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    Arquivo: Edição de 10-10-2010

    SECÇÃO: Destaque


    O CENTENÁRIO DA REPÚBLICA

    Fundação do Colégio de Ermesinde

    O Colégio de Ermesinde é um dos ex-líbris da cidade e porque foi fundado no período inicial da Primeira República está quase a fazer cem anos. Trata-se de um estabelecimento de ensino com uma longa história ao serviço da educação em Portugal, que já teve alunos internos, provenientes de uma vasta zona geográfica do País. Agora, as condições de vida e o acesso ao ensino são completamente diferentes e, por isso, o Colégio teve de se adaptar aos novos tempos, abandonando há já bastante tempo o sistema de internato.

    Foto ARQUIVO
    Foto ARQUIVO
    Depois da Revolução Republicana, instalou-se no antigo Convento da Formiga e em parte da sua Quinta, o internato da Escola Guerreiro. Este Colégio da “Educação Nova”, como ele próprio se qualificava, fundou-se em 1908, no Porto, onde tinha o Externato, na Rua de Cedofeita. Os alunos internos deviam estar, segundo o seu Fundador e Director, António Maria Guerreiro, no campo. Primeiro, o Internato esteve em Caminha, e a partir de 1911//1912 veio para Ermesinde. A Escola Guerreiro, recebia alunos desde os 6 anos de idade, e ministrava o Ensino Primário, o Curso Liceal, o Curso Completo de Comércio e o Curso de Agricultura.

    No Semanário “Maia-Vallonguense” (de que aqui já tratamos numa das edições anteriores), que a Escola Guerreiro editou em Ermesinde, a partir de 14 de Janeiro de 1912, o Director publicou na página 4, da segunda edição (datada de 21 de Janeiro de 1912), um esclarecimento sobre o Colégio, que transcrevemos, mas com ortografia actual, para melhor se compreender:

    «Este estabelecimento, continuação do Colégio Católico de Caminha, tem seguido a mesma orientação educativa e pedagógica, que o tornou conhecido em todo o alto Minho.

    O Internato separado do Externato é a melhor garantia que se pode oferecer às famílias.

    O Internato deve estar no campo, como local mais próprio para a saúde das crianças; o Externato na cidade, o mais próximo possível das casas dos pais: eis porque retiramos o Internato para Ermesinde, conservando na cidade apenas o Externato.

    Na Escola Guerreiro trata-se da educação física, moral, intelectual e cívica dos alunos.

    Para que os Ex.mos Chefes de Família possam avaliar bem a importância deste Colégio, ousamos pedir uma visita ao edifício e à Quinta, e aconselhamos a que se não deixem arrastar por meras informações, que nem sempre são a expressão da verdade. Um pai, que vai confiar o filho a um colégio, deve primeiro ver o local e o edifício onde ele vai permanecer (...)».

    Este Colégio, para além de ter editado o “Maia-Vallonguense” terá publicado também a revista “Educação Nova” (que é anunciada nas páginas do Jornal, mas que não temos a certeza se alguma vez terá chegado a sair a público).

    Apesar de se afirmar um Colégio Católico, o conteúdo do seu jornal, de que também é Director o Director do Colégio, é marcadamente republicano, o que naquele período, dado o anticlericalismo da República, se torna quase incompatível. Talvez tenha sido esta incompatibilidade a determinar o fim da Escola Guerreiro, no antigo Convento da Mão Poderosa.

    Colégio

    de Ermesinde

    (desde 1912)

    No dia 28 de Dezembro de 1912, o primeiro Presidente da República Portuguesa, Dr. Manuel de Arriaga, assina o Alvará que concede licença a José Joaquim Ribeiro Teles e ao Padre Manuel Moreira Reimão para estabelecerem um instituto particular de ensino secundário em Ermesinde, com o nome de Colégio de Ermesinde (cf. 1.º anexo de O Convento da Mão Poderosa, da autoria de Domingos Oliveira Silva, Porto, 1971).

    Os primeiros Directores do Colégio de Ermesinde foram os Padres Manuel Moreira da Silva Pontes e Manuel Moreira Reimão. A partir do ano lectivo 1913-1914, a Direcção do novo Colégio passa a ser assegurada pelo Padre Manuel Moreira da Silva Pontes e por dois recém-licenciados na Universidade de Coimbra, em Direito Civil e Teologia, os Padres Gaspar Augusto Pinto da Silva e António Augusto de Castro Meireles.

    Esta nova Direcção conseguiu promover o nome do Colégio a nível nacional, e aumentar significativamente o número dos seus alunos. De 37 alunos, em 1912-1913, passou para os 120, nos anos lectivos de 1916-1917 e 1917-1918. No ano de 1919 morre o seu primeiro Director, Padre Manuel Moreira da Silva Pontes, que é substituído pelo Padre Arnaldo Tomé dos Santos Rebelo. Os três Directores continuam a apostar no prestígio daquele que chega a ser considerado o melhor “Colégio de Campo” em Portugal.

    Leia-se, a propósito, o anúncio que foi publicado neste ano de 1919, nos meses de Setembro e Outubro, no jornal diário da capital “A Época”, com a ortografia daquele tempo:

    COLLEGIO DE ERMEZINDE

    Telephone n. 2096 – O melhor collegio de campo português – ERMEZINDE (Porto)

    INSTALAÇÕES ESPLENDIDAS

    Situação admiravel em pleno campo com caminho de ferro electrico (nº 9).

    Alimentação comum a directores, professores e alumnos.

    Educação moral cuidadosa e esmerada.

    Educação physica completa com amplos campos de jogos.

    Educação literaria proficientissima.

    O resultado dos exames do anno lectivo findo, numa frequencia de 120 alumnos, foi superior a toda a espectativa, como se vê do Relatorio.

    Curso dos lyceus completo, primario e commercial

    ABRE a 14 de Outubro

    Enviam-se Relatorios

    Os Directores

    Dr. Antonio Augusto de Castro Meireles

    Dr. Gaspar Augusto Pinto da Silva

    Padre Arnaldo Tomé dos Santos Rebelo

    No ano lectivo de 1924-1925, um dos Directores, o Dr. Castro Meireles, foi chamado para Bispo de Angra de Heroísmo, tendo sido substituído na Direcção do Colégio pelo Dr. Francisco da Silva Pinto. Mais tarde, D. António Augusto de Castro Meireles será Bispo do Porto e, já no período da Primeira República, Deputado Católico, pelo Círculo do Porto, na Câmara de Deputados.

    Em 1933, o proprietário do Colégio e da Quinta da Formiga, José Joaquim Ribeiro Teles, que não tinha filhos, deixa, por testamento, estes bens à Diocese do Porto, na pessoa do seu Bispo, D. António Augusto de Castro Meireles, antigo Director deste Colégio e grande amigo de José Joaquim Ribeiro Teles. Em 1948, o Director do Colégio, Dr. Gaspar Augusto Pinto da Silva, vende o Alvará deste prestigiado estabelecimento de ensino à Diocese que já era proprietária das instalações.

    Por: Manuel Augusto Dias

     

     

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