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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 15-12-2012

    SECÇÃO: Crónicas


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    Solidariedade

    Um dos temas atuais pertinentes e cada vez mais imprescindíveis prende-se com a solidariedade e tal como a propósito oportunamente já tive oportunidade de escrever para mim, ser-se solidário está muito para além do conceito do senso comum que todos nós temos. Está muito para lá do valor do dinheiro que não compra tudo e não paga tudo, porque falamos de respeito, de atitude, de dignidade. É com orgulho que costumamos dizer que os Portugueses sabem ser solidários, mas face aos desastres naturais que têm destruído algumas zonas residenciais no nosso país, mas também por esse mundo fora, teremos que ser justos em assumir que isso é próprio do ser humano, aquele que se considera como tal e que no momento de precisão está lá, a dar a mão numa causa que adota como sua porque infelizmente todos percebem que há coisas que não são programáveis na sua exatidão, previsão ou antecipação na devastação com que nos têm surpreendido.

    É lógico ao Natal a palavra “solidariedade” está implicitamente associada – a partilha e o tal ouro, incenso e mirra que se transforma em arroz, massas, bacalhau, salsichas e outros bens não perecíveis que colocamos em cestos à saída de um supermercado, nas escolas que fomentam a partilha entre os alunos, nas instituições de solidariedade social, etc, etc..

    Foto GL
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    Solidariedade pode ainda ter o rosto, por exemplo, do grupo de jogadores que se organizaram e criaram o PSN-Paintball Solidário Nacional, que tem organizado jogos a nível nacional com uma vertente solidária. Este ano a causa era ajudar o Gonçalo, numa campanha a que deram o nome “Nós, por ele”. Amiga desta causa, fiquei contente por saber que o limite de inscrições nos jogos já realizados tem superado as expetativas. Solidariedade pode ainda ter o rosto do esforço dos nossos colegas do Centro Social de Ermesinde que organizaram, de novo, a festa de S. Martinho para angariação de fundos para as suas causas sociais, entre tantos outros motivos de ajuda e partilha que se espalham pelo nosso país fora. O “Jornal de Notícias” de 5 de dezembro trazia na sua 1ª página um número que nos deve deixar orgulhosos – em Portugal estão contabilizados 1,8 milhões de voluntários na ajuda ao próximo. Neste número certamente que estarão incluídos os 40 000 voluntários que colaboraram na campanha de recolha de alimentos do Banco Alimentar Contra a Fome, que este ano voltou a bater o recorde nos donativos, e fiquei contente porque, desta forma, esta contribuição poderá chegar à mesa das pessoas que imaginamos ou de outras que sabemos teriam mais vergonha em receber este apoio das nossas mãos – família, amigos ou conhecidos que não nos querem preocupar ou ainda dececionar porque pensam que a amizade começaria a “descontar”, na mesma proporção do azar que lhes terá batido à porta. Tirar ilações na forma como são geridas estas partilhas neste tipo de associações e/ou instituições é sermos “mais papistas que o papa” porque, no meu entender, ninguém obriga e compensa estes voluntários que se prontificam a apoiar estas causas solidárias, dispondo do seu tempo, das suas vidas e acima de tudo de terem a coragem por dar a cara a algumas pessoas deficitárias de educação que lhes dirigem palavras menos próprias e até de algum agravo moral. Felizmente que nestes grupos começamos a encontrar cada vez mais jovens que estão a abraçar esta causa e isso fará deles uns adultos mais conscientes dos seus deveres sociais, da sua consciência solidária e da prevenção e alerta para a construção do seu próprio futuro lutando para que nunca tenham que passar para o “outro lado”.

    Se me refiro ao Banco Alimentar, ou até aos supermercados amigos que telefonam a disponibilizar bens alimentares para o nosso refeitório comunitário e social, em que partilhamos a nossa refeição com as pessoas e famílias que necessitam de recorrer a este Centro Social, é porque temos consciência da dificuldade que constatamos ao ver gerir na minúcia tudo o que se recebe e que para além de se colocar nas mesas da refeição, se distribui e partilha quanto é possível em pequenos sacos – pelas pessoas que, pelo menos naquele momento, desconhecem o seu amanhã. Fiquei surpresa quando há pouco tempo me disseram que esta partilha, na sua origem, tinha como nome “Sopa dos Pobres”, também o nome original deste jornal, que nasce de uma associação que agrupou gentes de Ermesinde que contribuíam para a confeção e distribuição desta sopa. Numa atualidade que nos assusta e preocupa estaremos de forma galopante a voltar a este tempo – e por isso se apela para a solidariedade, reforçada com o apoio que nos seja possível prestar a instituições de cariz social que estão a ajudar os menos afortunados por motivos que penso não serem da competência e do direito de ninguém julgar. E onde, se calhar, bastará uma simples pergunta: como posso ajudar?

    Porque a palavra crise está a ensombrar-nos a alegria, porque ninguém está a gostar de voltar ao tempo em que não nos davam brinquedos em pequenos porque Natal significava acima de tudo uma refeição mais abastada, em família, iluminados por um pinheirinho e um presépio humilde. Temos uma alternativa económica em adquirir algo de útil e cujo valor da venda reverta a favor destas causas, comprando em lojas sociais. Surpreendi-me, quando visitei a de Ermesinde, porque me dava a ideia que entrava num pronto a vestir onde somos acolhidos com a mesma simpatia e educação e mesmo que vamos na procura de peças que são comercializadas a custos de 1,5€, perguntam-nos solícitos: Posso ajudar? E ajudam! Comprei bem e ainda fiquei feliz porque via chegar pessoas que entregavam como donativo excedentários que não utilizavam para serem catalogados e vendidos. Para lembranças económicas e também com a vertente da partilha, soube que agora também posso visitar o Bazar de Natal do Centro Social de Ermesinde, que foi instalado numa das casinhas do largo da “Feira Velha” e, de novo, lá está – o altruísmo de gente que gosta de abraçar causas que, neste caso, também têm rosto e sabem bem a quem se dirige o que puderem angariar como fundos.

    No limite em que estamos tantos, e se pertencermos ao grupo das pessoas que precisam de dizer «este ano não há prendas, não há dinheiro para dar nada a ninguém», eu lembro uma coisa simples, que não custa dinheiro e todos podemos fazer: dar sangue, porque ainda significa Vida para os outros e nunca saberemos se um dia não poderemos ser nós, ou alguém que nos seja querido a precisar. Ao fazê-lo, além de sermos acolhidos como se de um amigo se tratasse, de estarem atentos ao nosso bem-estar, de gostarem que aceitemos o que nos oferecem para comer, tal permite que após mais que uma dádiva se fique isento de taxas moderadoras, e no fim, ainda nos agradecem. Hoje dei sangue, no outro dia pude contribuir para o Banco Alimentar contra a Fome, em novembro integrei a equipa da Associação Ermesinde Cidade Aberta que foi apoiar as colegas do Centro Social de Ermesinde e quando de todas as entidades que referi recebi um obrigado, precisei de responder: «Obrigado!, digo-vos eu, por todo o vosso trabalho e acima de tudo por tudo aquilo que representam e também por me deixarem fazer parte. Bem hajam e, ao bazar do CSE já estamos a agendar uma visita.

    Por: Glória Leitão

     

     

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