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    Arquivo: Edição de 15-11-2011

    SECÇÃO: Editorial


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    Gato por lebre...

    Sempre gostei de feiras, de ver e admirar as montras das lojas, dos grandes armazéns, dos centros comerciais, como a maioria dos mortais, o que não implica que tenha consciência da influência que as novas formas de vender exercem sobre as pessoas.

    Direi mesmo que sou muito influenciada pela qualidade da apresentação dos produtos, pelo seu acondicionamento, valor estético e informativo que muitas das embalagens contêm.

    A venda de produtos sempre andou associada a festa, foi e é assim nas feiras tradicionais, tantas vezes associadas a festejos em honra de santos. Nas feiras francas, nos grandes armazéns, nas grandes exposições mundiais, nos centros comerciais, tantas vezes referenciados como catedrais do consumo. As compras sempre associadas a um conceito de felicidade e de prazer.

    Quanto à honestidade com que este produtos são comercializados, sempre houve de tudo, no entanto nunca como hoje a publicidade foi tão agressiva, diria mesmo abusadora da nossa privacidade e utilizando estratégias de vendas desonestas.

    A utilização constante dos telefones com ofertas de prémios, de redução de preços, de exames e rastreios grátis são um abuso.

    Foto ARQUIVI/AVE
    Foto ARQUIVI/AVE
    Também na nossa terra apareceu uma empresa a vender colchões que telefona para a nossa casa dizendo que está a realizar um estudo no concelho de Valongo. Neste caso, convidava as pessoas para se dirigirem aos bombeiros, onde estariam a fazer um rastreio cardiovascular e a realizar um pequeno inquérito.

    O contacto telefónico era perfeito, incluía um pequeno inquérito repetido no dia seguinte para se certificar se os contactados tinham tido qualquer problema cardiovascular, parecia uma coisa séria!

    Chegados ao local havia uma pequena indicação na entrada da sala a anunciar: “Rastreio Cardiovascular”.

    Uma menina sentada à frente de um computador recebia as pessoas, eu entre elas, e estas indicavam um número que lhes tinha sido fornecido telefonicamente e aguardavam a sua vez. De seguida um outro funcionário convidava-nos a entrar, este último dirigia-se para uma mesa com cadeiras e iniciava-se a conversa. No interior da sala havia publicidade a uma empresa (Ortobedding), mas toda a conversa era aparentemente relacionada com a saúde e com a prevenção de doenças cardiovasculares, embora de vez em quando com algumas imprecisões a nível cientifico. Mas a partir de certa altura a conversa começou a encaminhar-se para a venda de um produto milagroso, e só aí percebi de vez e não permiti que continuassem com aquela fraude. Depois de muita insistência do funcionário este abriu uma cortina, e mesmo sem entrar, ainda vi um colchão!

    A Deco já tinha alertado para esta forma de vender colchões, mas o contacto pareceu-me muito idêntico ao que ainda há pouco tempo um grupo de estudo de um hospital tinha realizado numa outra área da saúde, por isso agora pensei que devia colaborar.

    Estas sessões de venda são desonestas e devem ser denunciadas. Na sala vi pessoas de idade, gente simples, uma até com muita dificuldade em caminhar, será que saíram de lá convencidos que tinham de comprar um colchão?

    Não sei se o colchão é bom ou mau, não precisava nem queria comprar um colchão.

    Pensava que ia colaborar num estudo sobre a saúde da nossa terra, outros iam aproveitar um rastreio, tentaram-nos vender gato por lebre…

    Por: Fernanda Lage

     

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