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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 12-07-2013

    SECÇÃO: Crónicas


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    Uma menina chamada Inês

    Ao ver, numa rede social (uma das que uso como fonte de aprendizagem) a foto de uma jovem com quem a vida me tinha cruzado há tempos atrás, fiquei admirada – ela tinha um expressivo olhar de felicidade e com um troféu na mão, dava a impressão de estar a dizer-me: «Olha o que fiz com o meu querer!». Fiquei admirada porque esta jovem, uma das “guerreira do basquetebol” de uma das minhas crónicas “Perdas e Ganhos” tinha sofrido uma lesão grave: uma rutura de ligamentos cruzados a nível de joelho. Estava impedida de jogar ,daí que não era suposto ter aquela taça na mão. Precisei de fazer perguntas e soube que o troféu que ela ostentava, com orgulho, significava que o clube que ela representa – CPN, Clube de Propaganda de Natação, tinha conquistado o Torneio Nacional de Sub 14 Feminino. A Inês Alves não jogava mas esteve lá, ao lado do seu clube, ao lado da sua equipa que a elegeu como sua representante e também ela legítima merecedora deste troféu que recebeu em nome de todos. Aprendi que as CEPAS têm um lema: Veni, Vidi, Vici – Chegamos, vimos e vencemos.

    Foto Arquivo GL
    Foto Arquivo GL
    Certo é que, ao abrigo deste lema, estas jovens, “todas juntas”, colocaram o CPN como líder absoluto no ranking da Associação de Basquete do Porto 2013/2014, em femininos. Diz-se que “santos da terra não fazem milagres” mas certo é que, sendo este clube quase “vizinho de porta” do nosso gabinete de trabalho é impossível ficar indiferente a este acontecimento. Em qualquer tipo de modalidade desportiva (que merece todo o meu respeito) e não só, normalmente, quando existe uma conquista no colecivo existe sempre por trás disso uma organização e um líder - a pessoa que tem o talento de conjugar todas as sinergias de tal forma que “põe todos a remar para o mesmo lado”, utilizando os talentos diferentes, as diferentes formas de ser e as diferentes formas de estar. Foi preciosa a consulta dos arquivos deste pequeno arauto, que lentamente se foi tornando no meu companheiro e isto porque ao consultar a edição de 30/04/2013, de “A Voz de Ermesinde” percebi que um nome de quem tem que se falar é: Agostinho Pinto.

    Li e reproduzo a referida notícia «Incontornável figura da história do Clube de Propaganda da Natação (CPN) Agostinho Pinto foi neste final de abril nomeado pelo sítio "Planeta Basket" como um dos 100 melhores treinadores de basquetebol da história, no que ao plano nacional diz respeito. Segundo o "Planeta Basket" - conceituado jornal on line dedicado à modalidade - esta iniciativa - de nomear os melhores treinadores - visa mencionar os técnicos que ao longo dos últimos 100 anos contribuíram para o desenvolvimento do basket em solo lusitano». Cá está um treinador, que representa um “mister”, um líder, um coach (tudo designações que substituem a do “chefe”), transformando esta figura num orientador de pessoas (muitas vezes coadjuvados por adjuntos de gabarito), que trabalha para os resultados e gere com sabedoria as questões técnicas, a gestão de conflitos, a gestão do stress, a gestão da motivação e até da desmotivação. Fá-lo de tal forma que os resultados falarão por si mesmos: quer seja no desporto, quer seja nas empresas, quer seja em até num contexto de família.

    A tendência do ser humano é “esmiuçar” para desvalorizar, mas eu gosto de me orientar para a crença e convicção. Gosto de pertencer ao grupo dos que ainda acreditam que há santos da porta que fazem milagres e que as freguesias, as cidades e os países valorizem o que têm de melhor “entre portas”. Um idoso que conheço respondeu a uma pessoa que intrigava contra um dos seus familiares: «Para dizer mal dos nossos, estamos cá nós!». É isso, se não gostamos, se sabemos que fazemos melhor, descruzamos os braços, arregaçamos as mangas e participamos, propomos e ajudamos a melhorar. Eu fiquei contente por não me ter enganado quando naquele apontamento escrevi um sentimento muito meu - «tal como os homens, também as mulheres são “rijas” e inteligentes, tenazes e resistentes ao calor e ao frio, à dor e à alegria e se calhar até muitas vezes aguentarão o sofrimento a dobrar pelo simples facto de terem uma sensibilidade muito própria das mulheres, ainda hoje hostilizadas por muitos e negligenciando a sua força por outros tanto que desafiam as suas capacidades de lutadoras, assistindo-se ainda a muita desigualdade e um desnível acentuado de direitos e garantias».

    Passados uns meses, repetia da mesma forma a conclusão para o tal apontamento – «se pensarmos com o coração, fazendo-lhe uma raiz quadrada com a razão, podemos concluir que há perdas que se podem transformar em ganhos, fraquezas em forças e derrotas em conquistas – assim é com a vida, assim é com as pessoas» mas, repetia também a reflexão final de “As molinhas da Matilde”: « Dividir molinhas, dividir um pão a meias no recreio, convidar amigos para partilhar brincadeiras, ir junto do colega que cai, ajudando-o a levantar-se e perguntando-lhe se está bem, preocupar-se em secar lágrimas de colegas como vi fazer através daquela rede, são sementinhas de uma amizade que espero te acompanhem ao longo da vida, pequena Matilde!». E ao lembrar isto é somente porque todos sabemos que tudo começa de pequenino, daí que a taça que se vê na mão da Inês é um bocadinho de cada um dos pais daquelas jovens que se podem orgulhar ainda de não terem deixado para trás “uma das suas”, acrescentando a este gesto um outro de igual nobreza: terem-na escolhido como o rosto do seu próprio reconhecimento – o verdadeiro espírito de uma equipa, uma aprendizagem que também é em casa que começa.

    Por: Glória Leitão

     

     

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