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    Arquivo: Edição de 20-09-2009

    SECÇÃO: Destaque


    CONSTATADAS IN LOCO AS CONDIÇÔES DE VIDA INCEITÁVEIS NO GHETTO DO MIRANTE DE SONHOS

    CDU visitou bairros sociais em Ermesinde

    Uma delegação da CDU que incluía Sónia Sousa, actual membro da Junta de Freguesia de Ermesinde e a cabeça-de-lista por esta coligação às eleições autárquicas para a Assembleia de Freguesia (de onde sairá a Junta para o próximo mandato) visitou, no passado sábado de manhã, dia 12 de Setembro, os bairros sociais da freguesia. A delegação da CDU teve depois um breve encontro com a comunicação social no Bairro do Mirante de Sonhos.

    Foto URSULA ZANGGER
    Foto URSULA ZANGGER
    Imagine o leitor que vivia com rendimentos muito escassos e que, por esse motivo, era elegível para um programa de habitação social. Provavelmente, devido aos seus baixos recursos, o mais usual seria que nem tivesse dinheiro para dispor de viatura própria já que sobreviveria dificilmente e todo o seu dinheiro já era pouco para as despesas imprescindíveis do dia-a-dia. Teria provavelmente uma educação básica, por não ter podido estudar mais e, caso tivesse uma idade madura, o mais certo é que a alimentação deficiente e as agruras da vida o tivessem empurrado para a doença.

    Mas isto que lhe interessa, se não é o seu caso?

    Se não lhe interessar pode mudar de página, se lhe interessa, então vamos continuar. É que a redacção de “A Voz de Ermesinde”, ao acompanhar a parte final da visita da CDU aos bairros sociais de Ermesinde, mais especificamente ao Mirante de Sonhos, não pode deixar de reconhecer que se sentiu chocada com a forma de viver a que são obrigadas as pessoas que ali habitam.

    Que o concelho promova as suas festas, tudo bem, que inaugure infra-estruturas numa óptica de serviço público, ainda melhor, mas francamente há casos em que as prioridades deverão ser reequacionadas.

    Vejamos o caso deste bairro: embora de construção muito recente (cerca de cinco anos) e, à partida dispondo de divisões espaçosas e luminosas, pareceria normal que o senhor presidente de Câmara tivesse dito, à altura da sua inauguração, que até nem se importaria de viver ali.

    De facto, lá no alto, os ares são bons. Não são é tão bons que curem, só por si, a doença da grande maioria das casas, a braços com notórios problemas de humidade derivados muito provavelmente da má qualidade da construção. As manchas escuras cobrem os tectos e as paredes, generalizadamente, e a sucessiva falta de resposta da Vallis Habita para o resolver obriga os moradores, às suas custas, a frequentes pinturas do interior da casa para minorar um problema evidente de salubridade tão grave que «quando chove a água chega a escorrer».

    Depois, cá fora, não há uma loja, um mercado, que permita às pessoas abastecerem-se e só a existência de alguns espaços desportivos de lazer e um ATL permite pensar nalgum tipo de vida social, e só para os mais jovens!

    E sabe que há pessoas, que precisam de cadeiras-de-rodas, que têm que ficar retidas toda a vida no seu andar porque não há um elevador, uma rampa nem transporte público para ali chegar?

    Para quem não conhece o lugar, sugerimos que tente ir até ao cimo do bairro, a partir da última paragem do autocarro para Sonhos.

    Se quiser, imagine também que já não é jovem, e ainda que é um dia de Inverno e que chove, e que transporta consigo as compras que foi fazer, o mais perto possível, lá abaixo a Ermesinde.

    Faz ideia de quanto ainda tem que andar para chegar a casa? E porque falámos em ghetto relativamente a esta população fragilizada?

    É claro que há muitas limitações legais a dificultar as soluções, mas para outros casos arranja-se sempre maneira de dar um jeito, não é?

    Pedimos desculpa aos leitores pelo estilo, que é muito pouco distanciado – reconhecemos – mas já confessámos atrás que ficámos chocados e que nos foi difícil passarmos ao lado do que também queria denunciar, no caso concreto, a visita da CDU.

    E depois,se quiser, já agora, dizemos-lhe que não deve ser precisa muita imaginação para encontrar casos reais como este, como aliás podemos ver a seguir, agora muito objectivos.

    O estudo “Caracterização Sócio-Económica da População Residente nos Empreendimentos de Habitação Social –Concelho de Valongo”, coordenado por Helena Oliveira e datado de Dezembro de 2007, aponta, neste bairro, para a existência de 81 fogos, permitindo pensar que o habitam mais de 250 pessoas (estimativa grosseira, de nossa responsabilidade), sendo que 15% destas têm mais de 65 anos, segundo o referido estudo.

    É ainda neste bairro, entre os do concelho, que se concentra o mair número de moradores analfabetos, que atinge os 15%!, registando-se ali, como em outros bairros (Serra Amarela, Sampaio e Outrela) que mais de 50% dos moradores não tem actividade económica, a que se somam cerca de 10% de desempregados (à altura do estudo, longe do pico da crise actual).

    A população ali residente sobrevive em cerca de 50% da segurança social, em quase 20% do trabalho,15% de outras actividades e outros 15% não apresenta fontes de rendimento – aponta ainda o mesmo estudo, de responsabilidade da Câmara.

    Por: LC

     

     

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