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    Arquivo: Edição de 30-08-2006

    SECÇÃO: Destaque


    2º ANIVERSÁRIO DA DELEGAÇÃO DE ERMESINDE DA APVG

    Só carne para canhão?

    Decorreu no passado dia 29 de Julho o segundo aniversário da instalação da Delegação de Ermesinde da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra. O evento contou com a presença do vice-presidente da Direcção nacional Augusto Freitas, de representantes das delegações da Associação vindos de todo o País, e de numerosos convidados, tendo tido o seu ponto alto com a realização de um almoço no qual usaram da palavra muitos dos associados presentes.

    As comemorações contaram ainda com a celebração da eucaristia católica, uma romagem ao cemitério de Ermesinde em honra dos militares falecidos, e um convívio realizado na sede da delegação de Ermesinde.

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    O evento contou também com a presença do presidende da Junta de Freguesia, Artur Pais.

    A estes homens, enviados para terra alheia, para cumprirem a «missão de defenderem a Pátria», tudo se lhes pediu: afastamento da terra e dos entes queridos, sacrifícios, dor, o exercício da maior violência e, por vezes, até a vida.

    Mas depois de voltarem, o mesmo Estado que os utilizou ao seu serviço, esquece que existem e nega-lhes até o mais elementar direito de verem reconhecidas as mazelas mais dramáticas, até porque exteriormente são menos visíveis. Muitos destes homens, se não perderam uma perna ou um braço, arrancados por uma mina, perderam lá um companheiro, ou foram arregimentados para praticar actos que por muito que o queiram esquecer, ficaram dentro, emboscados nos meandros da memória, como as perdas dos amigos ou as visões do horror.

    Muitos destes homens revivem hoje estes momentos de intenso pânico, amargura, revolta, arrastando no seu inferno a família, e querem, justamente, que se lhes reconheça, também, o direito à saúde e à indemnização pelas incapacidades que lhes foram causadas.

    Este é um dos principais factores que marca a natureza e objectivo da Associação Portuguesa de Veteranos de Guerra.

    A delegação de Ermesinde, cumprido agora o seu segundo aniversário, juntou os associados e companheiros de outras delegações e viveu uma jornada comemorativa de saudade, mas também de determinação.

    De manhãzinha realizou--se uma celebração católica e procedeu-se a uma romagem ao cemitério de Ermesinde, onde foram depostas coroas de flores em memória dos que já partiram. O presidente da Junta de Freguesia, Artur Pais, acompanhou estas comemorações desde o seu início. Logo depois, na sede da Associação realizou--se um pequeno convívio, que antecederia o momento mais alto, um almoço num dos mais conhecidos restaurantes da Cidade.

    Depois do repasto, alguns dos presentes usaram da palavra, tendo este período de intervenções sido aberto pelo presidente da delegação de Ermesinde, Luís Pinheiro, que agradeceu a presença de todos e manifestou a sua indignação perante um mundo em que muitas vezes «o homem é lobo do próprio homem».

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    Artur Pais, presidente da Junta de Freguesia, usou também, brevemente da palavra, prometendo sensibilizar a Câmara para as questões dos veteranos de guerra.

    ESQUECERAM-SE DE NÓS!

    Augusto Freitas, vice-presidente da Direcção nacional confessou que «já foi político» e que, sabia pois, como era fácil, por vezes, prometer.

    E lembrou: «Diziam-nos que o nosso país era enorme», mas não era verdade. Somos grandes, sim, pela Língua, espalhada por todo o mundo.

    «Os governantes do nosso País esqueceram-se da nossa existência. Teremos que ser nós, nos lugares próprios e na sociedade civil, a lutar para que os políticos dignifiquem o que foi a nossa participação no campo de batalha».

    Saudando depois a delegação ermesindense, o vice--presidente devolveria a palavra a Luís Pinheiro, que convidou os associados presentes a dizerem algumas palavras. Seguiram-se muitas intervenções de delegados de vários locais e de outros associados de Ermesinde, questionando práticas e sugerindo formas de intervenção.

    Augusto Freitas voltaria ainda à palavra pedindo para que os associados interviessem mais nos órgãos e assembleias da associação, e lembrando o trabalho desta, na área da saúde e noutras de interesse para todos.

    Por: LC

     

     

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