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    Arquivo: Edição de 27-05-2013

    SECÇÃO: Destaque


    Eliseu Pinto Lopes é (de novo) o cabeça de lista do Bloco de Esquerda à Câmara Municipal de Valongo

    Eliseu Pinto Lopes volta a ser a aposta do Bloco de Esquerda (BE) para encabeçar a lista de candidatura à Câmara Municipal de Valongo (CMV) para as próximas eleições autárquicas. O jovem advogado, e atualmente o representante do BE na Assembleia Municipal de Valongo (AMV), entra assim na corrida eleitoral – à autarquia – pela segunda vez consecutiva, tendo há quatro anos falhado a “entrada” no executivo camarário, uma meta que o candidato bloquista espera agora alcançar nas eleições de outubro próximo. Um objetivo que foi desvendado na noite de 25 de maio último, na Vila Beatriz (em Ermesinde), local onde publicamente o BE apresentou os seus cabeças de lista à CMV e à AMV, diante de numerosa assistência composta por simpatizantes e militantes bloquistas, com particular destaque para a coordenadora nacional do partido Catarina Martins.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    Agradecendo a presença de familiares, amigos, militantes do partido, e evocando a memória do recém-falecido bloquista local Eduardo Valdrez, Eliseu Pinto Lopes, no seu discurso de apresentação, não só traçou as diretrizes da sua candidatura como também lançou duras críticas à gestão autárquica conduzida pela coligação PSD/CDS-PP ao longo dos últimos 20 anos, a qual, na sua voz, é a responsável por colocar a CMV na falência, com um passivo superior a 70 milhões de euros. De uma forma um pouco mais generalizada, o candidato começou por elogiar o trabalho que vem sendo desenvolvido pelos autarcas do BE no Distrito do Porto, uma área onde se vivem atualmente dias de catástrofe social, com um desemprego muito acima da média nacional, com cerca de 30 por cento dos beneficiários do rendimento social de inserção do país e onde se regista um terço das falências de pessoas singulares a nível nacional. Apontou ainda o dedo acusador ao Governo da coligação PSD/CDS-PP, deste estar ao serviço da troika, e de ter vindo a ensaiar o maior ataque à democracia local de que há memória desde o 25 de Abril. Com este cenário sublinha que o desafio colocado aos autarcas do seu partido não poderia ser maior, já que a batalha pela democracia entra numa fase crucial. Ainda de dedo em riste não poupa críticas à coligação entre sociais-democratas e populares que gere os destinos da autarquia valonguense há 20 anos, acusando-os de gestão irresponsável e que como consequência levou o município à falência, com um passivo superior a 70 milhões de euros. Rotula o mandato que está prestes a terminar como o «mandato da hecatombe de todos os demandos, abusos e megalomanias da coligação à frente da autarquia», acusando ainda o anterior presidente da CMV Fernando Melo de não cumprir com o mandato para o qual foi (re)eleito há quatro anos atrás, sendo que «a meio do caminho vieram ao de cima as dívidas criadas por 18 anos de políticas irresponsáveis, e como já não havia mais dinheiro para esbanjar e só ficaram dívidas para pagar Fernando Melo decidiu que estava cansado e que já não gostava de ser presidente da Câmara».

    Para Eliseu Pinto Lopes o anterior presidente saiu pela porta pequena, mostrando que o PSD local «já não tem mais capacidade, energia ou ambição para projetar outro rumo para o concelho». E pegando neste aspeto fez a ponte para a atual liderança da Câmara, referindo-se ao atual presidente, João Paulo Baltazar, como o delfim de Melo que «de forma mais ao menos envergonhada procura distanciar-se do buraco financeiro e da recessão em que mergulharam o município, apercebendo-nos bem da mudança do (seu) discurso e da tentativa de suavizar a gravidade da situação das contas municipais. Agora temos uma nova liderança! Agora vamos ser todos muito contidos na despesa e realistas na receita! Mas as coisas não funcionam assim, porque esta é a nova liderança da liderança velha», acusa o candidato bloquista.

    Também a esquerda – com o PS a ser o visado – não escapa ao dedo acusar do jovem advogado, que refere que no concelho parte da esquerda não esteve à altura duma oposição combativa e coerente. Ao contrário dessa esquerda que agora apregoa nos outdoors ser necessário “Acreditar nas Pessoas”, nunca votamos favoravelmente qualquer das propostas de orçamento municipal, assim como fomos firmes no voto contra o PAEL».

    É pois contra a pesada e obscura herança – na sua voz – deixada pela direita que o BE traçará a primeira linha de força do seu programa de candidatura.

    DEFENDER E APROFUNDAR

    A DEMOCRACIA LOCAL

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    Candidatura do BE que toca a defesa e o aprofundamento da democracia local. E nesta linha de pensamento os bloquistas recordam que sempre exigiram – e continuam a exigir – a implantação de orçamentos participativos, no sentido de que também os cidadãos tenham uma palavra a dizer na aplicação dos recursos financeiros e nos investimentos a realizar no concelho. Neste âmbito Eliseu Pinto Lopes recordou que no âmbito da revisão do Plano Diretor Municipal (PDM) o BE viu a AMV aprovar por unanimidade uma proposta sua que visava incentivar o executivo a criar condições de participação pública na elaboração desse mesmo PDM através de reuniões abertas a todos os interessados. «Decorridos sete meses, o que foi feito? Nada!», atirou o candidato do BE.

    A recente Lei da Reorganização da Administração Territorial Autárquica, que em Valongo levou – ou irá levar – à extinção de uma freguesia, é para o bloquista outro exemplo claro do desprezo que a liderança camarária, e o Governo de uma forma geral, têm pela democracia e pela participação dos cidadãos na vida local, acrescentando que o seu partido sempre defendeu a existência de um referendo local – aliás, o BE chegou mesmo a propor esse mesmo referendo na AMV – para consultar a população sobre a reorganização administrativo do concelho. E neste seguimento dá outra alfinetada em João Paulo Baltazar, ao recordar que «a desvalorização da opinião dos munícipes é tal, que o presidente da CMV e candidato do PSD assumiu em entrevista recente a um jornal diário que se deveria ir ainda mais longe na reorganização administrativa extinguindo também parte dos municípios. Os valonguenses ficaram assim a saber que para o candidato do PSD não basta a extinção de uma freguesia do concelho, estando até disponível para extinguir o próprio município, provavelmente, fundindo-o com algum dos municípios vizinhos».

    RESPOSTA À EMERGÊNCIA SOCIAL

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    Numa segunda linha de força do seu programa de candidatura o BE aponta baterias para conseguir acudir à emergência social. Nesta campo Eliseu Pinto Lopes relembra que as políticas de austeridade impostas pela troika e que o Governo tem colocado em prática têm fustigado o País e muito em especial a Região Norte. Relembra que no concelho de Valongo foram atingidos níveis de desemprego nunca dantes vistos – no mês de março foram registados 9 564 desempregados – sendo que muitos deles não têm acesso ao subsídio de desemprego. Relembra que são cada vez mais as situações de carência económica e de exclusão social, sendo que cabe às autarquias desenvolver e aplicar políticas articuladas nos planos económico e social que promovam o desenvolvimento solidário e uma cultura de cidadania inclusiva que respeite os direitos e a dignidade de todos. «A resposta à emergência social é mais que uma questão autárquica, uma verdadeira prioridade nacional que implica um esforço de mobilização do País. E por isso o BE apresenta a nível nacional a proposta de um Programa de Emergência Social assente em medidas que, mais que uma perspetiva de dependência assistencialista, visam dar verdadeira autonomia e dignidade às pessoas em situação de carência, como os reformados, os desempregados, os estudantes que vivem em situações de pobreza e exclusão social», sublinhou.

    A terminar referiu que está na altura de os cidadãos do concelho de Valongo «cortarem com o passado e mudarem a forma de fazer política. É preciso colocar as pessoas em primeiro lugar, e ao lado delas lutar pelas suas aspirações. É isso que o BE tem feito», e para dar mais força à voz da cidadania os bloquistas dizem chegar agora a hora de o seu partido estar representado por um vereador na CMV e reforçar a sua representação na AMV. Último órgão este cujo cabeça de lista é Nuno Monteiro, também ele apresentado nesta sessão que teve lugar na sala da lareira da Vila Beatriz.

    CATARINA MARTINS APELOU À MOBILIZAÇÃO DAS PESSOAS

    Discurso aguardado era o da coordenadora nacional do BE, Catarina Martins, também presente nesta apresentação. A dirigente bloquista recordou então a dura realidade em que o país se encontra mergulhado, uma realidade em que encontramos famílias inteiras no desemprego, cujos filhos têm de sair das creches, dos infantários, por falta de recursos financeiros dos seus progenitores, uma realidade onde há cada vez mais pessoas que têm de recorrer a instituições de solidariedade social para comer uma refeição, uma realidade onde há pessoas que vivem sem luz, sem água, por falta de recursos económicos. Um país de contrastes, segundo a coordenadora do BE, onde por um lado o Estado faz cortes profundos no setor social mas por outro recapitaliza instituições bancárias – deu o exemplo recente do BANIF – com dinheiro proveniente de todos os contribuintes. Para travar esta dura realidade Catarina Martins apelou à mobilização de todos os cidadãos, «é preciso juntar forças contra estes roubos que têm ocorrido». E nesse sentido recordaria que ao longo da história nenhum Governo se manteve em funções sem ter a seu lado o apoio do povo, «podemos não saber até quando este Governo se irá manter, mas o que sabemos é todos os governos caíram assim que deixaram de ter apoio da população. É por isso altura de todos nos mobilizarmos e dizermos basta», rematou a coordenadora bloquista.

    Por: Miguel Barros

     

     

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