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    Arquivo: Edição de 15-11-2006

    SECÇÃO: Destaque


    Fotos RUI LAIGINHA
    Fotos RUI LAIGINHA
    DEBATE DA CONCELHIA DO PS COM O MINISTRO DA SAÚDE

    Correia de Campos justificou medidas com critérios de «igualdade na qualidade»

    O Salão Nobre da Junta de Freguesia de Valongo encheu-se, no passado dia 6 de Novembro, com os militantes socialistas a acorrerem em massa, salvo algumas significativas excepções, para assistir e participar no debate organizado pela Comissão Política Concelhia de Valongo e subordinado ao tema “Que política de saúde?”. O motivo do inusitado interesse era a presença do ministro da Saúde, Correia de Campos.

    Após uma breve introdução proferida pelo líder da Concelhia valonguense do PS, Orlando Rodrigues, o ministro Correia de Campos entrou a matar, propondo para discussão, dirigindo-se à assistência socialista: «os três problemas que estão nas vossas cabeças!».

    E, ele próprio, elencou:

    – «Sr. Ministro, porque anda a encerrar urgências?»

    – «Sr. Ministro, porque é que vamos pagar taxas moderadoras nas cirurgias e medicina ambulatória?

    – «Sr. Ministro, não está você a destruir o Serviço Nacional de Saúde?

    E iniciou as explicações que os militantes socialistas queriam ouvir. Que as urgências não se destroem, mas se requalificam. Que cada uma tem que ter, pelo menos, dois cirurgiões, dois anestesistas e três enfermeiros, mas que estas equipas têm que fazer cirurgias e prestar serviços, em vez de ficar paradas à espera. Se não o fizerem, as listas de espera das cirurgias vão aumentando.

    Correia de Campos considerou insustentável ter equipas que concretizam apenas 500 cirurgias por ano.

    Passou depois para outra questão, a da igualdade na acessibilidade aos serviços de saúde.

    «Trata-se de um problema de qualidade, não de proximidade». O objectivo seria garantir uma qualidade sensivelmente igual para todos, e não apenas para os utentes dos cuidados de saúde na proximidade de Lisboa e Porto.

    Se não se fizerem agora estas reformas estruturais, daqui a cinco anos será tarde, avisou ainda o ministro. E perguntou depois: «Estamos a fazer alguma coisa diferente do Programa do PS»? E essa foi a questão que ficou no ar.

    Passou depois a responder à segunda questão, a das taxas moderadoras. Esclarecendo primeiro que um vasto leque de camadas populacionais não as paga, como crianças até 12 anos, desempregados, doentes diabéticos, cancerosos, tuberculosos, reformados abaixo da pensão mínima, dadores de sangue, bombeiros e outras categorias de utentes. E por isso mais necessário se faria que outros, com essa capacidade, pudessem suportar o sistema.

    Correia de Campos comparou depois os preços das estadias hospitalares com os preços das estadias num hotel de cinco estrelas, referindo até um famoso hotel de Paris, relativamente ao qual foi logo acrescentando nunca lá ter estado.

    E, cinicamente, defendeu: ora, «cinco euros por um internamento ou dez euros por uma cirurgia, entre outras coisas, acelera a alta. E o máximo que se pode pedir são 50 euros».

    Mas o ministro tranquilizou ainda: «Se houver pessoas que não tenham isenção de taxas e não puderem pagar, não serão expulsas dos hospitais por isso». Tal como não o são noutros lugares, também não o serão aqui.

    Para responder à terceira questão, Correia de Campos começou por considerar o Serviço Nacional de Saúde como o «mais importante equalizador social desde 1974». E referiu as estatísticas da queda da mortalidade infantil e da subida da esperança de vida. Mas passou depois a analisar o reverso da medalha. Um «sistema em que ninguém fazia contas» e em que o preço dos medicamentos vinha constantemente a crescer. Tal como um peso excessivo de trabalho em horas extraordinárias.

    Referindo ter o Ministério da Saúde conseguido reduzir o número e horas extras, perguntou: «Alguém se queixa? Pelo contrário. Até oferecemos mais cuidados».

    E abordou a questão da negociação do preço dos medicamentos com os representantes da indústria e as não poucas vezes que estes teriam ameaçado retirar as indústrias de Portugal caso fossem obrigados a baixar o preço dos medicamentos. Só que a situação na Europa, com a França e a Espanha, por exemplo, a baixar recentemente em muito o preço dos medicamentos favorecia essa via também em Portugal.

    Falando depois sobre o encerramento de algumas maternidades, Correia de Campos anunciou que o recurso ao sector privado não tinha subido, antes pelo contrário, e que era de satisfação o tom geral dos utentes dos serviços de saúde reformados, agora com as “novas” maternidades.

    O ministro comentou depois, ironicamente, que se os utentes estavam satisfeitos, era agora preciso começar a convencer os mais de noventa mil militantes do PS. «Antes de falar contra a política de saúde, deve ler-se o programa do Governo – que é o programa do PS, e a Constituição.

    E terminou, acusando: «A Direita é covarde e também não ataca o Serviço Nacional de Saúde (SNS) porque toda a gente gosta do SNS».

    EPÍLOGO

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    No final, o presidente da Federação Distrital do Porto, Renato Sampaio, deu os parabéns à Concelhia de Valongo pela organização da iniciativa e “confessou” o seu sistemático empenho em apoiar o Governo socialista. «É o Governo mais reformista desde o 25 de Abril», elogiou o líder do PS Porto, que seguidamente considerou ser o PS o partido que melhor incorpora as críticas ao seu próprio Governo. «O PS tem que estar todo unido!», apelou Renato Sampaio, que definiu como pilares da política socialista a sua actividade no Governo, no Parlamento e no Partido.

    No final, o ambiente de sucesso do debate promovido pela Concelhia era evidente.

    Notaram-se, todavia, algumas ausências, em particular entre os vereadores do PS na autarquia valonguense, sendo Ilídio Lobão o único presente.

    Por: LC

     

     

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