos inter nos colmellum divisiones de villas ex successione avorum nostrum Hermegildi et Ermesinde, Eroni et Adosinde vel etiam genitourum nostrum Guttierris et Iduari".

    Casou com Paio Gonçalves Betotes "Pelagio Gunsalvi", conde de Deza (Entre Minho e Lima), também morador desta região, filho de Gonçalo Afonso Betotes "Gunsalvus Betotes" "cognomento Bittoti", e documentado entre 915 a 929, figura numa doação de Ramiro II a Guimarães em 950 [DC36] 1. , e de Teresa Eriz, e portanto sobrinho do conde de Portucale, Hermenegildo Gonçalves (Betotes) e cunhado da condessa Mumadona Dias. A sua irmã Adosinda (ou Ausenda) Guterres, é também cunhada de Mumadona Dias, por ter casado com o irmão desta, Ximeno Dias, e também com o rei de Leão, Ramiro II (?) ou então com o filho de Mumadona, sua cunhada, Ramiro Mendes. Estes elementos genealógicos são-nos confirmados pelo P.e Miguel de Oliveira (Oliveira, 1967), assim como por Emílio Sáez (Sáez, 1947)

    Segundo o mesmo autor, teve pelo menos oito filhos e filhas, apenas se conhece a descendência de uma Ilduara Pais (961-964) que casou com seu primo direito, o conde Gonçalo Mendes, de Árias Pais, que foi diácono na igreja de Guimarães em 959 (DC 76) e, segundo de A. Fernandes, seria também filha de Ermezinda, e de Elvira Pais ca 980 que teria sido barregã de Ordonho III e de quem tido Bermudo II, o que explicaria o facto de este chamar avós a Gonçalo [Betotes] e Teresa [Eriz], em documento publicado por Garcia Álvarez. Opinião contrária tem E. Sáez que não nomeia nenhuma filha com este nome.

    Desde o início do século IX, que os cristãostinham iniciado a reconquista,mais propriamente, a partir do reinado de Ordonho (850-866) com o repovoamento de Tui. Com a expansão e reconquista de novos territórios, Afonso III (866-911) reorganizou política e administrativamente estas novas possessões. Já a partir de 868 é iniciado o repovoamento de Portucale, e em 878 é designado, o seu avô, o Conde Hermenegildo Guterres (como se pode verificar no gráfico abaixo), do governo do território a partir do rio Lima até Coimbra, tendo como centro o Porto (Portucale), e passando-se a designar província portucalense.

    A nobreza condal nomeada para o governo destas regiões, para além do conde Hermenegildo, que já falamos, Vímara Peres, até Guimarães, e o conde Odoário no interior até Chaves.

    Esta senhora, detinha muitas propriedades tanto a norte como a sul do rio Douro. Tendo fundado vários mosteiros. Sabe-se, que à morte da mãe lhe tocou em testamento a v. de Avintes, conforme documentado (Diplomata et Chartae n.º 12) e com a data de [947] (não sendo, no entanto, esta data confiável).Também recebeu do marido propriedades em Esmoriz e Cortegaça.

    Devido à sua família estar radicada nesta região, de finais do século IX, princípios do século X, e desde o início da reconquista, na pessoa do Conde Hermenegildo, a quem D. Afonso III (o Magno), Rei de Leão, incumbiu de governar as terras de Tuy, Porto e Coimbra.

    Depois da morte de Afonso III, em 910, o reino foi dividido entre os seus três filhos: Garcia (910-914) ficou com Leão, Ordonho (910-924) com a Galiza e Fruela (910-924) com as Astúrias. Com as mortes sucessivas de Garcia e de Ordonho, os reinos voltaram a unir-se sob o reinado de Fruela II (924-925).

    ASCENDENTES DE ERMESINDA GUTERRES DE COIMBRA
    ASCENDENTES DE ERMESINDA GUTERRES DE COIMBRA
    Com todas estas convulsões políticas, e a respectiva perda de autoridade dos reis, a nobreza portucalense e galega assumiu um protagonismo político crescente, assim como os próprios bispos do reino.

    Terá falecido pelo ano de 942 com cerca de 37 anos de idade, no auge da reconquista.

    Não é possível concluir se tem ou não influência no nome desta cidade, não o cremos, no entanto deixo para que alguém possa tirar melhores conclusões.

    Bibliografia

    Álvarez, M. R. (1970). La Reina Velasquita, nieta de Muniadomna Diaz? Revista de Guimarães, pp. 197-230.

    Amaral, L. C. (2009). O povoamento da terra bracarense durante o século XIII. Universidade do Porto. Revista da Faculdade de Letras: História. Série III, vol. 10, pp. 113-127.

    Brito, F. B. (1975). Monarquia Lusitana - Parte segunda. Lisboa: INCM.

    Cardoso, J. (2002). Agiológio Lusitano. Porto: Edição Fac similada.

    Cardozo, M. (1967). O Testamento de Mumadona, fundadora do Mosteiro e Castelo de Guimarães na segunda metade do século X. Revista de Guimarães. Sociedade Martins Sarmento, pp. 376-391.

    Cardozo, M. (1972). Seria Mumadona tia de Ramiro II, Rei de Leão? Revista de Guimarães, pp. 376-391.

    Duby, G., & Perrot, M. (1990). História das mulheres: a Idade Média. Porto: Afrantamento.

    Felgueiras Gayo, M. C. (1989). Nobiliário, I-XII. Braga: Carvalhos de Basto.

    Frez, A. I. (1992). La Sociedad Gallega en la Alta Edad Media. Madrid: Consejo Superior de Investigaciones Científicas.

    Mattoso, J. (1992). História de Portugal (Vol. I). Lisboa: Círculo de Leitores.

    Mattoso, J. (2001). A Nobreza Medieval Portuguesa. Rio de Mouro: Círculo de Leitores.

    Mattoso, J. (2002). O Monaquismo Ibérico e Cluny. Rio de Mouro: Círculo de Leitores.

    Menéndez Pidal, R. (1982). Historia de España (Vol. Tomo IV). Madrid: Espasa Calpe.

    Oliveira, P. M. (1967). Ovar na Idade Média. Ovar: Câmara Municipal de Ovar.

    Pernoud, R. (1978). O Mito da Idade Média. Lisboa: Europa-América.

    Piel, J., & Mattoso, J. (1980). Portugaliae Monumenta Historica. Lisboa: Academia das Ciências de Lisboa.

    Rionda, R. (2015). La Sorprendente Genealogia de mis Tatarabuelos. Galiza: Palibrio.

    Risco, F. M. (1789). España Sagrada (Vol. Tomo XXXVII). Madrid: Oficinas de Blas Roman.

    Sáez, E. (1947). Los ascendientes de San Rosendo, notas para el estudio de la monarquia astur-leonesa durante los siglos IX y X. Hispania, p. 40.

    Soares, J. (2016). Ermesinde, O Património e a Nossa Gente. Ermesinde: Junta de Freguesia de Ermesinde.

    Tomás, F. L. (1974). Beneditina Lusitana - Tomo I. Lisboa: INCM.

    Por: Carlos Marques

     

    Outras Notícias

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].