Subscrever RSS Subscrever RSS
Edição de 31-03-2024
  • Edição Actual
  • Jornal Online

    Arquivo: Edição de 30-09-2005

    SECÇÃO: Destaque


    CARTAS À DIRECTORA

    Autárquicas... um testemunho de 12 anos

    As eleições autárquicas estão aí... Elas representam o símbolo último da “democracia”– Governo do povo. Mais do que isso, a própria palavra “autarquia” significa “governo pelos próprios”.

    Sabendo-se que é no voto que reside a expressão máxima da soberania do povo, se este voto vai indicar as pessoas que nos são próximas como sendo as eleitas para nos governar por quatro anos, não se compreenderá que se ouçam por aí convites à abstenção, desânimo por isto ou aquilo que não foi feito, ou que não nos agrada.

    Valongo e a suas autarquias não merecem isso. O concelho de Valongo fez uma grande viagem para o pólo oposto ao que já era há 12 anos. Quem já cá morava é disso testemunha. Os que não se lembram (porque a memória é curta) ou eram muito novos, procurem indagar, para depois votar.

    Alguém se lembra ainda, nesta nossa bela cidade de Ermesinde, do que eram os terrenos da célebre e antiga Fábrica da Cerâmica? Pois eram 3 ou 4 hectares de silvados, mato, lixeiras, plásticos, seringas (!!!), prostituição e águas residuais fedorentas a céu aberto e tudo à vista! ...no centro desta cidade!!!

    Era a água que faltava nas nossas torneiras, semanas seguidas, com Bombeiros a distribuí-la pelas ruas. Lembram--se? Não, não se lembram porque a memória dos homens também tem automatismo de autoprotecção psicológica, e ainda bem. Mas é bom lembrar a quem não sabe os velhos tempos de desespero, anteriores a Fernando Melo na Câmara Municipal de Valongo.

    É pedagógico lembrar que o seu primeiro passo, como autarca, foi “dar de beber a quem tem sede”, uma das obras de misericórdia. Agora, já nem nos lembramos que ao abrir a torneira ela pode estar seca; a água corre logo, o pesadelo já passou... Foi com Fernando de Melo, nunca o esqueço!...

    Depois, foi um nunca parar de acções de socorro a uma cidade doente, a necessitar de cuidados básicos, por um médico que era autarca.

    Alargou-se a rede de saneamento, que agora sobe a índices da quase totalidade de cobertura do concelho. Vieram as “ETAR’s”. Os maus cheiros da “Lipor” também se foram nos maus ventos que os traziam... É bom lembrar!...

    Curadas as cicatrizes das feridas abertas, havia que erguer os olhos e reparar que o doente precisava de ares puros. E ele viu que não havia um Parque Urbano digno desse nome, e reparou que o único sítio capaz e à medida, mesmo ali no centro da cidade, estava preso por um projecto de urbanização de 200 (!!!) moradias, da anterior edilidade. Era o tal terreno da antiga Fábrica de Cerâmica.

    Não –, disse Fernando Melo – isto vai ser um Parque... E vistoriando todos os recantos de lixo e detritos, decretou: – «Preservem-me estes fornos cerâmicos e estas chaminés altaneiras, que daqui vai nascer coisa linda...». E rasgou o antigo projecto!... Quem o faria hoje?...

    E nasceu outro. Naquela mesma área, fechada e coberta por matagal, nasceu aquele belíssimo perímetro que todos poderão testemunhar, hoje, como Galeria Museológica e de Exposições, orgulho de Valongo perante o país, e do país perante o estrangeiro, pelos arquitectos e políticos que já a visitaram. Depois, foi o Fórum Cultural, o anfiteatro e todo o Parque Urbano.

    Hoje, todo aquele espaço de 4 hectares, agora acrescentado com o Parque de Serviço, é, todo ele, um templo de culto e de cultura:

    – De culto, porque a sua contemplação, obriga o homem a interiorizar o seu crescimento e o seu progresso, a sua redenção do animal que ali hoje passeia com a família, descontraído, em tardes de remanso.

    - De cultura, porque naquele Fórum ele usufrui do que de mais elevado o espírito pode aspirar: música, teatro, ballet, pintura e escultura, som e imagem, no seu melhor, abrigado ou ao ar livre. E deixem crescer aquelas árvores!... Como contraponto ao crescimento do homem, na estética, lá dentro!...

    A Vila Beatriz é outra jóia da cidade, a oferecer-se, na fidalguia da sua matriz, dos seus novos brilhos e funções, aos inúmeros visitantes que a podem contemplar com olhos do início do séc. XX.

    Ermesinde é hoje uma cidade que soube dar o salto do sector primário para o III milénio. Pela mão de Fernando de Melo e das suas briosas equipas na Câmara Municipal: equipas de autarcas e de técnicos, a quem Fernando de Melo sempre acarinha e presta justiça nas suas palavras.

    Nesta referência a Ermesinde, que melhor conheço, eu quero, aliás, englobar, por justiça, todo o concelho com as suas cinco freguesias. Pois, não é verdade que todas elas têm um Centro Cultural, uma Biblioteca, um Salão Gimnodesportivo (o último foi o de Campo, agora inaugurado, já com medidas internacionais) e piscina? E os vários Museus? Concelho único em Portugal.

    E a nova centralidade de Valongo, a “Nova Valongo”?

    Uma miragem? Não, nunca. O sonho de um homem com a coragem de poucos e que marca uma época. Como o Marquês de Pombal e a sua Baixa, em Lisboa.

    Porque a Nova Biblioteca de Valongo é um padrão. Tal como os nossos descobridores de 1500, Fernando de Melo quis (e fê-lo) erguer um ideal de desenvolvimento para fora das muralhas, no meio do descampado e dos matos. Como aconteceu com todas as cidades históricas, acabadas as guerras com os mouros... Onde está o mito?...

    Embora algumas pessoas não acreditem, porque não conseguem ver a planície para além das muralhas graníticas, o futuro vai dar--lhe toda a razão do mundo. Porque Fernando de Melo é grande demais para se deixar circunscrever seja ao que for. E o futuro salvou--o dos limites da pequenez de uma cidade que só quer crescer para aquele lado.

    Um Padrão! – Um Memorial! – Um ideal materializado e projectado no Futuro! Que já aí está...! Deixem só a economia abrir o olho e despertar desta modorra e verão a força de um Biblioteca!...

    É a Cultura nos caminhos da economia, como abertura de uma frente no investimento e no trabalho para o desenvolvimento.

    Mas nem só do visual e da cultura esta equipa se pode orgulhar. E as obras sociais? Os deserdados? Quem desconhece essa bela mas invisível obra “A Casa da Criança em Risco”? Que tanto carinho lhe merece, e que Guterres viu e aplaudiu?

    Numa altura de depressão moral de um país que – porque é grande nas suas memórias – tem o direito histórico de sonhar, Fernando de Melo é um exemplo: – Ele sonhou e transmitiu o seu sonho; foi líder de uma equipa que hoje se orgulha da obra feita. Tivesse o País muitos homens assim!...

    Não sendo um orador nato – e ele reconhece-o humildemente – é um homem que arrasta pela nobreza do carácter e da acção. Espírito que – estou certo disso – ele vai transmitir aos novos Edis, uma “transição tranquila”, feita de rejuvenescimento dos seus elementos e na adopção plena da filosofia de Sá Carneiro: – «A pessoa é a medida e o fim de toda a actividade humana. E a política tem de estar ao serviço da sua plena realização».

    É esta nova e rejuvenescida equipa que agora se submete, com ele, ao sufrágio do povo de Valongo. Povo que sabe que as palavras voam e só as obras ficam.

    E é ancorado nesta certeza, e no desenvolvimento dos últimos 12 anos, que o povo de Valongo vai continuar a votar com a inteligência, tal como votou há 4, há 8 e há 12 anos.

    Não é de mudança que precisamos. O futuro do concelho exige que o presente tenha continuidade. Que fica garantida na sigla de Fernando de Melo: “Continuar a Obra”.

    Abílio José da Cunha

    BI 765348

     

     

    este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu Este espaço pode ser seu
    © 2005 A Voz de Ermesinde - Produzido por ardina.com, um produto da Dom Digital.
    Comentários sobre o site: [email protected].