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    Arquivo: Edição de 12-07-2014

    SECÇÃO: Património


    CURIOSIDADES DA NOSSA TERRA

    A Barranha e o Arregadas

    Foto ARQUIVO JACINTO SOARES
    Foto ARQUIVO JACINTO SOARES
    Penso que seria interessante dar a conhecer aos leitores de “A Voz de Ermesinde”, nomeadamente aos mais jovens, como era, aqui há uns anos atrás, a zona envolvente da Escola Secundária de Ermesinde

    Recuando cerca de quatro dezenas de anos, encontramos neste local, limitado na altura, pela rua Ribeiro Teles e Rua da Costa, grandes extensões de milheirais. Na parte mais alta, encostada a esta última via, predominava o terreno bravio de mato, com uma vegetação imponente de pinheiros, carvalhos, sobreiros e medronheiros.

    Como que a separar estas duas partes de paisagem e geologia diferentes, corria, na base, sentido norte/sul, uma pequena linha de água, afluente do Leça, conhecida por “rio Arregadas”. Como a zona de campos era conhecida por Arregadas, topónimo que se associa a irrigação, pois o milho é um cereal que precisa de muita água, esse afluente do Leça, herdou essa mesma designação.

    E aqui o precioso líquido não faltava, pois além de se encontrar a pouca profundidade, muito provinha das várias “presas” no referido regato, ou chegava através de minas e canais de pedra (caneiros) com origem em lugares tão distantes, como as antigas Presas de Sá, ou de Chãos, na zona atualmente designada por Formiga.

    O Arregadas tinha a sua nascente – uma espécie de mina larga donde jorrava um pequeno rego de água límpida – onde hoje está implantado o edifício da Junta da Freguesia, a poucos metros da frondosa “Quinta do Ramalhão”, onde nasceu a urbanização do mesmo nome. Esse local, onde as pessoas recolhiam água e os jovens se refrescavam, depois de uma barrigada de medronhos, chamava-se simplesmente “Fonte da Barranha”. Era este o topónimo que identificava a bouça e caracterizava, igualmente, o tanque onde, mais à frente, se lavava a roupa.

    A propósito, registe-se que “barranha” é definida como «uma espécie de barro que serve de adubo às terras», e que em Ermesinde os lavadouros, cuja água era aproveitada depois na rega, eram designados por “rios”. Era vulgar ouvir as donas de casa dizerem que iam lavar para o rio. Um denominativo que se explica porque estes reservatórios improvisados, apenas com uma ou duas pedras para a lavagem da roupa, se situavam no próprio leito da linha de água. Pelo menos no Arregadas, entre a nascente e a sua desembocadura, no Leça junto à linha-férrea do Douro, perto da nova ponte de acesso à Bela, havia quatro “rios”, com esta dupla funcionalidade.

    Na memória dos ermesindenses ficou também, sensivelmente entre o edifício da Junta e a Secundária, o quadro paisagístico proporcionado pelas frondosas árvores das suas margens com predomínio para os salgueiros, amieiros e sabugueiros que, além da sua beleza natural, eram o local preferido de muitos para a apanha de pintassilgos que, nesse tempo, por aqui nidificavam.

    Hoje, excetuando um pouco de bouça, a nascente da Escola Preparatória e de alguns sobreiros que sobreviveram e que ainda são visíveis nessa zona até ao Túnel da Costa, nada mais há que lembre esse passado. Quanto ao rio Arregadas, para que conste, foi nos anos oitenta, entubado, para que recebesse no seu interior as águas pluviais da Escola Secundária e da principal rua de acesso. Mais tarde, já nos anos noventa, foi a mesma linha de água totalmente varrida, as águas dispersas entubadas e misturadas com as pluviais, e o seu leito coberto com o betão da nova via dupla que segue para sul e liga à Vila Beatriz.

    Por: Jacinto Soares

     

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