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    Arquivo: Edição de 30-08-2005

    SECÇÃO: Editorial


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    A secura de um Agosto amargo

    Agosto é tradicionalmente um mês de festas, de férias, de viagens, de encontros e desencontros. A natureza contempla--nos com bonitos dias, com temperaturas que nos permitem prolongar a tarde para além do pôr-do-sol, as noites de intenso luar convidam-nos ao sonho.

    Mas este Agosto foi para muitos portugueses bem amargo, não chegava a seca com todos os seus problemas físicos e psicológicos, juntaram-se-lhe os incêndios.

    Vivi muito de perto as duas situações, e qualquer delas é extremamente dolorosa, quem vive na cidade não tem a verdadeira noção do que significa ver desaparecer tudo, anos, meses, dias de trabalho e, acima de tudo, o seu sustento.

    O esforço para aproveitar um pouco de água, o cuidado de a dividir com os vizinhos, a solidariedade de uma terra cercada pelo fogo tocou-me profundamente, jamais esquecerei aquela noite em que ninguém dormiu, mesmo aqueles que não tinham o fogo por perto. Aquele nascer do Sol, com toda a gente a desejá-lo – ...por momentos esquecemos aquele inferno. Mais tarde ouviram-se e avistaram-se os meios aéreos, foi uma alegria, as pessoas encheram-se de entusiasmo, começou a acreditar-se que era possível lutar contra aquelas chamas que alastravam e destruíam tudo que encontravam no caminho.

    Toda aquela tristeza e impotência se transformou numa esperança infinita.

    A manhã avançava e, mesmo com o sol coberto pelo fumo, as pessoas começaram a encontrar-se no meio da floresta. Foi quando tive a noção perfeita de que todos andávamos por ali.

    Os animais fugiam, coelhos, raposas, javalis, sem cerimónias nem medos, passando por entre as pessoas sem qualquer receio.

    O fogo é realmente destruidor. Visitando as zonas ardidas, fiquei com a sensação que o fogo comeu a terra e que ficaram as pedras, soltas como a carcaça de um animal devorado por outro.

    Imaginem agora uma família a quem a seca e o fogo devorou tudo o que tinham para o sustento do dia a dia, e que depois, no dia 16 de Agosto, ao regressar à fábrica onde trabalhavam, lhes é entregue uma carta para o fundo de desemprego. Pois é verdade, isto aconteceu e continuou a acontecer em Agosto.

    Este Agosto foi amargo sobre vários aspectos, continuamos sem saber o que nos espera, não se adivinham melhorias económicas, sociais e culturais para este país.

    E depois disto tudo, quem tem pachorra para aturar alguns dos nossos autarcas, como os Ferreiras Torres e as Fátimas Felgueiras e muitos outros, que não respeitam ninguém, que se julgam acima de todos e podem fazer o que muito bem lhes apetece?

    Agosto seco, queimado, em que tudo morre, até a esperança dum mundo melhor!…

     

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