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    Arquivo: Edição de 22-05-2012

    SECÇÃO: Música


    “Sheherazade e as Mil e Uma Noites” – concerto no Coliseu do Porto

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    Concerto no Coliseu do Porto subordinado ao tema do exotismo e da magia das noites estreladas, com o título “Sheherazade e as Mil e Uma Noites”, numa clara alusão à coleção de histórias e contos populares originários do Médio Oriente e do sul da Ásia escritas em árabe entre os séculos XIV e XVI.

    A Orquestra do Norte apresentou o seguinte programa:

    1ª Parte:

    Maurice Ravel - “Pavana para uma Infanta Defunta”;

    Maurice Ravel - “Sheherazade” (conjunto de 3 peças para soprano e orquestra): “Asia”, “A Flauta Mágica”, “O Indiferente”.

    2ª Parte:

    Nikolai Rimsky-Korsakov - “Scheherazade, Opus 35”

    I. O Mar e o Navio de Sinbad;

    II. A história do Príncipe Kalender;

    III. O jovem príncipe e a princesa;

    IV. Festa em Bagdad - Naufrágio do Barco nas Rochas.

    Início da Pavana um pouco frio e pouco esclarecido por parte dos sopros, com pouco diálogo entre os diversos naipes de cordas e entradas fora de tempo por parte da harpista. O maestro adotou um tempo mais avançado para o que é prática da maior parte das orquestras, o que se destaca, mas não mostrando de forma aberta a volatilidade do contexto e carácter da obra – a dança de uma jovem princesa na corte espanhola - que precisaria de maior leveza, à vontade com mudanças de tempo e menos preocupação com o rigor metronómico. Um final frouxo, sem paixão até á última reverberação de som.

    A segunda peça do compositor francês (1875-1937) foi uma revelação. Tanto por parte da orquestra como por parte da soprano Cláudia Pereira Pinto. Esta cantora portuense teve um desempenho encantador, com a voz sempre muito bem colocada, com uma conexão muito bem conseguida com a orquestra, demonstrando versatilidade tímbrica, explorando os silêncios e as pérolas impressionistas; tendo embora, do nosso ponto de vista, uma presença em palco algo parada, conseguiu captar a atenção do público nos poemas que Ravel musicou, integrantes de um livro de influência oriental do escritor e pintor Tristan Klingsor. A orquestra quase nunca foi tímida e sim quase sempre generosa, numa peça raras vezes ouvida por cá.

    Para a segunda parte, tivemos a interpretação de uma das peças charneira para o repertório de orquestra de Rimsky-Korsakov (1844-1908); foi o mais bem sucedido do Grupo dos Cinco: Alexander Borodin, César Cui, Modest Mussorgsky e Mily Balakirev, grupo este que liderou a música russa sobre a alemã, que até então era a moda absoluta.

    As obras deste compositor russo distinguem-se pela sua orquestração colorida e imaginativa e talvez “Scheherazade” seja o melhor exemplo disso. A orquestra teve momentos em que soube tirar partido da qualidade e dinâmica entre os diversos instrumentos, sendo que muitas das vezes fora de tempo, principalmente no que respeita aos elementos da percussão, que muitas vezes mostravam estar às aranhas, tal como os elementos do sopros de metais, que não conseguiam entrar uma única vez juntos entre si. Com um maestro que sabe praticamente de cor as entradas de todos os instrumentistas, o que dá, teoricamente, maior segurança, fica a sensação de falta de rigor na análise do que é mais importante a mostrar em cada parte, havendo sobreposição de instrumentos e falta de união lógica entre as passagens harmónicas.

    O mais surpreendente da noite aconteceu depois: aquilo que poderíamos denominar de atividade imprevista de grupo, uma "Flash Mob" do Ensemble Vocal Pro Musica por ocasião do 20º aniversário da Orquestra do Norte, através de um excerto do “Gloria” da Missa em Dó Maior de Ludwig Van Beethoven. De uma forma impecavelmente ensaiada, os diversos naipes de cantores iam imergindo dos seus lugares de cada lado das tribunas e das frisas com uma força impositiva que só pedia para cantar com eles. Com uma orquestra esfuziante, fez-se uma excelente surpresa a todos os que escolheram passar uma noite de boa música numa das salas mais históricas da cidade Invicta. Muitos parabéns à iniciativa e ao Ensemble que, por sua vez, já comemorou o seu 20º Aniversário em 2011, sendo o seu diretor artístico o maestro José Manuel Pinheiro.

    Por: Filipe Cerqueira

     

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