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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 15-04-2007

    SECÇÃO: Destaque


    Poetas de Abril

    A poesia está intimamente ligada a Abril de 1974 e com ela Zeca Afonso.

    Para além da Grândola Vila Morena, transformada em “hino” do 25 de Abril, Zeca Afonso – o poeta, compositor e cantor – ficará para todo o sempre como o símbolo da Revolução.

    “A Voz de Ermesinde” não podia deixar de lembrar Zeca Afonso neste 25 de Abril, vinte anos depois da sua partida, porque o Zeca não morreu, ele permanece entre nós através da sua música, da sua poesia, do seu exemplo de coerência, de lutador, de seriedade para com os outros e para consigo próprio.

    E é através de Zeca Afonso que homenageamos todos os poetas de Abril, todas as mulheres e homens deste país, que fizeram da sua escrita uma arma, que encheram este país de vozes que desceram à rua, que fizeram da revolução uma festa, que em festa denunciaram e falaram ao povo em discurso directo, compreensível e belo.

    E porque a voz é deles, devolvamos-lhe a palavra.

    CANTO MOÇO

    Somos filhos da madrugada

    Pelas praias do mar nos vamos

    À procura de quem nos traga

    Verde oliva de flor no ramo

    Navegamos de vaga em vaga

    Não soubemos de dor nem mágoa

    Pelas praias do mar nos vamos

    À procura de manhã clara

    Lá do cimo de uma montanha

    Acendemos uma fogueira

    Para não se apagar a chama

    Que dá vida na noite inteira

    Mensageira pomba chamada

    Mensageira da madrugada

    Quando a noite vier que venha

    Lá do cimo de uma montanha

    Onde o vento cortou amarras

    Largaremos p'la noite fora

    Onde há sempre uma boa estrela

    Noite e dia ao romper da aurora

    Vira a proa minha galera

    Que a vitória já não espera

    Fresca, brisa, moira encantada

    Vira a proa da minha barca.

    Zeca Afonso

    Pintura VIEIRA DA SILVA
    Pintura VIEIRA DA SILVA

    ABRIL DE SIM ABRIL DE NÃO

    Eu vi Abril por fora e Abril por dentro

    vi o Abril que foi e Abril de agora

    eu vi Abril em festa e Abril lamento

    Abril como quem ri como quem chora.

    Eu vi chorar Abril e Abril partir

    vi o Abril de sim e Abril de não

    Abril que já não é Abril por vir

    e como tudo o mais contradição.

    Vi o Abril que ganha e Abril que perde

    Abril que foi Abril e o que não foi

    eu vi Abril de ser e de não ser.

    Abril de Abril vestido (Abril tão verde)

    Abril de Abril despido (Abril que dói)

    Abril já feito. E ainda por fazer.

    Manuel Alegre

    Por: Fernanda Lage

     

     

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