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    Arquivo: Edição de 30-07-2005

    SECÇÃO: Local


    Cidade de León. Museu-Hospital de S. Marcos (séc. XVI a XVIII)
    Cidade de León. Museu-Hospital de S. Marcos (séc. XVI a XVIII)
    CENTRO CULTURAL ALBERTO TABORDA (CECAT) NOS “PICOS DA EUROPA”

    Três dias de viagem...

    O Centro Cultural Alberto Taborda (Cecat) levou a efeito a sua já habitual Visita de fim de ano, desta vez ao norte do país vizinho. Os principais locais de digressão foram a cidade de León, as magníficas paisagens dos “Picos da Europa”, as interessantes povoações de Potes e Cangas, e, entre outros pontos aprazíveis, o histórico Santuário Mariano de Covadonga, onde o grupo pernoitou ao fim do segundo dia.

    Aproveitando o feriado nacional do dia 10 de Junho de 2005, o Centro Cultural Alberto Taborda programou para esse dia e para os dois dias imediatamente seguintes (11 e 12 de Junho) a sua tradicional Visita, que assinalou o fim de mais um ano lectivo.

    Bem cedo, as dezenas de associados inscritos para esta iniciativa tomaram lugar no autocarro frente à Escola Secundária de Ermesinde, onde está sediado este Centro Cultural.

    Os Picos da Europa constituem um dos principias tesouros naturais espanhóis. Tem três maciços bem diferenciados: a Ocidente, o Cornión, ao Centro o dos Urrieles, e a Leste o de Andara. Entre as suas maiores altitudes destaca-se a Torre Cerredo, o Lambrión, a Torre Blanca e a Peña Santa de Castilla. Com mais de 2 500 metros de altura, merecem destaque os Picos de Mampodre e os montes de Yordas e Gilbo, que se elevam sobre os vales dos rios Porma e Esta.

    Foram precisos 300 milhões de anos para que os Picos da Europa apresentassem a actual topografia. Vários fenómenos naturais, como glaciares e outros, foram os responsáveis pela tortuosa paisagem, pelas montanhas altivas, às vezes impressionantes agulhas de afiadas arestas e enormes gargantas percorridas por águas cristalinas que alimentam frondosos vales cobertos de bosques.

    Depois de uma longa viagem só interrompida para almoço, em Benavente, com um autocarro demasiado lento nas subidas, chegámos à histórica e acolhedora cidade leonesa, a meio da tarde, com tempo para uma rápida visita à parte monumental.

    A PRIMEIRA NOITE

    FOI PASSADA

    NA HISTÓRICA

    E ACOLHEDORA

    CIDADE DE LEÓN

    León foi a capital de um dos primeiros reinos cristãos da Península Ibérica. Em 1135 converteu-se na Corte Imperial de D. Afonso VII, que aí se coroou como “imperator totius Hispaniae” (“Imperador de toda a Espanha”).

    A Catedral de Santa Maria e a Basílica de Santo Isidro são dois dos monumentos mais importantes da simpática cidade de Léon. A Catedral de Santa Maria foi construída sobre a antiga catedral românica que, por sua vez, ocupara um palácio e as termas romanas da cidade (que ainda conserva restos das muralhas romanas). A sua construção começou no ano 1205, é em estilo gótico, inspirada na catedral francesa de Reims, reduzida a sua planta em 1/3. A sua planta é de três naves, convertendo-se em cinco no cruzeiro. A nave é fechada por uma abóbada quadripartida. Em distintas épocas e com distintos graus de intervenção, trabalharam nesta catedral os arquitectos seguintes: Enrique Francês, Juan Pérez, Jusquin Van Utrech (Torre do Relógio), Joaquín de Churriguera, Matías Laviña, Juan Madrazo, Demetrio de los Ríos e Juan Bautista Lázaro.

    A Basílica de Santo Isidoro é o conjunto românico espanhol mais importante. D. Sancha (filha do reconstrutor D. Afonso V) e seu marido D. Fernando I, fizeram reconstruir em pedra o espaço que guarda os restos mortais de S.to Isidoro de Sevilha, desde 1063.

    O Panteão dos Reis apresenta uma espectacular decoração, com pinturas românicas do séc. XI, recriando cenas bíblicas e outras mais profanas. Aí estão sepultados 23 reis e rainhas, 12 infantes e 9 condes. Entre os monarcas que aí repousam destacamos os seguintes: Afonso I, Ramiro II, Ramiro III, Afonso V, Sancho I, Fernando II, Bermudo I, D. Sancha e D. Urraca.

    A noite leonesa também é bastante animada, com muita gente nas ruas e animação variada em quase todas as ruas do centro histórico. Uma surpresa muito agradável, esta cidade do antigo Reino de Leão.

    O DESLUMBRAMENTO

    DA VISITA

    AOS “PICOS”

    Depois de uma noite bem dormida num novo hotel da zona universitária, e do pequeno almoço, começava o deslumbramento da visita aos “Picos” propriamente ditos. Todos nos rendemos à beleza das paisagens naturais: o verde dos prados nos baixios das encostas, recortados por ribeiros e rios de água despoluída, contrastava com o acidentado dos montes e das fragas, vendo-se, aqui e além, alguns restos de branco, onde a neve ainda não havia derretido. Parámos em Riaño, para um cafezinho e desfrutarmos a beleza da paisagem que misturava a água da albufeira de uma barragem, com os montes, as casas, as flores e as aves em pacífico e feliz casamento. A seguir depois da inesperada chuva lá bem no alto, descemos, descemos em curvas e contracurvas até Potes.

    Fotos CECAT. Brincando na neve.
    Fotos CECAT. Brincando na neve.
    No centro da Vila de Potes, toda voltada para o turismo (e nesta digressão cruzámo-nos várias vezes com muitos portugueses) encontra-se a emblemática Torre do Infantado. Torre medieval que conta com um importante passado histórico. A Torre foi motivo de disputas entre importantes famílias da nobreza e testemunho directo das guerras que tiveram lugar para defender a linda povoação, num dos vales de passagem obrigatória entre os “Picos”.

    A seguir ao almoço, veio um dos momentos que mais agradou aos jovens visitantes. Fuente Dé. Aí se fez uma paragem que permitiu subir no teleférico até à neve! E a que havia foi mais que suficiente para “matar saudades” das brincadeiras geladas! Mas, porque o tempo urgia, o destino ainda era longínquo e a velocidade poucas vezes ultrapassava os 40 km/h, tivemos que partir sem mais demora.

    EM COVADONGA

    A FELICIDADE

    DOS CÉUS

    ENCONTRAM-SE

    COM A DA TERRA

    Catedral de Covadonga, local mítico do início da Reconquista Cristã na Península Ibérica.
    Catedral de Covadonga, local mítico do início da Reconquista Cristã na Península Ibérica.
    Covadonga era o destino. O Parque Nacional da Montanha de Covadonga faz o encontro, de forma artística, engendrada pelo Criador, da felicidade dos Céus com a da Terra. A Natureza, bem conservada em todos os seus elementos, aparece como um verdadeiro Templo. Mas também aí existe um Templo construído pelos homens.

    É a famosa Basílica de Covadonga. De invocação de uma antiquíssima imagem de Maria, que apareceu aos cristãos numa gruta e os ajudou a iniciar, vitoriosamente, a secular guerra contra os infiéis que se haviam apoderado de quase toda a Península Ibérica. Os Cristãos atribuíram-lhe a milagrosa vitória de Pelágio sobre os Muçulmanos, no começo da Reconquista Cristã, em 718. Foi precisamente no local da Batalha que se ergueu este Templo, actual centro de peregrinação, que teve a visita, também, de João Paulo II.

    Feito o “check-in” no Grande Hotel local, fomos jantar a Cangas de Onis, a maior povoação nas proximidade do santuário de Covadonga, a cerca de 10 km. Mais uma interessante cidade, que revela preocupações urbanísticas de boa conservação de monumentos e elementos naturais, designadamente as linhas de água sempre utilizadas para aumentar a graciosidade da estrutura urbana.

    O último dia proporcionou ainda uma visita aos lagos do Parque Nacional de Covadonga, logo seguida da viagem de regresso. Até Riaño (já visitado no dia anterior), local do almoço, a paisagem continuou a encantar pelo aperto do itinerário entre fragas e ribeiros de águas saltitantes lá no fundo. A seguir ao almoço, a viagem fez-se pelo grande e fértil planalto leonês-castelhano, já conhecido na antevéspera, rumo a Bragança (onde jantámos), tendo passado ainda em território castelhano, por Zamora e Alcanices, que são terras importantes para a nossa história comum, por ali terem sido assinados, respectivamente, o Tratado que reconheceu a Independência de Portugal (1143) e o que definiu as fronteiras entre os dois mais importantes reinos ibéricos (1297).

    Cansados, mas bastante mais enriquecidos pelo êxito de mais esta visita, chegámos a Ermesinde cerca da meia-noite, predispostos a outras iniciativas do género que, sem dúvida, o grupo tomará no decurso do próximo ano lectivo.

     

     

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