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    Arquivo: Edição de 20-12-2005

    SECÇÃO: Crónicas


    D. ERMESENDA, A DEVOTA

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    Epílogo

    D. Ermesenda Gonçalves da Maia deixou o mundo físico em que viveu santamente ao findar o século undécimo, em 1099 da Era de Cristo, Nosso Senhor. Sua sobrinha, D. Maior Mendes da Maia, sobreviveu-lhe cerca de 16 anos, falecendo em 1115, após a morte dos seus irmãos Soeiro (1108) e Gonçalo Mendes (1110). Uma sua pupila e afilhada também de nome Ermezenda, que seguiu a vida monástica, herdou a orada e as terras de D. Ermesenda. Esta devota de nome Ermezenda ou Ermezinda Guterres, foi cunhada do sobrinho-neto de D. Maior, o célebre Gonçalo Mendes da Maia, o Lidador, pois era irmã da sua esposa, D. Gontinha Guterres.

    Segundo as versões mais modernas da História, o Lidador era filho de Mendo Soares e neto de Soeiro Mendes, o Bom e como tinha o mesmo nome do seu tio-avô Gonçalo Mendes de que atrás falámos, irmão do seu avô Soeiro, foi, durante muito tempo, com este confundido. Daí se dizer que o Lidador morreu numa corrida aos mouros, nas planuras alentejanas, a lutar, a cavalo, com um chefe mouro, já com a provecta idade de 95 anos, o que seria fisicamente impossível, mesmo para um homem saudável. E muito menos naquele tempo em que a média de vida era muito baixa. E ainda, para complicar mais os estudiosos de História, também tinha um irmão de nome Soeiro Mendes embora também tivesse outro irmão que era D. Paio Mendes, o arcebispo de Braga, coisa que o seu tio-avô e o seu avô não tiveram. E ainda, na mesma época, na família dos de Sousa ou Sousões, também havia dois irmãos, dois próceres importantes, com os mesmos nomes de Gonçalo e de Soeiro Mendes, tendo sido o Gonçalo mordomo-mor de D. Afonso Henriques. Todos estes nomes iguais que, devido à adopção de apelidos patronímicos, eram muito vulgares na época, não há dúvida que davam origem a grandes confusões aos investigadores ou pesquisadores dos factos históricos.

    D. Ermezenda Guterres, a afilhada e pupila de D. Maior, entrando na vida monástica, foi abadessa do mosteiro de San Cristóforo (Cristóvão) de Rio Tinto a quem o jovem rei D. Afonso Henriques doou o couto de Rio Tinto, em 1141. Supõe-se ter sido na altura em que se procedeu à reforma de alguns mosteiros dúplices (monges e monjas) para acistanos, conventos apenas de monjas, com o fim de recolherem as filhas solteiras dos senhores do Norte, sobretudo da média e da pequena nobreza que começavam a adoptar a estrutura familiar das linhagens, excluindo algumas filhas do casamento1. Esta reforma abrangeu além de Rio Tinto, Vairão, Arouca, Recião, Tarouquela, Semide, Tuías (Marco), Gondar e outros.

    Assim, aquela que foi uma airosa terra, banhada pelo Leça, continuou a pertencer a uma Ermezenda, durante grande parte do século XII, fazendo com que o nome da sua proprietária se fundisse com o nome da terra e do lugar, tornando difícil o seu desaparecimento e perpetuando-o na memória popular. Mesmo quando a sua população residente, através dos séculos, foi aumentando, levando à criação da paróquia de S. Lourenço d’ Asmes, o nome germano-visigótico de Ermezenda ou Ermezinda, continuou a designar aquela terra, dando nome, já nos finais da Era Tecnológica do Séc. XX, a uma grande cidade do grande Portugale (Porto).

    1 José Matoso- História de Portugal, II Vol.

    Bibliografia:

    J. Matoso

    J. Monteiro de Aguiar

    J. H. Saraiva

    F. G. Cortázar

    Nobreza de Portugal

    Por: Reinaldo Beça

     

     

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