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    Arquivo: Edição de 30-07-2006

    SECÇÃO: Arte Nona


    O Demónio da Torre Eiffel

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    Não é a primeira vez que nos referimos aqui a Jacques Tardi, incontornável autor francês, próximo da História e da Literatura e que, assim, com alguns outros artistas, é um dos quadrinistas que mais têm feito para cimentar a Banda Desenhada como arte maior e respeitada no cotejo com as outras.

    O livro que aqui hoje apresentamos, “Le Démon de la Tour Eiffel”, da série das Aventuras Extraordinárias de Adèle Blanc-Sec, e que tem por cenário a cidade de Paris anterior à Primeira Guerra Mundial (a cena passa-se mais precisamente nos finais do ano de 1911), além do retrato da cidade em que este autor é mestre, traça-nos também o perfil de uma das seitas pré-apocalípticas que crescem sempre como moscas quando se aproximam as grandes desgraças.

    A obra data já de 1976 e, naturalmente, não é novidade nenhuma, apresentando mesmo um Jacques Tardi ainda em processo de crescimento, denunciando aqui e ali um certo pendor naïf, embora se pudesse também lá apreciar já, quer a fluência narrativa deste autor – claramente um contador de estórias que se exprime também com a imagem – quer a precisão realista do seu traço, no décor– paisagens, casas, ambientes –, oposta à simplificação das personagens, mais próxima dos cânones da linha clara.

    Mas então, qual o interesse maior em referirmos esta edição, datada já de 2003, mas ainda assim, muito contemporânea, com cerca de 27 anos de lastro sobre a edição original?

    Para além do que deixámos dito – e não retirámos – para nós o interesse maior reside precisamente na própria edição.

    Por ser extremamente cuidada, magnífica, um objecto desejável?

    Nada disso!

    Ou melhor, precisamente o contrário (?!). O que achamos interessante nesta edição de “Le Démon de la Tour Eiffel” é tratar-se de uma edição de pequeno formato (de bolso), em papel barato – reciclado provavelmente –,editada na colecção BD Librio das edições Casterman, mas que, sendo embora um volume muito mais perecível – por exemplo, as folhas tendem a soltar-se com facilidade –, representa um esforço e um passo no bom sentido – na nossa opinião – para a democratização do livro.

    O volume que adquirimos, numa dessas gigantes da distribuição de artigos multimédia, custou-nos menos de dois euros, e se mais não fosse, chegava, ao menos, para nos pôr em contacto com um autor já aureolado com o Grande Prémio de Angoulême, em 1985.

    Ilustrador de Júlio Verne, Céline, Prévost, adaptou também à Banda Desenhada o trabalho de vários escritores (Léo Malet, Didier Daeninckx, Daniel Pennac, Jean Vautrin), para além de algumas experiências a duas ou três mãos (com Jean-Claude Forest ou com Thierry Jonquet e Jacques Testard).

    Queremos dizer que é uma proposta para não desprezar. E mesmo e que talvez pudesse vingar num mercado como o nosso.

    Por: LC

     

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