CARTAS AO DIRECTOR
“Continuar a Obra” (?)
Infeliz a ideia de quem se lembrou de tal “slogan”.
Em quatro anos de mandato – 2002/2005 – o Polis de Ermesinde e a Biblioteca de Valongo foram muito pouco para quem tanto tem apregoado.
O Polis, um investimento de 10 milhões de euros (dois milhões de contos), foi financiado em 75% pelo Estado. A Câmara investiu 2,5 milhões de euros, cerca de (500 000 contos).
A Biblioteca, um equipamento caro, de cerca de 3,7 milhões de euros (750 mil contos), foi financiada também em 75%, tendo a Câmara comparticipado com cerca de 185 000 contos, foi instalada longe do centro urbano de Valongo, das escolas e das pessoas, ou seja, no meio do monte.
Estas foram as obras da Câmara de Valongo no decurso de um mandato. 4 anos.
Não critico as obras. Elas são necessárias. O que critico é o local onde foi instalada a biblioteca e o mau aproveitamento do dinheiro do Polis. Praças e espaços verdes sim, atrofiamento das faixas de rodagem e de rotundas que dificultam o acesso rodoviário não.
No previsto alargamento do Parque Urbano, para benefício da empresa exploradora dos parquímetros, alterou a Câmara o projecto inicial que previa um parque de desportos radicais. Alterou-o para uma construção (mais cimento) num espaço que deveria ser apenas verde. Mais verde do que a parte já existente do actual parque que, na minha opinião, tem já excesso de cimento.
Mas os “interesses paralelos” de que falou o actual Presidente da Câmara em entrevista a um jornal diário, obrigaram-no à alteração do projecto, cujos objectivos levam à satisfação dos “interesses” da empresa concessionária dos parquímetros.
CONTINUAR A OBRA… que foi tão pouca face à enormidade de projectos que poderiam ser submetidos a fundos comunitários, logo com financiamentos no mínimo de 75%, e que poderiam ter beneficiado outros empreendimentos nas cinco freguesias do Concelho, é no mínimo um “slogan” pobre.
A não ser que CONTINUAR A OBRA tenha sido um “slogan” pensado na entrega de serviços que eram efectuados pela Câmara e que passaram a sê-lo por privados.
A Câmara privatizou os serviços de águas e saneamento e, consequentemente, as Etares. (Estações de Tratamento de Águas Residuais), agravando assim a factura a pagar, pois esses serviços sendo privados, acarretam custos adicionais para os Munícipes, ou seja, são estes que suportam os lucros da empresa concessionária.
Privatizou a recolha dos resíduos sólidos urbanos (lixo) e da varredura que apenas é feita – às vezes – nos centros das cidades de Ermesinde e Valongo. Os veículos de recolha do lixo que a Câmara utilizava nem sequer foram negociados com a empresa, tendo todos eles ficado a apodrecer ao sol e à chuva.
Concessionou por 20 e 50 anos os parquímetros e parques de estacionamento, apenas para que a empresa concessionária fizesse obras que a Câmara não foi capar de fazer. Contudo, o senhor Presidente da Câmara, acompanhado das suas vastas equipas, inaugurou umas e vai inaugurar as que estão ainda por acabar.
Criou um corpo de Polícia Municipal por causa da fiscalização dos parquímetros. Vai pagar salários a 23 agentes dessa polícia, porque apenas eles podem aplicar multas por falta de pagamento nos estacionamentos condicionados. Ou seja: Num concelho endividado em cerca de 55 milhões de euros (onze milhões de contos), com um quadro de pessoal considerado excessivo devido aos serviços que foram privatizados, é estranho dizer-se: VAMOS CONTINUAR A OBRA.
Só se for (digo eu) a continuação das obras (?) das privatizações e dos poderes paralelos.
É tempo de dizer basta!
É tempo de acreditar que este Concelho não pode ser gerido pelos “vendedores” de projectos e de promessas.
Projectos anunciados e nunca cumpridos: Escola Superior de Turismo, Metro, Tribunal. Extensão do Centro de Saúde para Ermesinde e Alfena, Nova Valongo, Zona Industrial de Campo, duas escolas EB 2,3, para Ermesinde e Valongo, novo Mercado de Ermesinde, novo edifício da Câmara, Estádios Municipais de Ermesinde e Valongo, o apoio às colectividades e instituições.
Alguém viu estas promessas cumpridas?
Virão no novo “pacote” das promessas para Outubro?
É tempo de dizer que a política do faz de conta já se esgotou!
É tempo de uma nova esperança para os munícipes de Valongo!
Vamos acreditar!
Ermesinde, 9 de Julho de 2005
Jorge Videira
BI 6707653
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