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    Arquivo: Edição de 30-04-2009

    SECÇÃO: Arte Nona


    Alberto Breccia

    A palavra não é nossa mas da Chili com Carne (“Escola argentina, antepenúltimo capítulo”, um texto de 2007):

    «Tempos houve que existia um tipo de bd sul-americana, chamada de Escola Argentina, de onde surgiram gente como o Alberto Breccia ou José Muñoz (reconhecido este ano em Angoulême com o prémio máximo do evento), ou o italiano Hugo Pratt que por lá passou. Foram tempos de trabalho árduo num medium popular como era o da bd. Como sabemos a bd foi perdendo a importância popular, e os mercados mudaram com as investidas dos gigantes económicos "comics" norte-americanos e Manga do Japão, para não falar ainda da ditadura. A crise económica cada vez mais forte na Argentina e o seu fundo dramático de Dezembro de 2001 estoiraram de vez com as últimas hipóteses da historieta de se recuperar.

    Mas como a humanidade é feita de corpos e anti-corpos, têm aparecido pequenos resistentes - daqueles que não foram trabalhar para Espanha ou para os EUA - como é o caso da La Productora, um colectivo de autores / editores que tem experimentado uma série de soluções editoriais na nova realidade argentina. Já possuem um catálogo considerável (para uma pequena editora) porque por um lado apostaram em "comics" nas bancas numa onda "trash gótico-fantástico" e respectivo desenho naturalista (...)».

    E a Chili com Carne prosseguia comentando que, para si, eram trabalhos «pouco interessantes».

    De facto, seria quase um milagre a historieta florescer de novo com a pujança que em tempos teve.

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    Esta pretende ser uma pequena e modesta referência (homenagem?) à riqueza da historieta argentina, destacando um dos seus nomes tutelares, o de Alberto Breccia, o mestre, que já nestas páginas abordámos e que, desde os fins dos anos 30 (com a tira “Don Urbano”) até sua morte, em 1993, produziu centenas de páginas de Banda Desenhada e algumas das suas maiores obras-primas, caso de “Mort Cinder” (1962-1964), “Che” (1968), “L’Eternauta” (1969), “Buscavidas” (1981-82) ou “Perramus” (1984-89).

    A ocasião é mais do que oportuna, pois recentemente celebraram-se os 90 anos do nascimento de Breccia, ocorrido a 15 de Abril de 1919 em Montevideu, no Uruguai. Morreu a 10 de Novembro de 1993. Mas com três anos de idade já se tinha mudado para Buenos Aires, na Argentina.

    A sua primeira grande obra, considera a crítica, “Sherlock Time”, criada nos fins dos anos 50 com Héctor Germán Oesterheld, argumentista argentino e outro dos grandes nomes tutelares da historieta deste país. Não é por acaso que “desapareceu” durante a ditadura argentina.

    Conta-se que a evolução que se nota a partir desta obra estará motivada em parte com a raiva que lhe provocaram as palavras do seu amigo Hugo Pratt (o autor de “Corto Maltese” e outro nome grande da escola argentina) em certa noite: «És uma p... barata, porque fazes m..., quando podes fazer muito melhor».

    Breccia teve três filhos, todos eles quadrinistas, Patrícia, Cristina e Enrique, tendo o último atingido maior notoriedade, e colaborado com o pai em “Che”.

    Alberto Breccia - pormenor por muitos ignorado - foi também pintor, mas a sua obra pictórica é abstracta, impressionista, «colorida e triste ao mesmo tempo».

    É uma obra escassa, mas que vem ganhando pouco a pouco uma maior consagração nos mercados de arte.

    Também se dedicou à docência, tendo sido mestre de muitos autores que viriam a atingir uma consagraçãointernacional, caso de José Muñoz (com Carlos Sampayo, autor de “Alack Sinner”).

    O Velho, como era conhecido no mundo da historieta argentina foi, sem dúvida, um dos mais respeitados e influentes autores da Banda Desenhada mundial

    A OBRA

    • “Don Urbano”;

    • “Mariquita Terremoto”;

    • “Kid Río Grande”;

    • “El Vengador”;

    • “Jean de Martinica”;

    • “Vito Nervio” (1947-1959 e 1974), com argumentos de Leonardo Wadel.

    • “Pancho López” (1956).

    • “Ernie Pike”, argumento de Héctor Oesterheld;

    • “Sherlock Time” (1958-1959), argumento de Héctor Germán Oesterheld;

    • “Mort Cinder” (1962-1964), argumento de Oesterheld.

    • “Richard Long” (1966), argumento de Oesterheld.

    • “La vida del Che” (1968), argumento de Oesterheld e a colaboração do seu filho Enrique Breccia nos desenhos.

    • “El Eternauta” (1969), argumento de Oesterheld.

    • “Evita, vida y obra de Eva Perón” (1970), argumento de Oesterheld. Não publicada em vida, foi editada pela primeira vez em 2002.

    • “Squadra Zenith” (1972-1974).

    • “Los mitos de Cthulhu” (1973), argumento de Norberto Buscaglia, que adapta textos de Howard Phillips Lovecraft.

    • “Un tal Daneri” (1974-1978), argumento de Carlos Trillo;

    • “El corazón delator” (1975), baseado num texto de Edgar Allan Poe;

    • “Nadie” (1977), argumento de Carlos Trillo;

    • Buscavidas” (1981), argumento de Carlos Trillo;

    • “Perramus” (1983), argumento de Juan Sasturain.

    • “Drácula, Dacul, Vlad?, Bah...” (1984);

    • “Informe sobre ciegos” (1991), baseado numa obra de Ernesto Sábato;

    • “El Dorado, el delirio de Lope de Aguirre” (1992), argumento de Carlos Albiac.

    • “Martín Fierro”, de José Hernández, (2004). Ilustrações realizadas em 1991.

    • “Platos voladores al ataque!!”, com argumento de Oesterheld (álbum de cromos).

    Por: LC

     

     

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