O quilombo de Palmares
O quilombo de Palmares terá sido, provavelmente, o maior quilombo alguma vez criado no Brasil. Têm-se a propósito dele os primeiros registos, em 1580, a propósito de vários acampamentos de escravos fugidos para a serra da Barriga, zona de difícil acesso. Mas o quilombo – estes acampamentos devem entretanto ter-se unido – iria crescer exponencialmente com as lutas pelo controlo comercial entre as grandes potências europeias da época.
A luta da União Ibérica contra os holandeses (Portugal estava então sob domínio dos Filipes) levou a que se desse a alforria a muitos escravos que, ao invés de irem lutar contra os holandeses fugiram para se juntar ao quilombo de Palmares. O quilombo estruturou-se, cresceu e viria a sobreviver por mais de um século, derrotando repetidamente o exército português – o seu líder, o rei Zumbi, foi morto numa emboscada em 1695 .
O grande escritor, ligado ao movimento surrealista francês Benjamin Péret é autor de um livro, “O Quilombo de Palmares”, ed. Fenda), em que se explica a grande importância desta nação negra rebelde. O historiador autodidacta Edgar Rodrigues, um dos maiores especialistas da história dos movimentos sociais e operários do Brasil e Portugal, coloca o Quilombo de Palmares como um dos momentos mais altos da história utópica da humanidade.
O facto de não existir um poder hierárquico de facto, pese embora o prestígio de Zumbi na época mais avançada do quilombo, remetia a estrutura do poder para uma expressão mais circular, o que evoca a criação da roda na capoeira, onde todos os participantes são iguais, não se distinguindo – inclusive homens e mulheres – na sua participação. É uma pista para o surgimento da roda na capoeira.
Por:
LC
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