Pontificado de João Paulo II
“A Voz de Ermesinde” publicou na sua edição on line um pequeno comentário sobre o pontificado de João Paulo II, apelando aos internautas para intervirem no Fórum sobre este tema. Não foram muitos os leitores que o fizeram, e assim aqui renovamos esse apelo. Ao mesmo tempo, tomámos a iniciativa de solicitar a várias Igrejas e Congregações um depoimento sobre o diálogo ecuménico no papado de João Paulo II. Só a Igreja Evangélica Metodista Portuguesa respondeu ao nosso apelo, embora devido à preparação do seu Sínodo Anual, este fim-de-semana, nos tivesse apenas remetido a mensagem de condolências enviada ao senhor Cardeal Patriarca.
Era este o teor da mensagem com que demos início ao Fórum na edição on line:
«O pontificado de João Paulo II terá sido um dos mais complexos e controversos da Igreja do último século.
Até mesmo na forma como levou o seu calvário até ao fim criou polémica, embora muitos dos que antes defenderam a sua resignação lhe tivessem depois vindo dar razão. Aliando uma grande determinação em manter intocáveis os valores morais na esfera do comportamento defendidos pelo Vaticano (o celibato dos padres, a interrupção voluntária da gravidez, a ordenação de mulheres como sacerdotes,...), beneficiando do apoio dos sectores mais tradicionalistas da Igreja (excepto a pequena facção ultraortodoxa de Monsignor M. Lefèbvre), o Papa como que tomou na suas mãos a rédea solta do Vaticano II, travando outras reformas na Igreja.
A sua nomeação (vindo surpreendentemente da Polónia e não de Itália) aprofundou ao extremo a crise na Europa de Leste do chamado “socialismo real”, acentuando os factores de dissenção entre os trabalhadores e o poder aí estabelecido com mão de ferro (como foi o caso do sindicato “Solidariedade”) e contribuindo grandemente para agravar o seu colapso.
Pelo contrário, denunciou a desumanidade do capitalismo, e chamou a atenção para o agravamento das condições de vida dos trabalhadores e dos mais pobres.
Contrariando o interesse dos Estados Unidos, visitou Cuba, furando o “bloqueio” e, finalmente, com a sua recusa em dar o aval à aventura belicista de George Bush no Iraque, veio colocar uma batata bem quente nas mãos daqueles que proclamando-se católicos, quiseram alinhar, mesmo ao arrepio do Direito Internacional, num massacre de milhões de inocentes para apear o ditador Saddam Hussein e tomar o controlo das rotas do petróleo. Estas são algumas das pistas para uma reflexão, e aqui convidamos os internautas leitores de “A Voz de Ermesinde” a pronunciarem-se sobre o alcance, os méritos e deméritos, as fragilidades e a força do pontificado de João Paulo II». AVE
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AVE
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