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    Arquivo: Edição de 10-07-2009

    SECÇÃO: Especial


    XVI FEIRA DO LIVRO DO CONCELHO DE VALONGO

    A primeira metade da feira vista pelos livreiros

    Foto URSULA ZANGGER
    Foto URSULA ZANGGER
    Crise. A pequena e assustadora palavra que teimosamente convive diariamente com os portugueses – e com a restante população mundial – tem-se feito notar, e bem, nesta primeira metade da 16ª edição da Feira do Livro do Concelho de Valongo. E assim o é para todos, para os visitantes, que passam, olham, mas não compram, e para os livreiros, que não dão escoamento à sua vasta e variada oferta literária. E foi precisamente a alguns destes últimos que “A Voz de Ermesinde” foi auscultar opiniões sob a forma como estão a viver estes primeiros cinco dias do certame cultural.

    De forma unânime todos eles dão nota negativa – alguns classificam mesmo de extremamente negativa – à vertente comercial, melhor dizendo, às vendas, um dos objectivos primordiais – pois claro – das suas presenças em Ermesinde. Outro objectivo pelo qual justificam a sua presença no certame é o de dar a conhecer os seus produtos, ou de simplesmente dizer ao público que existem e que estão ali ao seu dispor, mas parece que também neste aspecto a análise dos expositores não é lá muito positiva, a julgar pelas palavras do alfarrabista João Soares. Presença habitual na feira o livreiro desabafa que as pessoas têm demonstrado muito pouco interesse pelos livros, «passam, olham os livros com desinteresse, não fazem perguntas, parece que para elas estarmos aqui ou não é a mesma coisa». Quanto às vendas: «estão a ser um desastre!». Mas nem tudo é negro no cenário traçado pelo expositor, o local, a limpeza evidente deste, a organização e a animação merecem uma palavra positiva.

    Cara conhecida nestas andanças é a de Manuel Alberto, representante da Marina Editores, o qual vai já na sua 12ª Feira do Livro do Concelho de Valongo (!) e que não se poupa em elogios ao actual espaço do certame, «agradável, muito interessante» precisamente o oposto do local onde foram realizadas as primeiras edições da feira, o largo da Igreja Matriz, «onde os mosquitos não nos deixavam em paz», relembra com graça o livreiro. Ausente na edição do ano passado Manuel Alberto não esquece o dia inaugural da feira deste ano, a altura em que reencontrou alguns velhos amigos destas andanças, como fez questão de sublinhar com alguma emoção.

    Lança – mais – palavras de elogio ao programa de variedades da feira, pese embora lamente que o seu stand não esteja localizado na parte superior do Parque Urbano, próximo do local onde decorrem os espectáculos e onde, consequentemente, circulam mais pessoas, pois se assim fosse talvez o negócio corresse melhor.

    Foto MANUEL VALDREZ
    Foto MANUEL VALDREZ
    Ao seu lado está o espaço da Mosaico de Palavras, uma jovem editora cuja filosofia é dar voz aos jovens – e menos jovens – talentos da escrita que, por falta de oportunidade, vão mantendo as suas palavras fechadas à chave numa qualquer gaveta. Aliás, a última frase do “cartão de apresentação”, digamos assim, desta editora é bem o exemplo daquilo que acabámos de dizer, da sua maneira de estar no mundo dos livros: «A Mosaico de Palavras Editora nasceu para dar vida a projectos de livro mergulhados na fria e estéril escuridão das gavetas». Bem hajam. A dar voz, nesta feira à editora está Elvira Santos, que depois de nos explicar um pouco daquilo que é a essência da Mosaico de Palavras nos confidenciou que, a seu ver, os primeiros dias da edição de 2009 da feira estão ligeiramente mais fracos que os do certame do ano anterior em termos de animação. Facto que talvez afaste um pouco o público do recinto, e quanto aos que ali se deslocam, «passam mas nem param para ver os livros», refere. No que concerne a vendas Elvira Santos tem uma opinião muito semelhante à dos outros livreiros, «estão muito más».

    Alguns metros à frente está Pinto Pereira, responsável por dois stands, o da Saudiforma e o do Mercado dos Livros. Sobre a adesão de público é igualmente peremptório em afirmar que os poucos cidadãos que ali passaram apenas estão interessados nos espectáculos paralelos à feira pois de livros nada querem saber. Adianta que este não é um problema que se verifique somente na Feira do Livro do Concelho de Valongo mas sim na grande maioria das que se realizam pelo país fora: «Só para dar um exemplo posso dizer que este ano as quebras de vendas atingiram os 70% (!). É o reflexo da situação económica do país», opina o livreiro.

    Por: Miguel Barros

     

     

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