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    Arquivo: Edição de 30-09-2005

    SECÇÃO: Cultura


    Mestre Fintas (II)

    Esta croniqueta destina-se a falar, novamente daquele amigo - meio palmo de altura dos seus treze anos - e de um aspecto da sua multifacetada personalidade.

    É que, além de mestre na arte de fintar, ele é, igualmente, mestre na arte de apostar e comerciar. De tudo faz negociatas, sendo objecto mais específico desta actividade a comida.

    - Se comer o arroz, não como a sopa. Se comer o bife não como a fruta. Se comer a fruta não como o arroz. E assim sucessivamente até apanhar um "lapote" de quem primeiro sentir a paciência esgotar-se.

    De seguida vêm as apostas. Tudo lhe serve. O que importa é ganhar umas "massas" para estafar nas múltiplas solicitações que o mercado de consumo lhe põe diante dos olhos.

    - Aposto que como a sopa em cinco segundos. Aposto cem "paus" em como sou capaz de comer este papel. Aposto quinhentos "paus" em como vou comer o frasco da maionese.

    - Comes nada...

    - Sou "homem" para isso!

    Não comeu porque uma mão se levantou mais alto que a aposta.

    Mas, estas férias, apanhou um compincha tão louco quanto o próprio mestre Fintas - o autor desta página. E foi o fim da picada na loucura dos desafios:

    - Se fores pedir pipocas àquela "boazona" dou-te cem "mecos". Mas se meteres o dedo no "ceguinho" e o lamberes, dou-te quinhentos "mangos".

    Aqui a coisa complicou-se - era a empresa gigantesca para tão miserável paga.

    - Não, não! Por esse preço como eu um caracol vivo. Para fazer isso, faço-te um mínimo de setecentos e cinquenta "paus". Queres? É pegar ou largar.

    - Isso é que era bom! São quinhentos e nem mais um centavo.

    - Ai não queres? E dás quinhentos "dele" se eu "escupir" uma "bisga" na mão e comer?

    O negócio não se fechou.

    Depois, ao longo daqueles dias de férias, foram saindo o cardápio e o respectivo preçário, há muito estabelecidos, para as empresas gigantescas a que sempre se quer abalançar. Na vida de mestre Fintas tudo se passa em grande, tudo tem que ser ciclópico ou não há nada para ninguém.

    Perante mestre Fintas até o demónio se torna num rapaz simpático e inofensivo que ele destronará, mal chegue ao lado de lá do mundo.

    - Sou "homem" para isso! Queres apostar!

    Por SÍLVIA MARIA GONÇALVES

     

     

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