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    Arquivo: Edição de 30-07-2006

    SECÇÃO: Destaque


    Foto MANUEL VALDREZ
    Foto MANUEL VALDREZ

    O actual e preocupante quadro do (des)emprego no concelho de Valongo

    Uma comitiva do núcleo concelhio do Bloco de Esquerda (BE), composta por Eduardo Valdrez, Fernando Monteiro e Carlos Basto, efectuou no passado dia 21 de Julho uma reunião com o director do Centro de Emprego de Valongo, Vítor Pinheiro. Reunião que surgiu no âmbito da “Marcha pelo Emprego”, uma iniciativa do BE que percorrerá grande parte do país no próximo mês de Setembro, e que trará à superfície as questões em torno do emprego e da precaridade. Neste contacto com a entidade de Valongo os dirigentes do BE local inteiraram-se de alguns números e dados referentes à problemática do desemprego no concelho, e ao que “A Voz de Ermesinde” conseguiu apurar junto dos bloquistas – após a reunião – a situação do emprego no concelho de Valongo está longe, muito longe, de ser positiva.

    À semelhança do que acontece um pouco por todo o país, também o concelho de Valongo vive dias complicados em relação à questão do emprego. O desemprego e a precaridade são uma realidade cada vez mais evidente num concelho que apresenta números e dados preocupantes em redor deste flagelo social. Informações que puderam ser extraídas da recente reunião que uma delegação do BE de Valongo realizou junto do centro de emprego local.

    Assim, e em termos numéricos – segundo dados referentes ao mês de Junho –, o Centro de Emprego de Valongo (CEV) comportava um total de 5 940 utentes, o correspondente a uma taxa de desemprego de 13,15 %, sendo que nesta mesma altura a taxa de desemprego no país era de 8 %. As estatísticas apontam que, destes inscritos, 3% possui uma formação académica inferior ao 4º Ano de escolaridade, sendo que no concelho o flagelo do desemprego afecta mais mulheres do que homens. Ainda segundo dados fornecidos pelo BE, dos 5 940 utentes inscritos 575 (cerca de 10 %) inscreveram-se no CEV precisamente no mês de Junho, numa altura em que o emprego sazonal costuma crescer exponencialmente, ficando desta forma evidente a gravidade da situação no concelho. Ainda em relação ao mês de Junho o número de ofertas de emprego para estes 575 novos utentes foi de 93, ou seja, por cada seis desempregados existiu uma oferta de emprego. Os números comprovam também que a procura é actualmente bastante superior em relação à oferta.

    No documento bloquista pode ler-se que «estando Valongo muito pior do que a média nacional, a diminuição do desemprego no concelho teria de ser muito superior à diminuição nacional para equilibrar o “prato da balança”», não sendo, no entanto, essa a realidade. «A variação homóloga, de Junho de 2005 para Junho de 2006, indica uma diminuição do desemprego de 4,6% a nível nacional, uma diminuição de 4,5% na Região Norte e de 4,7% no concelho de Valongo. Isto quer dizer que o desemprego diminuiu mais em Valongo do que no resto do Norte do País, mas com uma diferença tão ligeira que [se] tornará numa miragem descer a taxa de desemprego local para os níveis nacionais». Preocupante é também, para o BE, a variação homóloga do desemprego no segundo trimestre de 2005 em comparação com o segundo trimestre deste ano, ou seja, em termos comparativos verifica-se que em relação à tendência nacional e da Região Norte, o desemprego cresceu em Valongo 2,4%, sendo que na Região Norte desceu 6,8%. «Ou seja, nos últimos meses Valongo apresenta uma situação muito má e ainda se torna comparativamente pior. A escassa quebra do desemprego em Junho é muito pequena para contrabalançar a subida dos meses antecedentes», analisam os bloquistas.

    RESISTÊNCIA EMPRESARIAL À FORMAÇÃO PROFISSIONAL

    Nesta sua reunião com o CEV, os bloquistas procuraram igualmente ficar a par das actividades que estão actualmente a ser desenvolvidas pela entidade, essencialmente na vertente da formação profissional. Ficou então a saber-se que o CEV procura, de momento, desenvolver um projecto de formação dentro das próprias empresas do concelho, uma iniciativa que tem encontrado muita resistência por parte das empresas valonguenses, com a justificação de falta de condições estruturais para que essa mesma formação possa ter sucesso. Neste ponto não podemos esquecer que o tecido empresarial valonguense é formado essencialmente – cerca de 80 % – por micro-empresas, na sua maioria com cinco ou seis funcionários a trabalhar em espaços pequenos, estando provavelmente aqui a justificação para esta resistência em relação ao projecto da formação profissional dentro dos próprios locais de trabalho.

    Outro aspecto a salientar extraído desta reunião prende-se com o facto de o CEV receber pedidos de emprego para certas actividades profissionais – a indústria da panificação é um exemplo claro – e deparar-se com muitas dificuldades para responder a essas solicitações já que, na maior parte das vezes, não existem profissionais qualificados para exercer a actividade.

    Dado de relevo é também a opção da maioria das empresas do concelho em recrutar ao CEV pessoal com baixos níveis de formação em detrimento de funcionários com formação superior (licenciados e bacharéis).

    Após a contestação de todos os dados e estatísticas em torno da questão do emprego, os dirigentes do BE classificaram como grave a actual situação vivida pelo concelho nesta temática. Opinam ainda que esta é uma situação para a qual a Câmara Municipal de Valongo não tem conseguido dar respostas, antes pelo contrário, reforçando esta sua visão com a teoria de que a autarquia, em 12 anos de gestão PSD, nada fez em termos de fixação e promoção do emprego no concelho. «Não vemos da parte da Câmara qualquer plano de contingência visando tornar o investimento em Valongo atractivo. Este concelho está tristemente parado e milhares de concidadãos nossos passam imensas dificuldades perante a inoperância, a passividade e a incompetência desta autarquia. Gastou-se o dinheiro que havia e o que não havia em obras de fachada e não se apetrecharam as zonas industriais com as infra-estruturas necessárias», frisam os bloquistas, para quem, e de acordo com os números e dados recolhidos, o concelho de Valongo está bem na cauda da Área Metropolitana em termos da empregabilidade.

    (Com base em dados fornecidos pelo Bloco de Esquerda após a reunião com o Centro de Emprego de Valongo)

    Por: Miguel Barros

     

     

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