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    Arquivo: Edição de 14-10-2013

    SECÇÃO: Destaque


    ELEIÇÕES AUTÁRQUICAS 2013

    Voto de protesto contra a política do Governo sacudiu Portugal de lés a lés – desta vez nem a Madeira escapou...

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    Confirmando o descontentamento gerneralizado dos cidadãos portugueses relativamente à política governamental, as eleições autárquicas de 2013 constituíram uma muito pesada derrota para o PSD – desceu de 37,72 para 31,36%, dos votos expressos, perdeu a maioria da presidência de Câmaras (agora 109, contra 138 nas eleições de 2009), e com isso perderá a presidência da Associação Nacional de Municípios.

    Ainda assim o PSD consegue a vitória em 7 das 18 capitais de distrito do Continente, e de Ponta Delgada nos Açores.

    Curiosamente o CDS aparentemente não sai muito beliscado destas eleições, subindo de 3,09 para 3,37% de votos expressos, conquistando 5 Câmaras, contra a única que antes detinha e fazendo a aposta ganhadora no Porto, com Rui Moreira, mesmo afrontando aí o PSD.

    Mas verificando os resultados com mais cuidado é de notar que esta subida de percentagem do CDS se deve, sobretudo, ao surgimento de muitas candidaturas do CDS sozinho ou à frente de coligações sem o PSD ou mesmo com o PSD subordinado, já que estas percentagens costumam apresentar o resultado das coligações como resultado da força política que surja na liderança dessas mesmas coligações (e que se reflete nos quadros ao lado).

    O resultado do Porto, a vitória no pequeno município de Velas nos Açores, a vitória em Santana, na Madeira, onde o eleitorado procurou sobretudo votar contra o PSD e Alberto João Jardim (mas em que o CDS no Funchal perdeu a aposta na candidatura própria), a manutenção de Ponte de Lima e as reconquistas de Albergaria a Velha e Vale de Cambra, acabam por dar uma imagem muito empolada do verdadeiro resultado do CDS, mas que pode indiciar desde já o divórcio nacional com o PSD como uma possibilidade real, a prazo, para os centristas.

    O triunfo do PS é inquestionável, sem dúvida, obtendo a maioria de votos, de Câmaras (147 contra 131 em 2009), e de mandatos, e invertendo a tendência de voto de 2009. Esta é ainda a mais folgada vitória autárquica já ocorrida em Portugal.

    Mas o PS não é um vencedor imaculado. No Continente ganhou apenas 5 das 18 capitais de distrito (embora emblematicamente a grande vitória em Lisboa valha muito - mas é uma vitória de António Costa ou da política da atual Direção socialista?), e nas Ilhas só ganhou a do Funchal, e em coligação. Perdeu para o PSD Braga e Guarda e para a CDU Beja e Évora, embora tenha conquistado Coimbra ao PSD, além da já referida vitória no Funchal. E a percentagem de votos expressos baixou mesmo, relativamente às autárquicas anteriores, de 38,70 para 36,72%, com uma queda de votação superior a 250 mil votos! Nota-se bem que este triunfo se deve sobretudo às políticas globais dos adversários, nestas autárquicas refletindo o voto não apenas a recusa da austeridade, mas também a recusa da reorganização administrativa.

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    Relativamente mais expressivos, no sentido positivo, são os resultados da CDU, de 9,75 para 11,07 dos votos expressos, um aumento da votação absoluta e um aumento do número de Câmaras com presidência sua e domínio de grandes regiões no Alentejo e Margem Sul, esta permitindo-lhe um confortável domínio da Área Metropolitana de Lisboa, ao passo que no Porto, a divisão de Câmaras (maioria relativa do PSD, com 8, contra 6 do PS, 1 do CDS e 2 independentes) não lhe permitiu governar a Área Metropolitana. Ao todo a CDU conseguiu a presidência de 4 capitais de distrito.

    Dos partidos do arco parlamentar o Bloco de Esquerda (BE), partido sem implantação autárquica, é o que se sai relativamente pior, pois à partida, esta seria uma eleição favorável, com penalização da direita, e alguma radicalização do voto. Mas o Bloco, ao contrário, perde a única Câmara em que detinha a presidência, Salvaterra de Magos, para o PS, não porque os votos deste tenham aumentado, mas porque os seus diminuíram drasticamente. O BE não só perdeu em votação, mas também em percentagem, não conseguindo atrair muitos dos seus eleitores potenciais, que preferiram votar branco e nulo ou abster-se.

    A recusa da política partidária incentiva o surgimento em força de candidaturas independentes – fossem elas de dissidentes partidários ou de outra ordem, e acabaria por traduzir-se em inúmeras vitórias– com a conquista da presidência em 17 Câmaras e a conquista de 2 capitais de distrito (Porto e Portalegre).

    Além da grande subida do voto independente, a grande tendência destas eleições autárquicas foi a subida da abstenção e do voto nulo e branco: a abstenção cresceu de 41,00 para 47,40 % – de longe mais do que qualquer partido (o PS só alcançou o voto de 19,31% dos eleitores) –, os votos brancos subiram de 1,72 para 3,87% e os votos nulos de 1,25 para 2,95%). Uns e outros somam mais que CDS e BE juntos!

    Por: LC

     

     

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