Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 29-02-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 15-12-2012

    SECÇÃO: História


    foto

    Recordando Sidónio Pais

    Há 95 anos (5-12-1917), em plena Primeira República, Sidónio Bernardino Cardoso da Silva Pais (nascido em Caminha, no 1.º de maio de 1872), protagonizou um Golpe de Estado, que ficaria conhecido como “Revolução Sidonista”. O Presidente da República (Bernardino Machado) foi intimado a sair do país, enquanto Afonso Costa, ausente no estrangeiro, foi preso ao regressar a Portugal. Sidónio controlava totalmente o poder.

    foto
    O jovem Sidónio fez os seus estudos liceais na sede do seu distrito, Viana do Castelo, donde seguiria para Coimbra, onde concluiu os cursos de Matemática e de Filosofia.

    Entraria, em 1888, na Escola do Exército, iniciando a carreira militar. Em 1892 é Alferes e, em 1916, Major.

    Paralelamente ia progredindo na sua carreira académica na Universidade de Coimbra, onde se doutorou no ano de 1898 e onde chegou a lecionar, como professor catedrático, tendo sido nomeado Vice-Reitor daquela Universidade a 23 de outubro de 1910, quando era Reitor o Doutor Manuel de Arriaga.

    No período em que esteve em Coimbra, fez parte da Maçonaria, tendo integrado a Loja "Estrela de Alva" da cidade do Mondego.

    Fez parte de vários governos republicanos: foi Ministro do Fomento, no Ministério de João Chagas (entre setembro e novembro de 1911), e, a seguir, ocupou a Pasta das Finanças, no Governo de Augusto de Vasconcelos (de novembro de 1911 a junho de 1912). A 17 de agosto de 1912 iniciou a carreira de diplomata, como Ministro Plenipotenciário em Berlim, onde se manteve até à declaração de guerra que a Alemanha fez a Portugal, em 9 de março de 1916 (1ª Guerra Mundial).

    Uma vez em Portugal e descontente com a situação política, o Major Sidónio Pais resolve interferir no rumo republicano. Para o efeito contou com o apoio de algumas unidades militares de Lisboa e com os Cadetes da Escola de Guerra, dando início à chamada "República Nova", bastante mais centralizadora (os governadores civis foram logo substituídos, bem como as câmaras municipais e nomeadas para os seus lugares Comissões Administrativas) e autoritária. Alterou-se a Lei da Separação das Igrejas do Estado (tentando-se uma pacificação com os setores católicos e com a Santa Sé) e o sufrágio foi alargado pelo Decreto de 11 de março de 1918 (incluindo os iletrados do sexo masculino com mais de 21 anos), se bem que os partidos da "República Velha" se tenham negado a concorrer às eleições sidonistas. O Sidonismo também tornou a eleição presidencial direta. Aliás, o próprio Sidónio Pais, seria eleito Presidente da República por este processo, nas únicas eleições presidenciais diretas que ocorreram em toda a Primeira República, entre 1910 e 1926.

    Após a queda do Sidónio, a Lei de 1 de março de 1919, repôs as restrições eleitorais anteriormente existentes. Esta Lei foi pressionada pela generalizada contestação das organizações políticas da “República Velha”, que não aceitavam o sufrágio universal decretado pela “República Nova” de Sidónio Pais.

    No que respeita à Guerra, após a “revolução” de Sidónio Pais, a situação dos combatentes portugueses piorou, porque se deteriorou a qualidade de vida da generalidade dos portugueses, e a prevista substituição das tropas em combate não se fez. A derrota na Batalha de La Lys, em 9 de abril de 1918, explica-se também pelas dificuldades que o exército português atravessava.

    Efetivamente, o exército português desmoralizado e inferior em número foi esmagado. Entre as várias razões que explicam essa estrondosa e dramática derrota são, normalmente, apontadas as seguintes: o facto das tropas inglesas terem recuado nas suas posições, deixando mais vulneráveis os flancos do CEP (Corpo Expedicionário Português); o golpe militar Sidonista de 5 de dezembro de 1917, que quase abandonou os combatentes portugueses à sua sorte, aliás, Sidónio Pais chamou a Portugal muitos oficiais com experiência de guerra que não regressaram ao seu posto de comando e lá fizeram falta; o armamento alemão era muito melhor em qualidade e quantidade que o português e o inglês; e o ataque alemão foi desferido no dia em que as tropas portuguesas tinham recebido ordens para irem para posições à retaguarda.

    A 14 de dezembro de 1918, quando o Presidente Sidónio Pais procurava apanhar o comboio para o Porto, é morto a tiro, por José Júlio da Costa, na estação do Rossio em Lisboa. Os motivos prendem-se com lutas de carácter laboral, lideradas por aquele antigo sargento do exército português, que se sentiu injustiçado por parte das autoridades sidonistas. Chegava assim, de forma bastante trágica, ao fim o “reinado” de Sidónio Pais, figura que granjeou algum carisma, entre várias fações republicanas mais conservadoras. O seu corpo está no Panteão Nacional de Santa Engrácia (Lisboa).

    Por: Manuel Augusto Dias

     

    Outras Notícias

    · O sidonismo em Ermesinde

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].