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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 30-03-2005

    SECÇÃO: Crónicas


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    A água é um bem indispensável

    Todo o cidadão tem direito à água que é um bem indispensável à vida e, como tal, não pode estar sujeito à especulação mercantil das empresas privadas. Deverá ser o Estado, via autarquias, a proceder ao seu fornecimento, para evitar abusos de graves consequências.

    O Estado Novo ditatorial mas talvez mais socialista em muitos aspectos, logo no seu início, construiu fontes, fontanários e lavadouros públicos para que ao povo não faltasse gratuitamente o bem indispensável à vida que é a água. Agora, em plena democracia (estaremos?), os partidos que se dizem socialista, sociais democratas e até comunistas como foi o caso de Valongo, entregam esse bem à exploração do grande capital por via das chamadas empresas municipais que até têm capitais estrangeiros. Resultado: essas empresas monopolistas que vendem um produto que ninguém pode dispensar, fazem-no com arrogância e prepotência, cometendo grandes abusos, cortando a água por tudo e por nada e praticando taxas ou preços incomportáveis para a maioria dos portugueses carecidos. Só por um ramal de ligação à rede, no concelho de Valongo, chegam a levar taxas que rondam os mil euros (200 contos), tanto para grandes prédios como para pequenas casas unifamiliares! Um autêntico esbulho! Pensam que os munícipes vivem à larga como os administradores dessas empresas!

    As Águas de Valongo SA cortaram-me a água, não porque eu não tivesse as contas em ordem mas, simplesmente, porque eu não respondi a um papelinho manuscrito que me meteram na caixa do correio e que eu confundi com o lixo publicitário que diariamente lá costumam enfiar. Veja-se se é próprio duma gestão comercial privada, tal procedimento para efectuar a actualização do titular do contrato de fornecimento de água, quando a mais elementar ética comercial exige, para um caso destes, um ofício dirigido ao cliente, num subscrito. E porquê, em vez de cortarem a água, não baterem antes à porta e entregarem o aviso, ou seja o tal papelito manuscrito? É o tal poder que lhes concede o monopólio do fornecimento dum bem que ninguém pode dispensar.

    O pior é que os nossos autarcas eleitos pelo povo, embalados pela falsa modernidade jacobina de menos Estado e mais liberalismo, não vêem que, qualquer dia, não são precisos para nada e essas empresas monstruosas que criaram, vão acabar por poluir poços, rios, veios de água - como já está a acontecer - para que não haja concorrência ao produto que vendem, ficando o cidadão completamente na sua dependência?

    Com o beneplácito da autarquia que parece defender mais os interesses dessas empresas do que os do povo que a elegeu, cortaram a água das fontes e lavadouros públicos duma povoação do sul do país (tive pena de não ter apontado o nome) onde populações pobres e necessitadas se abasteciam e lavavam as suas roupas.

    É a dependência total dos grupos económicos que vão acabar por controlar o abastecimento dos bens mais essenciais à vida, o que dará lugar, entre outros problemas, à guerra da água que há-de eclodir entre as populações e essas empresas e mesmo entre as cidades e o campo.

    Por: Reinaldo Beça

     

     

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