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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 20-12-2010

    SECÇÃO: Desporto


    ENTREVISTA COM O NOVO PRESIDENTE DA DIRECÇÃO DO CPN: PAULO SOUSA

    «O CPN está vivo e tem condições para ficar mais forte do que nunca!»

    Houve quem lhe tivesse previsto o funeral, outros enterraram-no mesmo, mas a verdade é que ele continua vivo, em convalescença é certo, mas com o coração a pulsar com uma alegria e esperança redobrada na sequência da injecção de sangue novo. Este diagnóstico retrata o actual estado de saúde do CPN, ilustre colectividade ermesindense que recentemente saiu do coma directivo em que se encontrava há quase um ano depois de ter sido reanimado com a eleição de uma nova Direcção. E para testemunhar o renascimento cepeenista o nosso jornal esteve à conversa com um dos rostos que operou este milagre, o novo “número um” da recém-empossada Direcção, Paulo Sousa.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    Membro da família cepeenista desde os nove anos de idade, altura em que ali chegou na expectativa de colocar em prática a sua paixão pelo desporto, Paulo Sousa – ou Paulo Moreira, para os que com ele privam desde tenra idade – é um dos elementos do grupo de empenhados e corajosos propagandistas que se revelou incapaz de cruzar os braços e assistir à morte lenta do seu querido CPN. Sim, corajosos, pois não podemos esquecer que um dos principais medos dos membros das Comissões Administrativas (CA) que estiveram ao leme da colectividade ao longo destes 11 meses de vazio directivo foi “transformarem-se” numa Direcção, mesmo com os vários apelos que foram surgindo em diversas Assembleias Gerais no sentido de que um elenco directivo daria uma imagem de maior crediblidade do clube junto de entidades bancárias, empresas, ou organismos estatais com vista às negociações para eclipsar a crise financeira.

    Receios que se compreendiam, pois a situação do CPN era de uma gravidade extrema, e ninguém queria, digamos, arriscar o seu próprio pescoço – por mais vontade que houvesse – para tentar contornar a situação.

    O que é certo é que um naipe de pessoas, sem entrar em loucuras pessoais, fez de tudo para que o clube continuasse de portas abertas a servir a comunidade como sempre o fez, de tudo mesmo. Encetaram-se negociações com entidades bancárias, fizeram-se pré-acordos com empresas a quem o clube devia – e deve – para alongar e fasear em prestações mais suaves o pagamento dessas dívidas.

    Da parte dos credores ouviram-se respostas positivas, carregadas de esperança numa mais do que possível recuperação, e o grupo de notáveis cepeenistas encheu-se de coragem e comprometeu-se desde logo a formar uma Direcção personificadora da tal segurança e credibilidade que elementos do exterior necessitavam de sentir para dar a mão ao clube.

    Mas foi de facto preciso encher o peito para avançar, «e muita gente nos tem dado os parabéns pelo passo que demos, dizendo que admiram a nossa coragem pelo facto de termos avançado com uma Direcção numa altura em que o clube vive uma situação complicada», recorda Paulo Sousa, que vai proferindo aqui e ali nestes primeiros dias de Dezembro as primeiras declarações enquanto presidente do CPN.

    E acrescenta que «este nosso passo foi dado porque obviamente acreditamos no potencial que este clube tem. O que nos move é o papel social que o CPN tem, e que deve ter na sociedade. Estamos motivados e empenhados em criar condições para que a nossa juventude possa aqui praticar uma modalidade, e dessa forma desenvolver competências para a sua formação pessoal e desportiva, pois no fundo eles é que fazem o clube. E é face ao potencial humano aqui existente que estamos já a trabalhar no sentido de criarmos condições para que o CPN continue a ser uma instituição de referência no nosso concelho e assim demonstrar que está bem vivo e não morto, como actualmente muita gente oriunda de diversos pontos do concelho, e não só, pensa», sublinha o “número um” da Direcção empossada a 20 de Novembro passado, na hora de traçar as directrizes do futuro.

    Voltando um pouco atrás nesta conversa, e quando se falava em devolver ao clube a credibilidade perdida num passado recente, uma das armas que Paulo Sousa e seus pares usaram para convencer os credores a dar ao CPN uma nova chance foi, por exemplo, a elaboração de um detalhado dossier do Plano de Tesouraria. «As pessoas têm de saber tudo, e um documento destes apresenta toda a situação de tesouraria de uma forma detalhada. Acho mesmo que o CPN nunca teve um documento como este. Se vamos para reuniões com a banca, com empresas como a Veolia, a EDP Gás, ou a EDP Energia, não chega só a nossa formação e postura, há também que haver uma informação detalhada e transparente da realidade financeira do clube, pois só assim essas entidades nos conseguem ajudar. E este dossier foi um bom suporte para conseguirmos alguns acordos de renegociação das dívidas».

    Contactos com entidades bancárias que, diga-se de passagem, foram encetados por Paulo Sousa e companhia ainda na qualidade de membros de uma CA, sendo que neste ponto o nosso interlocutor destacou o bom trabalho levado a cabo e a dedicação por parte de todas as pessoas das CA que guiaram o clube ao longo destes meses de impasse directivo.

    REVIVER

    O PASSADO

    COM OS OLHOS

    NO FUTURO

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    Feitos os acordos com a banca, e demais empresas credoras para a renegociação das dívidas é altura então de arregaçar as mangas e voltar a pôr a máquina em funcionamento. Uma tarefa que se afigura difícil, pois o impasse directivo trouxe muito prejuízo ao CPN, sendo o exemplo mais gritante a piscina, uma das suas principais fontes de receita que esteve encerrada até há bem pouco tempo.

    «O clube perdeu muito dinheiro, as pessoas foram--se embora para as piscinas municipais de Ermesinde, de Águas Santas, entre outras mais. Estamos agora a começar do zero no sentido de trazer mais utentes para a piscina. Neste momento temos pouco mais de 200, estando nós a falar de uma infraestrutura que tem a capacidade de servir cerca de 700. Queremos trazer crianças, por exemplo, e foi nesse sentido que encetámos contactos com a Associação de Pais da Escola Secundária de Ermesinde durante a recente Feira das Associações, no sentido de mobilizar não só a piscina como também as modalidades do clube. Neste momento não há nada formalizado, mas temos de encontrar uma parceria/protocolo com a associação de pais no sentido em, por exemplo, permitir que os alunos da escola possam frequentar a nossa piscina a preços de sócio, ou seja, se apresentarem o cartão da escola pagam tanto como os sócios do clube. Essa seria igualmente uma forma de rentabilizar a piscina, já que é a infraestrutura do clube que mais dinheiro nos leva todos os meses», frisa Paulo Sousa.

    Aliás, com o intuito de reduzir as despezas para com a piscina está na calha a instalação de um software que permite desligar toda a maquinaria durante a noite e assim poupar uns largos euros mensais em gás e electricidade. Ao virar da esquina está igualmente o regresso de uma modalidade que muitas alegrias deu no passado ao CPN, o ténis de mesa. Paulo Sousa recorda que este regresso foi apadrinhado, por assim dizer, pela lendária figura cepeenista Álvaro Mendes, desaparecido do Mundo terrestre há poucas semanas. «Na altura falámos com o Álvaro Mendes sobre o ressurgimento da modalidade dentro do clube, convidámo-lo para nos ajudar nesta tarefa, e apesar de já debilitado pela doença, deu para sentir um brilhozinho nos olhos dele quando o abordámos sobre o assunto», recorda com nostalgia Paulo Sousa. E o regresso do ténis de mesa ao clube está por um fio, pois notáveis ex-jogadores como Diamantino Pinto, Elmano Monteiro, Vítor Pina, ou José Carvalho (no fundo as grandes lendas do ténis de mesa do CPN) já se disponibilizaram para “leccionar” na Academia de Ténis de Mesa Álvaro Mendes, assim se irá denominar a escolinha que promete fazer novos campeões de uma modalidade onde o CPN já foi rei. A impedir o arranque imediato está apenas o facto de o clube não dispor de equipamentos suficientes para a prática da modalidade, mais concretamente mesas, pois o espaço já está assegurado no Pavilhão Gimnodesportivo de Ermesinde, assim garantiu a autarquia.

    Na calha também está o regresso do andebol feminino, sendo que neste aspecto foram mantidos contactos com a Associação de Pais da ESE no sentido de ser celebrado um protocolo entre ambas as partes para que estes últimos cedam o pavilhão da escola ao clube para os treinos, já que o Gimnodesportivo está para lá de saturado – em termos de disponibilidade horária – com as restantes modalidades do CPN.

    Processos de modernização ao nível do pagamento das quotas de associados estão também na forja, já que por falta de meios e recursos humanos – para receber o dinheiro das quotas – o clube tem perdido muitos associados nos últimos tempos.

    MAIS FORTES

    COM A AJUDA

    DE TODOS

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    Tudo isto – e outros projectos que estão ainda numa fase embrionária – faz Paulo Sousa acreditar que o CPN vai ficar mais forte que no passado, «pois agora temos condições para isso, temos um complexo desportivo, temos uma oferta variada de serviços para oferecer, coisas que não havia antes».

    Não parecem existir dúvidas que o futuro do CPN pode ser risonho, algo que só será possível com a ajuda de todos, conforme fez questão de sublinhar mais do que uma vez o recém-empossado presidente.

    «Precisamos da ajuda de todos para voltar a pôr o clube de pé, e para isso estamos de braços abertos para receber toda a ajuda possível e sugestões que entendam no sentido de melhorar toda esta situação. Temos potencial humano, como já disse, e a provar isso o facto de no recente jantar de Natal do CPN (cujos desenvolvimentos podemos ver numa pequena peça publicada nesta edição) conseguimos juntar 130 pessoas. E assim foi porque este jantar for organizado com uma semana de antecedência, pois se assim não fosse um número maior de pessoas ali tinha estado, de certeza. Mas este jantar deu também para perceber que o clube está unido, e só assim faz sentido, somos um só, uma família, e como tal todos precisamos uns dos outros para tornar o CPN ainda maior do que aquilo que já é», sublinha Paulo Sousa no cair do pano desta pequena conversa mantida com o nosso jornal, não sem antes agradecer publicamente o apoio financeiro que inúmeras empresas e personalidades, não só da cidade como do restante concelho, têm vindo a dar ao clube.

    Da nossa parte e para concluir este trabalho deixamos a lista dos novos corpos gerentes do CPN eleitos a 20 de Novembro último: Assembleia Geral: presidente: Luísa Paupério; 1º secretário: Susana Paupério; 2º secretário: Lurdes Maia.

    Direcção: presidente: Paulo Sousa; vice-presidente: José Vinhas; vice-presidente: Rui Machado; tesoureiro: Alfredo Sista; 1º secretário: Alda Pinto; vogal: António Macedo; vogal: Daniel Felgueiras.

    Conselho Fiscal: presidente: Pedro Carneiro; secretário: Cláudia Carneiro; relator: José Martins.

    Conselho Consultivo (órgão criado pela primeira vez na história do clube, constituído por antigas figuras do clube com o objectivo de estas sugerirem e ajudarem através da sua experência a Direcção): Manuel Joaquim Moutinho, Manuel Pereira, Adelaide Monteiro, Raul Magalhães, Faria Machado e João Frederico.

    Por: Miguel Barros

     

     

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