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    Arquivo: Edição de 30-11-2009

    SECÇÃO: Destaque


    MOSTRA INTERNACIONAL DE TEATRO 2009

    Malabarismos... com a mente dos espectadores

    Momento do MIT muito especial, que deixou rendidos todos os espectadores sem excepção, verdadeiramente fascinados pela multiplicidade de competências de Sebastián de Guz. «Actor, comediante e co-fundador do Circo Xiclo, na Argentina», conforme o apresentava o programa, mas os malabarismos mais fascinantes foram aqueles que o artista realizou ao manipular com grande destreza os seus espectadores para os pôr também ao serviço da comédia.

    Fotos URSULA ZANGGER
    Fotos URSULA ZANGGER
    Em “Niño Costrini” Sebastián de Guz mostrou-se um artista soberbo e exímio em várias artes dos malabares, do mimo, do equilibrismo. Do seu espectáculo o mínimo que se poderia dizer é que é a luminosa concretização de anos de trabalho e adestramento do corpo, por certo trabalho intenso, meticuloso, continuado. Só assim foram possíveis as acrobacias que executou quinta-feira, dia 19, na sala do Fórum Cultural.

    Mas Guz é muito mais que um polifacetado artista de circo, ele é um comediante, com uma capacidade mimetista de, como um camaleão, se adaptar às vicissitudes do ambiente à sua volta.

    E fá-lo com uma rapidez e uma desenvoltura desconcertantes, “obrigando” o espectador a fazer o que ele quer, manipulando os seus gestos, para obter o efeito cómico que sempre pretendeu. Revelou assim não só um sentido do burlesco, como uma capacidade notável de ler a psicologia dos espectadores presentes e “antecipar” as suas respostas.

    O espectáculo de Sebastián de Guz constrói-se com base numa paródia idiomática em que a palavra (sussurrada e tendencialmente castelhana é, além do mais substituída por uma entoação metálica e distorcida, mas muito aguda. Não sabemos que efeito isto teria num público de língua espanhola – no português funciona bem –, mas cremos que seria igualmente bem sucedido, pois muitas vezes as palavras são antes substituídas por monossílabos, onomatopaicas (como o «tic-tac, tic-tac, tic-tac» que surge várias vezes durante da peça), gestualidades e muitas outras sugestões dos sentidos.

    Só na parte final do espectáculo o artista abandona este registo para fazer um apontamento mais explícito, em que se revela a muita preocupação com o planeta e o repúdio do fascismo.

    Longe de ser um monólogo, Guz recruta os partenaires do seu espectáculo entre o público, recorrendo aos mais variados pretextos.

    Ele intima-os à participação, queiram ou “não”.

    E depois ele executa espectaculares exercícios de malabares e transforma-se na Estátua da Liberdade, ele equilibra-se no cimo de várias cadeiras empilhadas, ele propicia encestamentos em estranhas tabelas na testa e, por falar em testa, ele brinca com os casais de namorados (?), introduzindo-se maliciosamente e fazendo aparecer figuras como triângulos. Depois esferas, como quando jogou com o globo. E aos seus espectadores amestrados, como se sabe, de modo obrigatório nas artes da domesticação, ofereceu recompensas, chupas-chupas argentinos...

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    FICHA TÉCNICA

    “NIÑO COSTRINI” (humor, circo e... muito mais).

    Criação e interpretação de Sebastián de Guz

    (Argentina) . Duração: 50 minutos.

    Por: LC

     

     

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