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    Arquivo: Edição de 20-12-2006

    SECÇÃO: Crónicas


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    MATAI-VOS UNS AOS OUTROS!

    A nova Idade Média (a dependência total)

    Um mundo de pesadelo ainda mais obscuro e tenebroso do que a Idade Média Antiga, é um dos destinos possíveis.

    Com a mecanização, a automação, a cibernética, a nanotecnologia, a informatização, os telecomandos, o avanço das comunicações, tudo mudou. As pequenas empresas, sem possibilidade de se apetrecharem com as novas tecnologias, vão desaparecendo. Restam as mais fortes que gravitam, cada vez mais, à volta da cada vez mais poderosa World Company que se vai impondo como empresa única, uma holding que vai absorvendo todo o mercado mundial. Tudo tende agora a uniformizar-se e a unificar-se. Após a Globalização, temos agora a inevitável Absorção e Concentração.

    Os proletários são menos, quase não existem, pois as novas tecnologias só admitem agora técnicos altamente especializados que ganham bem e aburguesaram-se, juntamente com uma elite de licenciados, executivos gestores e coadjuvantes da Administração dos grandes grupos que vão sobrevivendo na selva agressiva do mercado mundial. Subsistem alguns artesãos que se integram na indústria turística e alguns desqualificados para serviços menores, que já pouco pesam no mercado de trabalho. O resto é o desemprego crescente que alimenta o sub-mundo marginal do vício e do crime. É o mundo dos excluídos, dos excedentários, transformados em detritos humanos sem direitos nem garantias.

    Os trabalhadores, aquelas massas de proletários a reivindicar em grandes manifestações, do tempo do trabalho manual e artesanal, desapareceram. Já não há operários, camponeses, soldados e marinheiros para fazerem a revolução proletária. A globalização, o abandono dos campos, a evolução das forças armadas, pôs fim a tudo. A manipulação genética dos produtos agrícolas, acabou com a agricultura natural e tradicional de subsistência. As grandes empresas agrícolas do grande capital são que exploram os solos modificados e contaminados. O mesmo acontece com a pecuária e as pescas substituídas pelo aquacultura por produção aquícola em viveiros, dada a poluição dos rios e dos mares. Todos ficaram dependentes da dispendiosa tecnologia que o capital detém. Para o efeito, as pequenas comunidades agrícolas e pecuárias que se mantinham independentes e que em tempos se bastavam a si mesmo, foram sistematicamente destruídas com o abandono dos trabalhadores agrícolas aliciados com subsídios, reformas e a melhor qualidade de vida dos meios urbanos, da sociedade-padrão criada pelo consumo. A World Company, o grande capital quis substituir a Natureza na alimentação dos humanos como já o tinha feito com os animais domésticos. Não resistiu à perspectiva de tão grande negócio e o resultado foi a dependência total a que chegou a Humanidade.

    Os subsídios são pouco e vão desaparecendo. Com a falência do Estado Social, já não há reformas nem pensões. Os seguros de pensões são só para aqueles que dão lucro e podem pagar. Fora os poucos privilegiados que vão tendo emprego, só há mafias, bandos, prostitutas, homossexuais, ladrões, assassinos, seguranças, capangas, traficantes e dealers. Bandos de indigentes e marginais tentando sobreviver, no dia a dia, numa selva de cimento onde o mínimo descuido se paga com a vida.

    Com o fim das nações e o desemprego crescente, multidões de vagabundos migrantes, sem Deus, nem Pátria nem Família que lhes tiraram, vagueiam pelo mundo, errantes, à procura das suas origens, do refúgio da Pátria perdida que não encontram, porque foi devassada por hordas de migrantes famintos que a destruíram com a abertura das fronteiras à livre circulação de capitais, pessoas e bens. Oferecem os seus serviços desqualificados, quase de escravos, às classes privilegiadas, aos detentores do capital e seus empregados. São os excluídos que já não têm lugar na Sociedade padrão saturada. Estão fora do Estrato social padronizado e já não têm protecção de nada. Não têm sindicatos, não têm assistência, não têm reformas nem subsídios, nem o abrigo da Pátria destruída. Nem o consolo da Fé que lha tiraram. Ainda estão pior do que os pobres da outra Idade Média Antiga que, além da Pátria e da Fé, tinham o refúgio da gleba que os sustentava, ao abrigo dos senhores.

    AGENTES

    SUBALTERNOS

    Os governos são simples agentes subalternos dos senhores do mundo, dos detentores da moeda que ditam as suas leis. A classe empresarial dominante, os novos nobres, disputam o controle das acções da World Company no novo World Trade Center reconstruído. São os senhores feudais da nova Idade Média que se aproxima e, dos seus feudos económicos, partem para guerra que fazem entre si, com as suas mesnadas de colaboradores, empregados e lacaios, brandindo os pendões onde estão gravados os seus brasões de armas que representam as marcas e logotipos das suas empresas e grupos: Sony, Mitsubishi Motors, Microsoft, MacDonalds, Coca Cola, Ford, GM, GE, Panasonic, GoodYear, Compaq, IBM, Philips, Siemens, Audi Volkswagen, Kodak, etc.. E o maior predador do Mercado, o poderoso grupo da World Company, com os seus batalhões, a World Motors, World Chemical, World Petrol, World Sinthetic Food (Popular Meals), Universal Technoloy Trust, World Medica, World Systems, World Center Bank, World Monetary Fund, World Electrical Energies, World Nuclear Power, World Assurances, World Airways, World Railways, World Technical Meat, World Fish Products, World Genetical Fruits, World Roadways, World Health Systems, World Movies, World Casinos, etc..

    Que lindas e coloridas guerras deverão ser estas com tanto pendão ao vento num campo de batalha imenso, o mundo, All World.

    Com a absorção de empresas e negócios, no após- -Globalização, começa a centralização e a unificação, ou seja a fase da concentração. Tudo concentrado e controlado a caminho da absorção total pelo grande capital cada vez mais concentrado na World Company, SA que dispõe de alta tecnologia para sua defesa e poderio. Os senhores do mundo que disputam entre si o controlo da World, vivem luxuosamente com os seus colaboradores mais directos, em condomínios fechados, autênticas fortalezas medievais protegidas por muralhas electrónicas de alta segurança, intransponíveis, com seguranças por todo o lado. Não têm dificuldade em recrutar serventes, pois todos anseiam entrar ao serviço da classe dominante, abandonando a selva de cimento superpovoada onde lutam ferozmente pela sobrevivência.

    Cá fora, nas ruas, na amálgama do cimento armado, os tiroteios são contínuos, as pressões são cada vez maiores. São os desempregados à procura de trabalho de algo que os integre e sustente; são a escumalha, os marginais, os indigentes sem abrigo, criminosos que, em bandos e tribos urbanas, tentam sobreviver, assaltando, matando, alimentando a vida nocturna, o vício, o jogo a prostituição, criando esquemas que os eleve à classe superior detentora do capital. Muitos ficam pelo caminho, os mais fortes os mais dotados, lá conseguem chegar ao Estrato ansiado. Penetraram no óvulo. São os vencedores e os vencidos.

    O MUNDO

    MATERIAL

    DA SELVA

    Nada mudou. No mundo material da selva, sem Fé nem Moral, nem princípios, continua a dinâmica da selecção natural de há milhões de anos, que leva à evolução e preservação das espécies, pela via do estímulo do prazer como incentivo à satisfação das necessidades corpóreas.

    Perante tanta pressão e tanto tiroteio dos marginais e famintos, os alienados do capital e dos negócios, os senhores do mundo, aqueles que quiseram substituir a Natureza no sustento da Humanidade e que só conseguiram destruir e tornar aquela multidão de excluídos e vencidos, dependente e sem dignidade, não encontram soluções para o problema, não sabem o que lhes hão-de dar. Esqueceram-se dos Ensinamentos, do principal, do Amai-vos uns aos outros e a única solução encontrada foi gritar-lhes, do alto das muralhas das fortalezas onde vivem e dominam: Matai-vos uns aos outros e... comei-vos!

    O REAGENTE

    À ACÇÃO

    GLOBALIZADORA

    E OPRESSORA

    Mas um ser dotado de Razão e Consciência não pode regredir nem aviltar-se assim e tudo começa a tornar-se claro a tornar-se evidente. Foi só uma experiência e acordam do sonho consumista alienante, agrupando-se novamente em tribos, clãs e nações. Organizam-se novamente, protegendo-se dos impérios globais predadoras dos espaços abertos e da livre circulação dos seus interesses. Não mais quiseram moedas nem dinheiro que foi banido da nova Sociedade que passou a viver de conformidade com os Ensinamentos que tinham esquecido, em solidariedade, retirando o alimento com o suor do rosto em territórios ainda não poluídos.

    O valor do capital não tardou a cair e logo ruíram as fortalezas que o guardavam. Bastou tirar-lhe o valor virtual que ostentava, dispensando-o. Afinal durante centenas de milénios, o Homem viveu e sobreviveu sem aquilo, para que iria agora escravizar-se a algo que o estava a destruir e tão dispensável para a vida?

    Eis o reagente à acção globalizadora e opressora da alta finança que é viver solidariamente, como Deus mandou, em pequenas comunidades auto-suficientes, amando-se e respeitando-se uns aos outros.

    Por: Reinaldo Beça

     

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