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    Arquivo: Edição de 15-10-2005

    SECÇÃO: Tecnologias


    É LINUX MODERNO, BONITO, MADURO E FÁCIL DE USAR

    Ubuntu é oportunidade imperdível*

    Muita gente que trabalha na área de Tecnologias de Informação (TI) quer pôr as mãos num beta do Windows Vista. Eu entendo isso – eu mesmo gostaria de dar mais do que uma breve olhadela nele. É bom saber o que vai estar a ser usado por um bom número de clientes meus e como eu posso direccionar os meus produtos para que eles funcionem melhor com ele do que funcionam hoje com o Windows XP ou o Windows 2000, ou com o 98 (que, por incrível que possa parecer, muitos usam).

    Isso sem contar com todo o alarido que a imprensa especializada está fazendo, com longas matérias, cheias de imagens e promessas sobre um sistema operacional que um dia há-de ficar pronto.

    Mas este mês já está disponível uma coisa diferente.

    Eu acabo de fazer o download e instalar uma preview do Ubuntu Linux 5.10. A palavra “Ubuntu” quer dizer (segundo o site deles) algo como «ser humano um para com o outro». O Ubuntu Linux de que eu estou a falar é, provavelmente, o sistema operativo baseado em Linux mais apetecível para usuários “normais” que existe. 5.10 é porque ele está pronto em Outubro (10) de 2005 (5). A nomenclatura pode parecer confusa a princípio, mas, para quem já passou por designações como 3.0, 3.1, 3.11, NT, 95, 98, Me, 2000, XP, 2003 e, agora, Vista, essa nomenclatura é um camião de bom senso. A versão oficial anterior era a 5.04.

    Eu converti-me completamente ao Ubuntu faz mais ou menos uns três meses. Eu já tinha abandonado o Windows em muitas funções, mas o meu computador de trabalho principal ainda era uma máquina Windows. Hoje o meu uso do Windows limita-se a testar coisas no Internet Explorer (aquele browser esquisito que não respeita padrões, mas que todos usam porque veio de graça com o Windows, que, por sua vez, todos usam porque veio de graça com o micro) e ao desenvolvimento de um projecto para um cliente que pede especificamente C# e Visual Studio 2005 (que, não me entendam mal, é um excelente ambiente de desenvolvimento, mas desde que se desenvolva apenas para Windows).

    Quanto ao Ubuntu, e porque eu acho que deveriam experimentá-lo, é simples. Ele é novo, é bonito, é maduro, é bem fácil de instalar, é bem fácil de usar e, mais do que isso, não é um beta de um produto que só fica pronto para o ano que vem.

    Vamos fazer uma digressão rápida sobre a anatomia de um Linux moderno.

    SISTEMAS OPERATIVOS

    Para um utilizador de Windows (ou MacOS), sistema operativo é tudo aquilo que vem no CD (ou DVD) de instalação. Seguindo esse raciocínio, joguinhos como “Campo Minado” e “Paciência” são parte do sistema operativo. O aspecto das janelas, idem, os ícones e as fontes, também. Media Player? Também. Internet Explorer? A Microsoft recomenda não tentar desinstalá-lo porque coisas ruins podem acontecer. Tirar o IE do Windows é como tirar um rim a uma pessoa. Ela pode continuar viva, mas não vai achar divertido.

    Utilizadores Linux (e outros sabores de Unix) costumam saber mais. Sistema operativo é o que se precisa para fazer o computador funcionar. No nível mais básico, precisa-se do kernel (o que está a rodar no meu computador chama-se Linux e é daí que vem o sobrenome do Ubuntu Linux).

    O kernel é mais ou menos tudo o que se precisa para correr um programazito simples para, por exemplo, mostrar as horas, ou um que me deixa escolher um outro programa para ser executado. Se tem alguma dúvida e acha que o Linux é desenvolvido de um jeito caótico demais, ou por ele ser aberto e normalmente gratuito, fique tranquilo: vários dos computadores mais sérios do planeta correm em Linux. Se alguém confia muitos milhões de dólares em computador ao Linux, você pode fazer o mesmo com o seu PC.

    Por cima do kernel (ou em volta dele) temos outros programas que fazem parte de um pacote chamado de GNU (daí a designação GNU/Linux) e um monte de bibliotecas (que permitem a outros programas fazerem coisas como descodificar áudio e vídeo ou ler e gravar arquivos comprimidos).

    Um andar cima, temos o X Window System. O X é um dos mais antigos ferramentais para fazer janelas, ícones e afins que existe. Ele foi projectado no MIT (o mesmo pessoal que mostrou agora um notebook de US$100 que, eu espero, seja incendiariamente revolucionário) e há muitos anos é capaz de coisas que o Windows aprendeu a fazer umas duas versões para trás, e outras que ele ainda não aprendeu a fazer – por exemplo, rodar um programa gráfico num computador e mostrar as janelas dele noutro.

    Apesar de antigo, o X está a ser activamente desenvolvido e melhorado. Acima do X temos coisas como o Gtk/Gnome ou o Qt/KDE. Gnome e KDE são ambientes gráficos. O pessoal do Ubuntu empacota o Gnome, mas eu posso instalar programas (isso merece o próximo parágrafo) que correm com o KDE e rodá-los tranquilamente e vice-versa. Gnome e KDE são o que um utilizador de Windows chamaria, erradamente, de sistema operativo.

    Instalar e desinstalar programas também é simples – muito mais do que no Windows. Para isso, usa-se um único programa que sabe que programas existem para o Ubuntu, o que eles fazem, de que outros “pacotes” eles dependem para correr e sabe sempre o que está instalado e o que deve ser actualizado. Com o clicar de um botão, ele faz o download e a instalação de todos os pedacinhos necessários para que tudo funcione. Com o clicar de um botão, ele remove um pacote e todos os que dependem dele, evitando que os programas fiquem quebrados.

    Cada um dos pedacinhos que compõe a “pilha de software” de uma máquina dessas vem de um lugar, consórcio, grupo ou empresa diferente. Eles funcionam muito bem juntos por conta dos padrões abertos que todos respeitam. O que ganha o nome de “Ubuntu Linux” é, na verdade, um produto editorial. É como um livro de contos em que o editor escolhe contos de vários autores diferentes para fazer um livro interessante.

    O UBUNTU É BONITO

    Voltando ao que nos interessa de facto, o Ubuntu vem com a versão mais nova do Gnome, a 2.12. Se nunca usou um Gnome, não faz muito sentido dizer que ele é melhor que a última versão. Basta dizer que ele é muito bonito e cómodo de usar. Além de bonito, ele é “temável”, o que quer dizer que se pode personalizá-lo ao extremo. Se se acha castrado na sua criatividade com as opções do Windows XP (azul, verde, cromo e “cara-de-2000”), vai adorar o Gnome.

    Pode-se trocar tudo, controlos, beiradas de janela, ícones. Pode-se trocar o ecrã de splash e o ecrã de login. Pode-se deixar o Gnome com cara de Gnome, com cara de Windows, de Mac, de NeXT, de BeOS, de Silicon Graphics e do que mais a imaginação permitir. E, se quiser, pode disponibilizar a sua criação (com ícones seus, fundos seus, cores suas) para que outros possam desfrutar dela (...).

    O software livre tem essa ênfase na sua (...) liberdade de fazer com ele o que quiser. Eu tenho até medo do trampo que dá fazer isso no Windows (ou no MacOS, por exemplo). Os meus Windows e meus Macs todos têm a cara padrão do sistema (...)

    No mesmo CD do Ubuntu vai encontrar o OpenOffice 2. Essa versão (...) consegue abrir arquivos do Office (... o que é impressionante, já que a Microsoft nunca documentou direito nenhum dos formatos mais usados do Office) e é capaz de ler e gravar os formatos que o estado de Massachussets recentemente (e, espero, isso incentive outros governos lá, aqui, e em todos os lugares, a abraçar formatos de dados abertos) adoptou como obrigatórios em todas as actividades governamentais (...).

    Isso, na verdade, merece um artigo à parte (que não é este aqui), mas é realmente o cúmulo um governo obrigar um cidadão a usar Windows para poder preencher um formulário.

    O OpenOffice 2 vem com um banco de dados, colocando-o, mais ou menos, no mesmo pé do Office Professional (que custa bem caro e, normalmente, não vem de graça com o seu PC). Adicione-se a isso o facto dele poder gravar apresentações em formato Flash (para serem directamente disponibilizadas na web) e qualquer documento em PDF (para serem vistas por quem não tiver um Office) e tem um pacote muito capaz por um preço imbatível – zero. Claro que, em empresas, devem--se considerar os custos de migração e suporte, mas isso é apenas mais um número para entrar na conta.

    (...)

    REDONDO

    É impressionante (embora não surpreendente) como tudo funciona redondo no Ubuntu. Onde o Windows XP engasgou (ele precisa de um CD de drivers para entender o som do meu desktop, por exemplo), o Ubuntu funciona perfeitamente. Ele encontrou o som, rede sem fios, HD externo, gravador de DVD e a placa de vídeo. Fracassou em encontrar o modem (coisa em que o Windows também fracassou). Como eu não uso modem pra nada, não me preocupei com isso. (...)

    Não vou dizer que o Ubuntu seja o sistema operacional certo para si (essa não é uma pergunta que eu possa responder), mas nem você nem a sua empresa precisam de gastar em licenças de Windows e Office para trabalhar, a menos que a sua vida no computador envolva muito mais do que ler e-mails, preparar folhas de cálculo, escrever documentos e relatórios com gráficos, folhas de cálculo e bancos de dados, navegar pela web, ouvir MP3 e conversar com os seus colegas no MSN (ICQ, Gmail, AIM, Yahoo, Mac, etc.).(...)

    Se está cansado dos vírus e do spyware que insistem em aparecer no seu computador, se os hackers lhe tiram o sono e tudo o que você quer é trabalhar sossegado no seu PC, faça essa experiência.

    O Ubuntu fica pronto este mês Outubro [ver nota final]. O Vista só fica pronto no ano que vem.

    Se vai instalar um Vista, aproveite e instale um Ubuntu no resto do disco. O beta de ontem actualiza-se automaticamente para a versão final quando sair, e, depois disso, vai continuar a actualizar-se, o sistema e todos os programas. Sem dor de cabeça. Grátis. Para sempre.

    Se não puder separar um PC para isso – e a própria Microsoft diz que é mais ou menos insano instalar um Windows beta na sua máquina de trabalho – pode experimentar o Ubuntu Live.

    Ubuntu Live é um CD que pode usar para arrancar a sua máquina com o Ubuntu sem chegar a instalá-lo. Precisa de colocar o CD dentro do drive e reiniciar o computador. É lento, pois corre do CD, mas dá pra ter uma ideia de como a sua máquina se vai comportar se decidir instalá-lo.

    Em suma, a menos que se sinta compelido a usar o Windows e a nunca, jamais, examinar suas opções, vá até lá, obtenha a sua cópia (...). Eu tenho a certeza de que vai ficar positivamente surpreso.

    E, se dessa vez você não quiser tentar, espere mais seis meses. A cada seis meses é lançada uma nova versão do Ubuntu. É só esperar pela versão 6.04, que chega pontualmente daqui a seis meses.

    * Recolhido de WebInsider (http://webinsider.uol.com.br/ /vernoticia.php/id/2590). Adaptado por AVE. A versão oficial 5.10 da Ubuntu foi entretanto lançada.

    Por RICARDO BANFFY

     

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