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    Arquivo: Edição de 28-02-2011

    SECÇÃO: Local


    NOTÍCIAS DO CENTRO SOCIAL DE ERMESINDE

    Plano de Desenvolvimento Pessoal – (re)orientação vocacional na educação e formação de adultos

    A propósito de um seminário no passado mês de Janeiro, sobre “A (Re)orientação Vocacional na Educação e Formação de Adultos”, organizado pelo Centro de Novas Oportunidades da Escola Secundária com 3º Ciclo de Gondomar, e onde foram abordados princípios, intervenientes, instrumentos e constrangimentos no processo da orientação vocacional, surgiram as algumas reflexões.

    Foto FLORENTINO SILVA
    Foto FLORENTINO SILVA
    Um recente seminário em que, por um lado, se abordou uma área pouco explorada da educação e formação de adultos, conduziu-me a várias dúvidas e reflexões sobre a importância desta necessidade, a partir de várias outras intervenções que, por outro lado, ali foram feitas.

    Numa época em que o conhecimento é considerado valor acrescentado, segundo as políticas económicas europeias – Estratégia de Lisboa, em 2000: economia baseada no conhecimento –, patente nas palavras da conferencista Maria José Méndez Lois, investigadora em Ciências da Educação da Universidade de Santiago de Compostela, a (re)definição dos percursos de formação, deve ser encarado como uma etapa importante de orientação do presente para o futuro, que actualmente se encontra disponível nos Centros de Novas Oportunidades, na etapa do Plano de Desenvolvimento Pessoal.

    Embora seja redundante dizer que hoje em dia já não se perspectiva a entrada para uma determinada actividade profissional que nos acompanha até à idade da reforma, parece-me todavia pertinente procurar entender o que estamos a ganhar com isso. Em primeiro lugar, porque no que concerne à responsabilidade social, tem-se revelado pouco sensibilidade, e em segundo lugar, por correspondência com o primeiro, resta-me questionar: a quem servirá ou têm servido efectivamente as mudanças?

    Ora, o modelo de carreira contemporâneo, diferentemente do modelo do passado é, na actualidade, o resultado do crescente peso que as organizações particulares têm na gestão dos percursos profissionais dos trabalhadores e, consequentemente, na exigência de uma constante actualização de saberes e saber-fazeres, para responder às necessidades imediatas da produção. Ideia aflorada pela investigadora em Psicologia da Educação da Universidade do Minho, Maria do Céu Taveira, que reforçou a necessidade de se discutir nos dias de hoje «a reorientação do comportamento vocacional na vida adulta», devido às transformações na «natureza dos actuais contextos de carreira» que logram percursos formativos «abertos e flexíveis» de acordo com as necessidades dos adultos e adequados às carências locais e nacionais do desenvolvimento social e económico.

    É um facto assinalável as mudanças que estão actualmente a acontecer. E estas ocorrem a um ritmo tal que, por vezes, inviabilizam a nossa capacidade de responder reflectidamente às novas exigências que o mercado impõe. No entanto, o saber nunca esteve num patamar de disponibilidade tão elevado como actualmente acontece com os já proliferados meios de informação e comunicação, acompanhados também pelas iniciativas de formação e qualificação, implementadas presentemente pela iniciativa Novas Oportunidades. Ou seja, com o aumento das necessidades de actualização de saberes da população adulta para responder aos desafios do desenvolvimento social e económico actual, na diversidade de ofertas e respostas formativas disponíveis, importa sermos capazes de estabelecer estratégias que nos ajudem a definir os percursos que deveremos tomar para atingirmos os objectivos que procuramos alcançar.

    Por este motivo, e sensíveis à crescente necessidade para a definição de projectos de formação/qualificação ao longo da vida, está contemplado nos Centros de Novas Oportunidades um momento para a construção de projectos de orientação vocacional para adultos, também conhecido por Plano de Desenvolvimento Pessoal (PDP). Este plano, implementado nestes centros pelas equipas técnico-pedagógicas, prevêem, com base nas «motivações, expectativas e capacidades» dos adultos, dar seguimento aos «percursos de qualificação no âmbito do Sistema Nacional de Qualificações», como referiu a técnica da Agência Nacional para a Qualificação, Cristina Milagre.

    O Plano de Desenvolvimento Pessoal visa então a definição participada dos adultos na construção de um plano de aprendizagem ao longo da vida, orientado para as possibilidades dos projectos futuros de cada um. Assim, o PDP deverá ser encarado, não como um fim em si mesmo, só pela tomada de consciência de um percurso de qualificação concluído, mas também, como «um ponto de partida de um percurso que deve estar sempre em movimento e redefinição», concluiu a conferencista Cristina Milagre. Como reforçou António Laundes, avaliador externo e investigador do Centro de Investigação e Intervenção Educativa da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, a etapa de (re)orientação vocacional deve despertar e ser assumido por cada adulto como um caminho a construir sem constrangimentos e limitações, num processo que lhe deverá revelar a sua importância enquanto agente activo e também co-autor na mudança social.

    Em suma, se por um lado vivemos um tempo em que devemos procurar responder aos desafios do desenvolvimento social e económico, através da definição de um percurso formativo, por outro, talvez, agora seja o tempo de encararmos a formação como um momento que deverá também ser de emancipação crítica de cada adulto.

    Por: Florentino Silva

     

     

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