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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-04-2016

    SECÇÃO: Desporto


    Paulo Sousa: «Fizemos um excelente trabalho e não deixamos o CPN fechar»

    Foto MANUEL VALDREZ
    Foto MANUEL VALDREZ
    Após seis anos no comando do CPN, Paulo Sousa passa o testemunho a Rui Moutinho com o sentimento de missão cumprida. Uma missão que, contudo, não teve um início fácil, muito pelo contrário, conforme recordou Sousa ao nosso jornal na hora de fazer um balanço da sua passagem pela presidência do CPN. «Na altura em que cheguei ao CPN encontrei um clube que tinha batido no fundo. A luz e o gás tinham sido cortados, e quando aqui entrei (no complexo) isto parecia um armazém escuro abandonado», recorda. Mas o cenário era então muito pior do que esta visão inicial. O CPN já não cumpria há algum tempo com os seus compromissos com o banco, isto é, no pagamento das prestações ao abrigo do empréstimo obtido para a construção do seu complexo desportivo. Tudo somado, este era um clube que estava muito perto de fechar portas, conforme recorda Paulo Sousa. Era preciso salvar o CPN, e Sousa e a sua equipa arregaçaram desde o primeiro minuto as mangas. O clube tinha então uma tesouraria muito débil, incapaz de fazer face às despesas/dívidas com que se via a braços e a então Comissão Administrativa (CA) liderada por Paulo Sousa teve de tomar desde logo algumas medidas radicais, como por exemplo, encerrar a piscina e chegar a acordo para a saída dos três últimos funcionários do clube (passando-lhes uma declaração para o fundo de desemprego e fazendo acordos de indemnização que hoje estão a ser religiosamente cumpridos). Em relação à dívida com a EDP Gás tiveram de ser feitos novos acordos para regularizar a situação. «Tivemos muitas reuniões com a administração da EDP. Demonstramos qual era a nossa realidade, com documentação fundamentada, e no fim conseguimos um plano de pagamento adequado às finanças do clube. Foi uma vitória, não só com a EDP como também com outras entidades, como a Segurança Social, por exemplo. A parte mais importante foi dar a cara e dialogar com todos», diz.

    Também com a entidade bancária com quem o CPN contraiu o empréstimo de 500.000 euros para a construção do seu complexo desportivo existiram muitas reuniões, muito diálogo, no sentido de realizar um novo plano de pagamento, mais condizente com a realidade de então do clube. «Na altura o clube já não pagava as prestações há um ano. O banco exigiu-nos planos de tesouraria concretos, para ver se era viável entrar num novo acordo. Depois de muitas negociações, conseguimos que a prestação fosse reduzida, para um valor que podíamos pagar em face da nossa tesouraria», recorda.

    Na negociação com o banco Paulo Sousa não esquece algumas figuras da cidade e do concelho que foram importantes para que esta "história tivesse um final feliz". Entre outros, recordou João Paulo Baltazar, então presidente da Câmara de Valongo, que fez diversos contactos diretos com a administração da entidade bancária a quem o clube era devedor, no sentido de interceder por este, e que acompanhou os dirigentes cepeenistas em muitas das reuniões mantidas com a referida administração do banco para que fosse alcançado um novo acordo de pagamento das prestações. Também importantes em todo este processo foram José Puig, Joaquim Santos, Manuel Sobral Pires, José Vinhas e Joaquim Moutinho, tendo este último sido determinante ao emprestar ao clube uma grande fatia de uma determinada verba monetária para que este pudesse formalizar junto do banco o novo acordo de pagamento, uma vez que uma das exigências da entidade bancária era que o CPN depositasse uma compensação de 10.000 euros no ato da celebração desse novo acordo (outra das exigências do banco foi que a então CA se constituísse como Direção). «Isso foi a base de tudo o resto. Se não fosse isso se calhar tudo tinha ido abaixo. Essas figuras locais depositaram confiança em mim, e é meu compromisso de honra que agora lhe devolvo (a Joaquim Moutinho) esse valor», diz Paulo Sousa enquanto endereça publicamente um enorme obrigado a todas estas figuras pela ajuda que prestaram numa fase tão delicada da vida do CPN.

    Parte muito importante no reerguer do clube foram igualmente as empresas que ao longo da gestão de Paulo Sousa foram explorando o complexo desportivo cepeenista, pese embora, ainda hoje, muitas vozes se mostram contra esta decisão do agora ex-presidente. Paulo Sousa não concorda com essas opiniões, dizendo que na altura não havia outra alternativa senão entregar a gestão do complexo a empresas da área. «Foi a única forma de mandarmos isto para a frente, com alguém a quem tínhamos de transferir a responsabilidade de assumir os custos energéticos tremendos que este complexo tem e que o clube não tinha forma de assumir sozinho». Recorda ainda que foi graças ao investimento de muitas dessas empresas que o complexo desportivo foi sendo melhorado, como por exemplo na aquisição de um novo sistema de caldeiras que permitiu reduzir os elevadíssimos custos energéticos para com a piscina, ou a requalificação e modernização do ginásio. Relembra que a maior parte dessas empresas chegou a um ponto de rutura porque era impossível suportar a despesa geral do complexo, mas, ressalva mais uma vez, que «o CPN nunca tinha conseguido equipar metade do que está aqui dentro se tivesse optado por gerir o complexo sozinho. Sem as parcerias não tínhamos condições para levar isto para a frente. E isso está provado. E hoje o CPN tem o que tem à custa dessas parcerias, que foram a base para que o clube tenha aquilo que tem hoje», afirma sem qualquer dúvida.

    Com orgulho, Paulo Sousa diz que o clube tem atualmente, e de novo, muita vida, «hoje somos um clube estável, não com todos os problemas resolvidos, até porque financeiramente ainda há compromissos a cumprir, que estão aliás a ser cumpridos na integra». Os acordos do pagamento de dívidas à Segurança Social e à EDP Gás terminam em setembro e outubro próximos, e depois de cumpridos esses acordos o CPN fica com mais liberdade em termos de tesouraria para levar por diante algumas obras de manutenção no seu complexo que por agora se afiguram urgentes.

    Paulo Sousa salienta ainda que foi trabalho de reequilíbrio e estabilidade que fez com que as diversas secções desenvolvessem as suas missões desportivas com êxito, sobretudo a secção de basquetebol, que conquistou inúmeros títulos regionais e nacionais num curto espaço de tempo.

    A terminar, deixou uma mensagem à próxima Direção. «Apesar de o CPN ser hoje um clube estável tem de continuar a ser gerido com rigor, bom senso e transparência. A fasquia está hoje elevada, mas espero sinceramente que esta nova Direção tenha sucesso, e sobretudo que não permita que o CPN bata no fundo, como aconteceu há seis anos», diz o nosso interlocutor, que disse ainda não comentar as críticas que lhe foram feitas por Rui Moutinho aquando da apresentação pública da lista encabeçada pelo agora novo presidente cepeenista. «Não me revejo nesse tipo de comportamentos», diz Sousa, que frisa ainda que optou por não se recandidatar a um novo mandato porque sempre disse que quando surgisse uma alternativa daria a vez a outros para dirigir o clube. Aproveitando ainda a oportunidade para agradecer a colaboração prestada pela Junta de Freguesia de Ermesinde e pela Câmara de Valongo ao longo destes seis anos em que esteve à frente dos destinos do clube, Paulo Sousa terminou dizendo que no final de contas o balanço da sua passagem pelo CPN é positivo, «saio com o espírito de missão cumprida, e extremamente orgulhoso pelo trabalho que foi feito pela minha equipa e por todos aqueles que nos ajudaram. Fizemos um excelente trabalho e não deixamos o CPN fechar», remata.

    Por: MB

     

     

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