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    Arquivo: Edição de 30-04-2011

    SECÇÃO: Destaque


    COMEMORAÇÕES DO 25 de ABRIL

    Lições de história para nunca esquecer...

    Tal como em anos anteriores, a autarquia ermesindense levou a cabo a comemoração do 25 de Abril, com diversas iniciativas que decorreram durante a manhã, a tarde e a noite do festivo 37º Aniversário da Revolução dos Cravos. A celebração teve início com a matinal Caminhada da Liberdade, a que se seguiu uma cerimónia de hasteamento das bandeiras na Junta de Freguesia e uma sessão solene comemorativa com intervenções de todas as forças políticas presentes na Assembleia de Freguesia e uma saudação dos dois órgãos autárquicos locais. A corrida juvenil, à tarde, e um concerto pela banda Osnofa, no Parque Urbano, completaram as comemorações.

    Fotos URSULA ZANGGER
    Fotos URSULA ZANGGER
    A sessão comemorativa do 25 de Abril deste ano, um pouco à semelhança do 25 de Abril do ano passado, devido à comemoração do 100º Aniversário da República, teve de novo a História como protagonista. E isso em muito se deve à lição de História que Manuel Augusto Dias, em nome do PSD deu aos presentes, traçando um quadro comparativo, de 100 em 100 anos, desde 1111 até aos nossos dias.

    A primeira intervenção coube, contudo, a Sónia Sousa (PCP), que começando por considerar que «por mais secundarizada ou diminuída (...)» a data do 25 de Abril será sempre «uma referência incontornável da história do nosso país».

    «Para alguns (...) – comentou – as condições actuais criam uma janela de oportunidade para um aproveitamento mesquinho de debilidades da memória colectiva e das dificuldades com que nos confrontamos presentemente. Afinal, a culpa dos nossos males seria da revolução e não dos quase cinquenta anos de atraso e opressão fascista».

    «(...) Numa espiral de promessas não cumpridas, expectativas frustradas e abdicação da soberania com que nos confrontamos hoje, foram alienando as pessoas da política, impondo paulatinamente a resignação e o medo. Numa óptica de mera gestão da crise, escusando-se nas incapacidades dos líderes de circunstância, nas indicações de técnicos, economistas e outros pseudo-entendedores, estes partidos [do arco do poder] fizeram da sua missão de representação democrática letra morta, limitando-se a governar em favor dos interesses dos ricos, dos poderosos, dos grupos económicos e financeiros que, sustentados pelo Estado, tudo fazem para o desacreditar e para se apoderarem dos seus bens e recursos (...)».

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    João Arcângelo, em nome da Coragem de Mudar, interveio a seguir,criticando a Junta de Freguesia de nada ter feito para comemorar o Centenário da Implantação da República, e adiantando as efemérides quer, no seu entender, se deveria igualmente comemorar este ano: O Centenário da Passagem de S. Lourenço d’Asmes a Ermesinde, o 25 de Abril de 1983 («ano em que, tal como hoje, hospedamos o FMI») e as actuais comemorações, «elas mesmo marcadas por um contexto de crise, instabilidade social e económica, por uma demarcação da cidadania individual e colectiva face à essência dos valores e causas herdadas de um 25 de Abril descaracterizado».

    E mais à frente: «Hoje, comemorar Abril não pode ser apenas um mero acto circunstancial e cerimonial. Impõe-se a toda a classe política dar respostas urgentes e duradouras a uma Geração, ela mesma Filha da revolução, e que não se identifica com uma Nação que já não a acolhe, não a reconhece, não a contemporiza nos seus legítimos e fundados anseios e aspirações.

    Constantemente rotulada como uma Geração on-line, impreparada para a vida e remetida à casinha dos pais, à rasca, à rasquinha e desesperadamente incrédula, é a nós, a quem ela se dirige, apregoa e se indigna pelo futuro que não soubemos e teimamos não saber construir».

    Seguiu-se-lhe Manuel Costa, do PS, que começando por evocar a data do 25 de Abril de há 37 anos, lembrou que se aproxima mais um ato eleitoral – «já todas as forças políticas ensaiam com grande aparato a forma de fazer aquilo que melhor sabem que é: dizer mal, mal, mal», destacando depois o mérito do Governo PS: «Investimos na internacionalização da nossa economia e do favorecimento das exportações.

    Investimos na construção de creches e lares de idosos.

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    Investimos no desenvolvimento das infra-estruturas de transportes e comunicações». E juntou ainda como Portugal, que em 2005, «em termos energéticos, era praticamente dependente do petróleo», que hoje é «um país que compete pela liderança na área das energias renováveis, contribuindo desse modo para a redução do endividamento externo e para contribuir para a redução dos gases com efeito de estufa».

    E juntou ainda os méritos do Governo nas áreas da Saúde («foi o PS que criou o Serviço Nacional de Saúde...»), da Educação («ao contrário de outros, o nosso projecto é um projecto de qualificação da escola pública».

    E terminou lembrando que «quando um povo faz as revoluções, como a que aconteceu em Portugal, elas são imparáveis, não há regime que as consiga deter por muito tempo. Para se perceber aquilo que acabo de afirmar, basta ver aquilo que a comunicação social os tem mostrado, nestes últimos tempos, sobre os acontecimentos do mundo africano e do mundo árabe e que certamente irão contagiar outros pontos no globo».

    Foi então a vez de Manuel Dias (PSD), que lembrou:

    «Há 900 anos (1111), esta era uma região totalmente pacificada e cristianizada, mas 100 quilómetros a Sul, o Condado Portucalense tinha uma fronteira insegura e incerta, fixada a golpes de espada, por avanços e recuos dos constantes combates, entre os exércitos dos Cristãos e dos Muçulmanos. O Conde D. Henrique dava Carta de Foral a Coimbra e fixava aí a sua Corte, escoltada pelo grosso do seu exército.

    Há 800 anos (1211), Portugal era já autónomo, um reino independente, reconhecido pela monarquia leonesa e pelo Papa; havia crescido muito e tratava de consolidar importantes conquistas no Alentejo, para se atirar definitivamente à conquista do Algarve».

    E por aí fora, foi lembrando o reinado de D. Dinis, a plantação do pinhal de Leiria e fundação da Universidade de Coimbra (há 700 anos); a dinastia de Aviz e a Expansão (há 600 anos e há 500 anos, quando dominava o comércio marítimo mundial); o reinado dos Filipes (há 400 anos); a Restauração e a disponibilidade do ouro do Brasil (há 300 anos), que permitiu a construção de obras como o Convento de Mafra e o Aqueduto das Águas Livres; as invasões francesas e a Revolução Liberal (há 200 anos); a República (há 100anos, em que «os novos políticos cheios de dinamismo e de obra (nova constituição, nova bandeira, novo hino, nova moeda!) tinham credibilidade e o povo acreditava neles».

    E comentando então os tempos de agora: «Hoje, 37 anos após Abril, depois de uma primavera que se concretizou em tantas realizações (Liberdade, Democracia, Fim da Guerra Colonial, União com a Europa, Melhoria significativa da Qualidade de Vida da população), a situação real em que nos encontramos é efectivamente dramática: esgotamento económico-financeiro, crise social e política. Falências, aumento do desemprego e cada vez mais dificuldades para a manutenção do estado social. Desespero e Ansiedade no futuro! Todos os dias vemos sair do país, jovens de elevada qualificação académica que Portugal forma, mas não sabe aproveitar. Todas as gerações estão à rasca!»

    E concluiu afirmando: «Abril tem de significar esperança, trabalho, dignidade, justiça, união, solidariedade e patriotismo, aqui e em toda a parte! Só assim poderemos triunfar perante as adversidades»

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    Foi então a vez de Luís Ramalho, o presidente da Junta, que afastando a tentação fácil «de atribuir culpas ou recolher louros, para com isso retirar dividendos políticos, em período de pré-campanha», afirmava não querer ir por aí e respeitar «a capacidade de cada um e cada uma, de analisar e tomar as suas opções. Falarei para as pessoas, esquecendo posições partidárias, na tentativa de influenciar o voto nas próximas eleições».

    E diria então, apelando à participação eleitoral: «A 5 de Junho seremos chamados a escolher a equipa que liderará o Futuro de Portugal. Independentemente daquela que será a escolha dos que participarão, demitirmo-nos de escolher não pode, em caso algum, ser opção (...) Não podemos (...) deixar que os outros escolham por nós e, muito menos, com isso pensar que não teremos qualquer responsabilidade nos actos e opções dos eleitos. (...)

    Mas o nosso dever de participação não se esgota de todo nos actos eleitorais. Alarga-se aos nossos papéis de pais, mães, cidadãos e cidadãs que – em conjunto – formam a cultura e a identidade de Portugal.

    Ouvimos constantemente alguém queixar-se da falta de Segurança, da falta de Emprego, da falta de Participação Activa, de uma Política Social e Educativa ineficazes… e o que fazemos? Em geral, demitimo-nos do nosso papel na sociedade e tantos de nós se esquecem que podemos contribuir para a mudança.

    Importa, pois, participar! Desempenhar uma cidadania activa, inclusiva, garantir que contribuímos para que Portugal seja um país melhor.

    Vamos repensar a nossa participação. Vamos colaborar na Associação que existe no nosso Lugar, no nosso bairro, vamos dar um pouco de nós à Escola dos nossos filhos. É urgente parar de encarar o nosso país como um paraíso de Direitos sem que existam Deveres.

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    Saibamos valorizar as importantes conquistas da data que hoje comemoramos! Vamos enfrentar a responsabilidade da nossa Liberdade e assegurar que Portugal terá de cada um de nós o valioso contributo de que precisa para ultrapassar este momento de crise.

    Vamos tirar a cabeça da areia e aceitar que temos um problema e só assim o poderemos enfrentar de forma adequada. Afinal, todos somos precisos para que Portugal tenha sucesso!

    Vamos todos – sem excepção – garantir que não seremos responsáveis pelo fracasso. Vamos gritar pelos nossos Direitos, com a mesma força com que exercemos os nossos Deveres. Vamos retomar as rédeas do nosso País: saibamos devolver a Portugal as verdadeiras conquistas de Abril!».

    Por fim foi a vez de Olga Trabulo, em representação do presidente da Mesa da Assembleia de Freguesia, ausente em viagem, fazer uma intervenção em defesa do papel da Educação:

    «Quando evocamos as revoluções que se fizeram em Portugal nos últimos 100 anos, quase sempre nos surge de uma forma mais distinta, a educação. Os outros aspectos e aspirações que alimentaram o ideário dos revolucionários foram, sem dúvida, igualmente importantes. No entanto, poucos deles incorporaram uma ambição de tão longo prazo como a educação. Com efeito, o agitar de bandeiras em torno do ensino nunca se esgotou no curto prazo. Através da educação não se procura apenas mudar o passado, mas, sobretudo, mudar o futuro.

    A revolução republicana de 1910 teve de enfrentar uma taxa de analfabetismo que excedia os 70%. Contudo, limitada pela escassez de meios materiais e humanos, apenas conseguiu reduzir estes números em cerca de 7%. Tratou-se de um progresso, certamente maior do que o alcançado em qualquer período idêntico anterior, mas mesmo assim muito pequeno tendo em conta o que eram as perspectivas então criadas (...)». E terminou referindo a importância da Educação de adultos, e medidas como o Programa Novas Oportunidades.

    OS OUTROS

    PONTOS ALTOS

    DO PROGRAMA

    DAS COMEMORAÇÕES

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    O programa de comemorações teve o seu início com a realização da Caminhada da Liberdade, que se iniciou com uma concentração em frente ao edifício da Junta logo às 09h00.

    Por volta das 10h30 teve lugar a cerimónia de hasteamento das bandeiras, que este ano não foi tarefa exclusivamente feminina. A cerimónia contou com a habitual guarda solene dos Bombeiros Voluntários de Ermesinde.

    Momento também importante e significativo destas comemorações foi o anúncio, no final da sessão solene no auditório da Junta, da proposta vencedora do Concurso de Cartazes de 2011 que, como se sabe, será o o cartaz oficial das comemorações do próximo ano. Concurso dirigido à comunidade escolar, contou com a presença da vencedora, Tânia Daniela Ferreira.

    Na sala estavam expostos não só o seu trabalho, vencedor na categoria Ensino Secundário, mas também os cartazes vencedores nas categorias 1º Ciclo e 2º Ciclo.

    Durante a tarde, com início às 16h00, diante do edifício-sede da Junta, realizou-se a já tradicional Corrida Juvenil do 25 de Abril, com a habitual mobilização dos jovens das escolas da freguesia.

    A finalizar o dia de comemorações, teve lugar no Parque Urbano de Ermesinde, com início às 21h00, um concerto com a banda Osnofa, cujo projeto é precisamente o de homenagear os grandes autores de Abril.

    Por: LC

     

     

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