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    Arquivo: Edição de 15-01-2009

    SECÇÃO: Psicologia


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    A IMPORTÂNCIA DA SAÚDE MENTAL

    A auto-mutilação

    Este é um espaço de reflexão e diálogo sobre temas do domínio da Psicologia, que procurarei dinamizar com regularidade, trazendo para aqui os principais problemas do foro psicológico que afectam pessoas de todas as idades.

    Na qualidade de psicóloga estou disponível para os leitores de “A Voz de Ermesinde” me poderem colocar as questões que desejarem ver esclarecidas, através de carta para a redacção deste quinzenário ou para o seguinte “e-mail”: [email protected]

    A auto-mutilação está associada a transtornos mentais como a psicose,  sendo um mecanismo psíquico para suportar a dor e confusão mental, gera calma psíquica após seu acto. O comportamento auto-mutilador pode ter raízes na religiosidade do sujeito, o que não descarta outras possibilidades. A psicose “desintegra” o ego e o sentimento de perda de si mesmo é desesperador. Para tanto torna-se necessário um tratamento multidisciplinar que auxilie na reestruturação do ego do paciente, permitindo maior tolerância à dor psíquica e consequentemente a diminuição do acto flagelador.

    Uma pessoa que se auto-mutila, tenta esconder as suas marcas e não sente orgulho em realizar tal acto. No entanto, o sujeito não vê outra opção para sanar a sua dor psíquica. Ele tem a consciência de que todos ao seu redor o reprovam pela atitude e começa a sentir-se excluído do mundo “normal”, não sendo capaz de pedir ajuda. 

    Favazza e Rosenthal (apud Nucci e Dalgalorrondo, 2004) dividem as auto-mutilções em estereotipadas, superficiais e graves, sendo as estereotipadas, as que compreendem aquelas formas de auto-lesão produzidas de forma repetitiva e com um nível de gravidade geralmente fixo como, por exemplo, os casos de agressão com as mãos contra partes do próprio corpo, tipicamente encontradas em pacientes autistas ou com retardo mental; as superficiais compreendem actos de frequência intermediária e variável, geralmente de baixa gravidade, cometidos principalmente por pacientes com transtornos ansiosos, geralmente de baixa gravidade e neuróticos (destacam-se casos com diagnóstico de Transtorno Obsessivo Compulsivo, transtorno de sresse pós-traumático e transtorno factício) e, principalmente, por pacientes com transtorno de personalidade, tipicamente transtorno de personalidade boderline; e finalmente as graves, caracterizadas por actos infrequentes ou isolados, de extrema gravidade e, cometidos principalmente por pacientes em episódios psicóticos agudos – surtos esquizofrénicos ou psicoses induzidas por drogas.

    A bulimia; um passado de abuso sexual; Personalidade Boderline; depressão; hipocondria; Síndrome de Lesch Nyhan; TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo); psicoses em geral; transexuais que mutilam os seus próprios órgãos sexuais por sentirem repulsa por eles; desvio de aprendizagem; características autistas e religião, são algumas das causas que podem desencadear o acto mutilador.

    Além de consequências ao nível físico, onde ocorre a autodestruição, a pessoa pode sentir-se culpada por ter realizado tal acto e novamente voltar-se ao tormento inicial. O alívio que tal dor proporciona ao indivíduo não dura eternamente, consequentemente, a auto-mutilação torna-se um ciclo vicioso.

    Dessa maneira, a pessoa que se auto-mutila, pode fazê-lo de várias maneiras, como: arranhar-se, provocar feridas de qualquer intensidade; arrancar unhas e dentes; arrancar cabelos; bater-se; auto-enucleação (extracção do próprio olho – comportamentos de auto-mutilação mais graves em pacientes com transtornos mentais e com fanatismo religioso, causa das menções bíblicas); auto-lesões genitais; auto-amputações de membros como principalmente mãos e dedos, língua e orelha (Nucci e Dalgalarrondo, 2000).   

    O fenómeno da auto-mutilação ainda é pouco estudado pela psiquiatria, mas algumas pesquisas realizadas em escolas e universidades dos Estados Unidos apontam que 16% das pessoas com esses comportamento. Na população como um todo, o índice pode ser menor, mas os universos pesquisados são esses porque os adolescentes e jovens adultos são os mais afectados. O início do quadro ocorre na adolescência, entre 13 e 15 anos, às vezes até antes, e pode durar muito tempo.

    A primeira agressão contra o próprio corpo costuma ocorrer num momento de raiva ou angústia intensa. Bater a cabeça contra a parede ou dar um soco contra uma porta podem ser os primeiros actos. Depois, começam as queimaduras e cortes com instrumentos como facas, estiletes, compassos e arame. A pessoa percebe que se acalmou após a auto-agressão, e começa a usar isso para diminuir a dor psíquica.

    A busca por essa sensação de alívio é o motivo mais comum para a auto-mutilação. Mas, se algumas pessoas fazem isso para se castigar, há outras que o fazem como artifício para chamar a atenção de familiares. Esses casos de carência, no entanto, são raros, pois, as pessoas que se auto-mutilam sabem que esse comportamento não é aceite pela sociedade e, assim, agem em segredo. É isso que impossibilita muitas pessoas de contar para a família e, principalmente, de procurarem ajuda sozinhas.

    Por: Joana Dias

     

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