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    Arquivo: Edição de 12-07-2014

    SECÇÃO: História


    Recordando a fundação da Companhia de Jesus em Portugal

    O PADRE SIMÃO RODRIGUES E A IGERJA DO 1º COLÉGIO JESUÍTA QUE ELE FUNDOU EM PORTUGAL, EM 1542 (ATUAL SÉ NOVA DE COIMBRA)
    O PADRE SIMÃO RODRIGUES E A IGERJA DO 1º COLÉGIO JESUÍTA QUE ELE FUNDOU EM PORTUGAL, EM 1542 (ATUAL SÉ NOVA DE COIMBRA)
    O primeiro Colégio da Companhia de Jesus em Portugal foi fundado pelo pelo Padre Simão Rodrigues, em Coimbra (atual Sé Nova), no dia 2 de julho de 1542, há 472 anos.

    Simão Rodrigues de Azevedo nasceu em Vouzela, distrito de Viseu, por volta do ano 1510. Teve origem numa família nobre, pois era filho de Gil Gonçalves de Azevedo Cabral e de D. Helena de Azevedo. Não admira, pois, que a sua primeira formação tivesse ocorrido na corte de D. João III.

    Daí, com apenas 17 anos de idade, foi para a Universidade de Paris, como bolseiro do rei, começando por se matricular no Colégio de Santa Bárbara, juntamente com seu irmão Sebastião, para frequentar o estudo de Humanidades ou Artes. E foi quando era aluno do Colégio de Santa Bárbara, que, alojado no mesmo espaço de outros amigos, com eles integrou o grupo que havia de fundar a Companhia de Jesus. Entre esses amigos, além de Simão Rodrigues contavam-se Inácio de Loyola, Francisco Xavier e Pedro Fabro, estes três últimos canonizados pela Igreja Católica, pela sua importante ação como jesuítas.

    Nesse tempo era Reitor da Universidade de Paris o célebre humanista português André de Gouveia. Simão Rodrigues matriculou-se na Faculdade de Artes em 1532 e licenciou-se em 1536, tendo-se dedicado, a partir de então, de forma mais intensa ao estudo da Filosofia e da Teologia.

    Deixa Paris dez anos depois de lá ter chegado (em 1537), dirigindo-se a Veneza, num grupo de 7, a que se juntaram mais 3 homens com ideias muito semelhantes e são precisamente estes 10 crentes que podem ser considerados o núcleo fundador da Companhia de Jesus. O objetivo era seguir para a Terra Santa. Mas o estado de guerra entre Veneza e os Turcos não permitiu a concretização da viagem.

    Foram então para Roma, em março de 1537, onde se colocaram às ordens do Papa, para que este os enviasse, como missionários para onde achasse que eram mais necessários. O Papa Paulo III, conhecendo a sua formação e ideais, achou interessante a sua disponibilidade, abençoou-os e deu-lhes dinheiro para fazerem a viagem para a Terra Santa, que acabaria por não acontecer. Entretanto, no dia 24 de junho de 1537, Simão Rodrigues, juntamente com os seus amigos acima referidos, foi ordenado sacerdote.

    Dois anos depois, em Roma, a 15 de abril de 1539, é fundada a Companhia de Jesus. No mesmo ano, mais concretamente a 23 de agosto, chega a Roma uma carta do rei português, D. João III, demonstrando muito interesse na fundação da Companhia de Jesus em Portugal.

    Terá sido esta atitude determinada do rei português que levou Inácio de Loyola a considerar D. João III o "pai da Companhia de Jesus", pois foi da capital do Império Português e debaixo das ordens reais que partiram os primeiros jesuítas missionários.

    Já Padre Jesuíta, Simão Rodrigues, chega a Lisboa no dia 17 de abril de 1540, encontrando-se com D. João III, seu mecenas, amigo e protetor dos Jesuítas. Pouco tempo depois chega, a mando de Inácio de Loyola, Francisco Xavier. Ambos eram idolatrados pelos crentes. A 3 de abril de 1541 Francisco Xavier seguirá para a Índia, na armada do novo vice-rei português, D. Martim Afonso de Sousa. Em 1542, Francisco Xavier desembarcou em Goa com mais dois jesuítas, tendo granjeado grande prestígio nas várias regiões da Índia onde missionou, seguindo depois para Malaca e para as Molucas, tendo chegado mesmo ao Japão. Viria a falecer em 1552, quando estava prestes a entrar na China continental.

    Simão Rodrigues fica em Portugal, torna-se o fundador da Província portuguesa (1546) e inicia um trabalho fundamental e decisivo para a implantação e consolidação da Companhia de Jesus no nosso país. Graças a alguns benfeitores, entre os quais merece especial destaque a família real, o crescimento da Companhia de Jesus em Portugal dá-se de uma maneira extremamente rápida.

    Em 1542 seria fundado o Colégio de Jesus em Coimbra, que tinha como principal objetivo a formação dos membros mais novos da Ordem. 

    Incompreensões e intrigas pressionam Inácio de Loyola a tirar o Padre Simão Rodrigues do cargo de provincial de Portugal, para o colocar, a partir do dia 1 de janeiro de 1552, como provincial da Companhia de Jesus nos reinos de Aragão, de Valência e da Catalunha. Em junho de 1553 inicia um exílio de 20 anos em Roma, vítima de más intenções e de injustiças. Voltaria a Portugal, 20 anos mais tarde, em 1573, a pedido do novo Geral da Companhia de Jesus, Everardo Mercuriano, para pacificar a Província portuguesa, que então voltou a prosperar. O fundador da Companhia de Jesus em Portugal viria a morrer no dia 15 de julho de 1579 – faz agora 435 anos –, na Casa de S. Roque, em Lisboa, onde viveu os seus últimos anos de vida.

    Os Jesuítas assentariam arraiais em Portugal mas tiveram uma existência bastante atribulada como se sabe. Foram elemento fulcral de afirmação no Portugal dos Descobrimentos, tiveram um enorme destaque na expansão religiosa e cultural portuguesa (na segunda metade do séc. XVIII, os Jesuítas possuíam 20 colégios, com cerca de 20 000 alunos, que envolviam cerca de 1 400 padres jesuítas), em todo o império, mas, por três vezes, foram perseguidos e expulsos do nosso país. A primeira vez foi em 3 de setembro de 1759, por ordem do Marquês de Pombal, a segunda ocorreu no período do Liberalismo e a terceira com a implantação da República, no dia 5 de outubro de 1910.

    A sua primeira expulsão de Portugal, no reinado de D. José I, teve repercussões na Europa, com vários reis a pressionarem o Papa para extinguir a Companhia de Jesus, o que viria a acontecer formalmente no dia 21 de julho de 1773, por ordem do Papa Clemente XIV. A Companhia de Jesus seria restaurada a 7 de agosto de 1814 – faz no próximo mês 200 anos –, por decisão de Pio VII.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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