Em quem vota o Zé Povinho?
Já nos encontramos em plena campanha eleitoral e todos estamos apreensivos sobre o que irá acontecer após 5 de junho com os resultados eleitorais.
As eleições servem para escolher um grupo político ideologicamente identificado com os eleitores e de acordo com as regras do regime democrático, o poder será atribuído a uma maioria.
O problema está na forma como se apresenta a nossa classe política a um eleitorado que necessita urgentemente de uma solução e para a qual as respostas e as alternativas são um vazio a todos os níveis.
Em termos ideológicos estamos perante uma fação que aplaudiu vivamente as soluções apresentadas pela Troika, o que denota uma perfeita sintonia com aquelas posições, não se vislumbrando qualquer diferença significativa estrutural e nem mesmo ideológica, pelo que se trata de uma única saída, alinhada com o regime de economia de mercado e tendencialmente liberal onde o capitalismo assume um valor central.
Por outro lado temos uma outra fação cujas posições são extemporâneas e desadequadas ao atual momento que atravessamos, onde os compromissos e os acordos que nos vinculam à Europa e ao mundo ocidental em geral, obrigam a ajustamentos que terão que ser globalizados, fazendo frente às ideologias liberais.
Tanto uns como outros não têm tido um sentido prático e pragmático da política, ficando cativos de atitudes populistas que, de acordo com esta democracia, é o que dá votos e poder. Cada um pretende manter o seu mercado e a sua clientela política, cumprindo a velha máxima “o cliente tem sempre razão”. Não se podem tomar posições antipopulares.
Perante isto, as decisões necessárias têm que ser tomadas por terceiros que, paradoxalmente, não se apresentam a eleições e estes sim, são as entidades que defendem o verdadeiro interesse nacional, também ele mascarado pela defesa de um regime com o qual também estão comprometidos. Tudo isto é uma farsa.
Aqui faz sentido o espírito verdadeiramente português simbolizado pela figura de Rafael Bordalo Pinheiro cuja posição é conhecida e denota uma grande lucidez perante todos estes jogos políticos e que leva a que no ato eleitoral, assumindo também uma posição ativa, o voto em branco seja aquele que melhor expressa aquele espírito
Por:
José Quintanilha
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