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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 30-04-2006

    SECÇÃO: Arte Nona


    Uma conversa sobre fanzines

    Enquadrado no festival “Copyriot – Gente sem Patente”, decorreu no passado domingo, dia 23 de Abril, uma “Conversa sobre Fanzines”.

    O tema – que era aberto, abordou não apenas o movimento fanzineiro no âmbito da Banda Desenhada, mas igualmente o fenómeno nas suas várias vertentes (musical, cinematográfica, política e outras...) muito embora tivesse bem presente a conversa se ter realizado no espaço do “Senhorio”, situado na Rua Duque de Loulé, no Porto, – e o “colectivo” da casa ter acabado de lançar uma fanzine de BD/ilustração três dias antes, além de acolher a presença de Marco Mendes e Miguel Carneiro, os editores da ainda mais recente “Cospe Aqui”. Esta publicação de BD, apresentando-se agora – ao contrário das suas predecessoras (“Paint Sucks”, “Lamb-Haert”, “Hum, Hum! Estou a Ver!...” e “Estou Careca e a Minha Cadela Vai Morrer”) – impressa em tipografia e dotada de depósito legal, poderá até permitir a dúvida sobre se poderá continuar a ser considerada um fanzine, mas...

    Foto URSULA ZANGGER
    Foto URSULA ZANGGER
    O impulso criativo e o desejo de comunicação com outros, aliados a uma grande dificuldade de edição estarão na base daquilo que é o rico fenómeno dos fanzines.

    A possibilidade de explorar formas de reprodução mais acessíveis, como a fotocópia, que ao contrário da fotografia, dispensa a necessidade de grandes tiragens editoriais, foi uma das razões apontadas para a ocorrência do fenómeno.

    Poderá ainda juntar-se, entre outras razões, o total controlo do processo de edição por parte dos próprios criadores, sem a obrigação de sujeitarem as suas obras a qualquer critério alheio, quer no domínio da exigência (ou suposta exigência) estética, que no dos critérios de selecção/exclusão assentes em qualquer crivo ideológico ou mesmo “cívico”.

    Um dos exemplos apontados na conversa seria o de Janus, um autor de BD que, não fora a edição de pranchas suas sobretudo no fanzine “Mosca” do editor Mário Augusto, presente na conversa, seria praticamente desconhecido. Autor quase ignorado, teria por publicar, ente outras, já há muito tempo uma obra com cerca de 100 pranchas.

    Este foi, aliás, um caso apontado na conversa, relativamente à BD, da dificuldade que sentem os autores, trabalhando em obras de maior fôlego, com grande dispêndio de tempo e energia, para depois, muito dificilmente chegarem a ver as suas obras publicadas de uma forma ou de outra.

    A conversa abordou também, entre outros assuntos, a diferença de atitude comum, entre autores e editores nos meios da BD e da música, com os primeiros geralmente disponíveis para a participação com obras suas em salões e outras formas de exibição pública, sem receio de que a divulgação dos seus trabalhos possa acarretar perca de vendas dos seus álbuns, e a resistência continuada das editoras musicais, em libertar pelo menos parte dos trabalhos dos autores, com medo que isto se reflicta numa quebra da venda dos CDs.

    O projecto da “Cospe Aqui” – publicação a que voltaremos brevemente –, o testemunho de outros editores presentes, no campo político, foram outros dos assuntos discutidos.

    Abordaram-se ainda algumas possibilidades negras de restrições futuras à liberdade de publicar, quer pudessem surgir por meio de uma exigência fiscal, quer por uma exigência de responsabilidade civil dos editores de fanzines.

    A conversa decorreu em ambiente descontraído mas muito proveitoso.

    Por: LC

     

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