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    Arquivo: Edição de 30-04-2006

    SECÇÃO: Crónicas


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    A concentração

    Uma autêntica febre que está a surgir é o que lhe chamou o locutor da SIC, durante o noticiário, perante esta paranóia das OPA do capitalismo caseiro. Como se isso não fosse compreensível e previsível há bastante tempo.

    O que se está a passar é uma amostra extemporânea do que vai ser o período pós-globalização económica. Os capitais têm tendência a concentrarem-se cada vez mais e entram, então, no período de absorção. Isto é um exemplo disso. Os grandes grupos económicos e financeiros, com os grandes lucros obtidos e consentidos (isto verifica-se em Portugal com a SONAE e a Banca), vão tentar absorver outras empresas estratégicas e até outros grupos, para investir, eliminar a concorrência e dominar cada vez mais os mercados. É o que eu chamo um autêntico “canibalismo” empresarial. Comem-se uns aos outros na selva do mercado global. Cada vez mais concentração e menos concorrência e cada vez grupos mais poderosos e dominantes, é a tendência, pois, na verdade, dinheiro faz dinheiro e os mais fracos são simplesmente engolidos pelos mais fortes.

    Até aqui nada de novo, é o que se passa no mundo natural, é a lei que rege o processo evolutivo dos seres vivos. Esta teoria económica da ordem natural já é velha vem dos fisiocratas do Sc. XVIII, percursores do liberalismo de Adam Smith e Stuart Mill e agora do neoliberalismo económico. É o laisser faire, deixar correr tudo sem intervenções estatais, desregulamentado, na ideia que o mercado regulamenta-se automaticamente. Só que, suponho eu, como seres racionais e civilizados, já não devíamos ser regidos pela lei da selva do acaso, do determinismo mas sim por leis racionais que devem ter em vista o bem social das populações. E, para isso, a esses grandes grupos económicos não devia ser permitido sugarem o povo como sugam e depois os concorrentes mais fracos, sob o olhar de governos subalternizados e submetidos aos interesses da Finança mundial e perante o espanto dos papalvos pelintras que são sugados porque querem viver acima das suas posses.

    Ilustração RUI LAIGINHA
    Ilustração RUI LAIGINHA
    Isto, como se disse, é apenas uma amostra da tendência que levará à grande Concentração do pós-globalização, à chamada World Company que tudo controlará e de quem a Humanidade dependerá se tudo assim continuar, com o capital a submeter a política aos seus interesses, pela via da chantagem da necessidade de investimento e da ameaça de fuga para outras paragens. Já estamos a assistir a esta situação, em Portugal, com um governo que se diz socialista, a cortar nas regalias sociais do seu povo, na Saúde, no investimento público, em toda a função social do Estado que passou também a seguir a tendência empresarial, enquanto os grandes grupos e os banqueiros apresentam lucros com aumentos de dois dígitos percentuais em relação ao ano transacto.

    O povo cada vez mais magro e a perder regalias sociais e os grandes grupos financeiros a engordar com milhares de milhões de lucros, grandes privilégios fiscais e ainda querem mais como taxar as operações de multibanco (MB)! Que “Socialismo” nos traz o PS e os demais partidos liberais, que nos está a levar à dependência total dos grandes sugadores universais!

    A Concentração será, pois, uma fase avançada do Processo de Globalização Económica em Curso (PROGLOBEC), processo este que visa a dependência total da Humanidade aos detentores da moeda, retirando aos humanos os meios próprios de subsistência primária e seleccionando elites de colaboradores, cada vez mais restritos, que garantirão o consumo selectivo. O resto serão os desempregados e desenraizados que irão engrossar as multidões de desintegrados e marginais excedentários do processo, sujeitos a condições de vida degradantes, que já vagueiam pelos arrabaldes dos grandes centros urbanos, formando aquilo a que já chamam a escumalha ou ralé sem quaisquer direitos nem garantias.

    É que vamos chegar a um tempo em que só os ricos terão direito a viver!

    Por: Reinaldo Beça

     

     

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