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    Arquivo: Edição de 15-01-2006

    SECÇÃO: Arte Nona


    O último polícia honesto de Sin City

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    Glosando um tema que é tudo menos original nos comics norte--americanos – veja-se, em particular o cenário de Batman, que ainda recentemente abordámos nestas páginas (“A Voz de Ermesinde” n.º 742), Frank Miller conta-nos a história (um thriller) de um polícia incorrupto que tudo faz para salvar uma miúda das mãos de um pedófilo protegido pelas suas relações com o Poder e a polícia corrupta e, por sua vez, a tensão criada entre a vítima e o seu salvador.

    É este último e perturbador aspecto que merece fazer reflectir, de novo, a questão da pedofilia, que habilmente Miller introduz no seu cenário.

    A história de “Sin City – Aquele Sacana Amarelo”, editada em português pela Devir, em Julho de 2005, traz-nos pois uma das sagas da série Sin City, na qual abunda um humor ácido típico dos filmes negros.

    E, de facto, a estória foi mesmo já passada ao cinema, por Frank Miller e Robert Rodriguez, tendo como principais protagonistas Bruce Willis (no papel de John Hartigan, o velho e duro polícia incorruptível) e Jessica Alba (no de Nancy Callahan, a miúda de 11 anos salva das mãos do pedófilo, e que entretanto cresce – tem agora 19 anos e uma paixão profunda e longa por Hartigan).

    No cenário, para além do enredo, há toda uma mestria no desfiar da história, pontuada por salpicos de humor, como o que resulta dos diálogos da dupla de vilões secundários Klump e Sclubb, ou pela humanização extrema do herói, que sofre do coração e apresenta, por isso, uma debilidade física que realça a sua grande determinação mental.

    Mas é o trabalho gráfico de Frank Miller que nos aparece aqui como o mais surpreeendente.

    “That Yellow Bastard”, editado em Fevereiro de 1996 pela Dark Horse, é, como as outras obras da série, uma estória desenhada a preto e branco puros, expressionista, em que a pureza dos traços – medidos com a sobriedade de Miller, se encontra com a profusão das generosas manchas de preto que dão forma às personagens e aos décors da obra. Precisamente o mesmo...

    Só que, e de uma forma que surge insidiosa e provocatoriamente grotesca e forçada, juntamente com a cor preta – a única admitida por Frank Miller nesta estórias – surge, inopinadamente o amarelo, brutal, a despropósito, como se fosse um tumor, marcando assim desta forma tão exageradamente estranha, a personagem do vilão, o pedófilo psicopata Roark, filho de um hipócrita e muito poderoso senador.

    Fazendo, mais uma vez, lembrar as personagens de Batman, Roark é o sobrevivente – meio mutante – de uma série de operações para lhe salvar a vida e a virilidade – tarefa clínica, pelos vistos, apenas em parte conseguida.

    “Sin City” – a série –, conta já, para além do título original (“SinCity: Cidade do Pecado”), com uma larga série de títulos: “Booze, Broads and Bullets”, onze estórias curtas no universo da cidade, “A Dame To Kill For” (“Sin City: Mulher Fatal”), “Family Values”, “Hell and Back”, “Just Another Saturday Night”, “Silent Night”, “That Yellow Bastard”, “The Babe Wore Red”, “The Big Fat Kill” (“Sun City: A Grande Matança”, título da edição brasileira).

    Por: LC

     

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