Na encruzilhada do presente...
– a contas com o passado e com o futuro!
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Fotos URSULA ZANGGER |
Em bom rigor o presente quase não existe, posto que na voragem do tempo o presente esfuma-se no exacto momento em que o vivemos. Daí que, para perspectivarmos o futuro, somos levados a questionar-nos sobre o passado, e, então, aqui, repartido em dois patamares: o passado mais recente e o passado mais remoto.
Esta solução, obviamente, mais prática, não nos alivia substantivamente a angústia, contudo, permite-nos ensaiar distintas formas de abordagem ao tema.
Parece que não restam dúvidas a ninguém, minimamente consciente do seu papel na sociedade em que se integra, de que para sabermos para onde queremos ir devemos saber, primeiro, de onde vimos, e, já agora, quem somos, não forçosamente num cúmulo de múltiplas e complexas partículas, mas, enquanto indivíduo completo, tanto física como espiritualmente. O Homem no seu todo, fruto dos seus, de si e da sua circunstância.
O ente que nos interessa no estudo do folclore e da etnografia é exactamente este Homem (ou Mulher, como é óbvio), a quem queremos conhecer o rasto do tempo que o trouxe até aos nossos dias, para podermos sinalizar as características do seu ser, das suas atitudes face à vida, das suas manifestações lúdicas e festivas, do seu sofrimento, da sua estrutura social e comunitária, dos seus receios, das suas ansiedades e das suas expectativas, do seu tempo e do modo como se soube inter-relacionar com os outros.
Porque, para além de nós, há sempre os outros, que jogam um papel mais importante nas nossas vidas e na nossa cultura do que, muitas vezes, damos conta.
Por isso, devemos sempre pensar em nós e nos outros!
Por: Ludgero Mendes (*)
(*) Resumo da comunicação apresentada no 2º Fórum de Etnografia e Folclore.
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