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Edição de 31-05-2025
Jornal Online

SECÇÃO: Destaque


ELEIÇÕES LEGISLATIVAS 2025

UMA DAS MESAS DE VOTO NA ESCOLA SECUNDÁRIA DE ERMESINDE
UMA DAS MESAS DE VOTO NA ESCOLA SECUNDÁRIA DE ERMESINDE

AD vence sem maioria numa noite desastrosa para o PS e de (nova) euforia para o Chega

Numa noite eleitoral com muitas surpresas, o país virou ainda mais à direita graças à vitória da AD, ao contínuo crescimento do Chega, e a hecatombe do PS. Em termos de números nacionais, a coligação PSD/CDS-PP obteve o maior número de votos (32,10%), subindo 4,08% em relação às anteriores Eleições Legislativas, o que em termos concretos significou a conquista de mais 9 deputados no novo hemiciclo em relação ao ano passado, fazendo-se representar agora por 89 deputados. A AD sai assim reforçada do ato eleitoral de 18 de maio passado, mas fica longe da “maioria maior” que Luís Montenegro pediu ao eleitorado. «O povo quer este Governo e não quer outro. O povo quer este primeiro-ministro e não quer outro», destacou Montenegro na hora de “gritar” vitória, enquanto exigia ainda «maturidade» às forças políticas, não esquecendo que a «razão objetiva» que levou a que no espaço de pouco mais de um ano o país fosse sujeito a novas eleições (Legislativas) «foi a rejeição de uma moção de confiança (…) a moção de confiança que o povo endereçou hoje ao Governo é suficiente para que todos assumam as respetivas responsabilidades», ressalvou o primeiro-ministro reconduzido. Citando o Papa Francisco, Montenegro disse: «vamos ser o Governo para todos, todos, todos». Após este ato eleitoral, o mapa do país ficou assim mais laranja, com a AD a conquistar ao PS os distritos de Lisboa, Santarém, Castelo Branco e Coimbra.

O Chega voltou a ganhar terreno, e muito, apanhando o PS como a segunda fora política nacional, numa altura (em que foi escrito este texto. Os votos dos círculos da emigração só foram conhecidos a 28 de maio, numa altura em que a presente edição do jornal já tinha sido fechada) em que ainda havia por apurar os votos dos círculos da emigração (Europa e fora da Europa), os quais podem desempatar este “braço de ferro” pelo segundo posto isolado entre Chega e PS.

Restringimo-nos, pois, aos resultados nacionais, em que o Chega, com 22,56% foi, indiscutivelmente, um dos grandes vencedores da noite eleitoral, conquistando mais 8 mandatos em relação às Legislativas de 2024, passado de 50 para 58 deputados, tantos quanto os socialistas, que com 23,38% tiveram um dos piores resultados de sempre em Eleições Legislativas. O Chega registou mais de 236.000 votos em relação ao ano passado, sendo que agora teve somente menos 48.916 que os socialistas. André Ventura, era naturalmente, um líder radiante na noite eleitoral de 18 de maio, começando por assinalar o «fim do bipartidarismo em Portugal», pela mão do Chega, enaltecendo o facto de o seu partido ser nestas eleições o segundo partido do país, «algo que não acontecia desde 25 de Abril de 1974». No mapa eleitoral saído destas eleições, o Chega não só revalidou o triunfo no distrito de Faro, como ademais tirou ao PS os distritos de Setúbal, Portalegre e Beja, outrora bastiões vincadamente de esquerda (sobretudo de índole comunista) e que eleição após eleição começam a virar acentuadamente à direita à boleia do Chega. Atendendo a que a AD apesar da vitória esteve longe de alcançar a maioria absoluta, a qual não seria alcançada mesmo com a hipotética e falada coligação com a Iniciativa Liberal (IL), André Ventura sublinhou ainda em relação ao futuro da governabilidade que o próximo Governo «depende do Chega e só do Chega». De facto, esta foi mais uma noite eleitoral histórica do partido liderado por Ventura, partido que no espaço de seis anos, isto é, desde 2019 (as primeiras Eleições Legislativas em que esteve a sufrágio) até 2025, passou de 1,3% para 22,56%.

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O grande derrotado da última noite eleitoral foi o PS. Este foi o pior resultado alcançado pelos socialistas desde 1985, altura em que sob a liderança de Almeida Santos o PS se ficou pelos 57 deputados na Assembleia da República (AR). Desta vez, não andou muito longe dessa estrondosa derrota, já que no total nacional o PS não vai além de 58 mandatos, perdendo em relação a 2024 cerca de 240.000 votos, e como consequência vê reduzida a sua presença no próximo Parlamento em cerca de 20 deputados. No mapa do país, o PS só se manteve como partido mais votado no Distrito de Évora. Perante esta hecatombe, Pedro Nuno Santos demitiu-se da liderança do partido, anunciando então que iria pedir eleições internas e que não se iria recandidatar a secretário geral do PS. «Nós não provocámos estas eleições, mas queríamos vencê-las. O povo português falou com clareza e nós, como sempre fizemos ao longo da nossa história, respeitamos o povo português», disse Pedro Nunos Santos na hora de encarar a derrota. Entretanto, e após a demissão do agora ex-líder socialista, José Luís Carneiro foi o primeiro a mostrar-se prontamente disponível para uma candidatura à liderança do PS.

Mas voltando a olhar para os resultados eleitorais de 18 de maio, a IL continua de pedra e cal no quarto lugar como o partido mais votado, desta feita com 5,53% das intenções de voto. Foi uma subida ligeira dos liberais em relação a 2024, quando obtiveram 5,08%. Desta vez, esperava-se uma subida mais acentuada, como comprovaram as palavras do líder do partido, Rui Rocha, no rescaldo da noite eleitoral. «Não foi possível crescer mais, eu assumo esse ponto, mas fizemos tudo o que pudemos. E há uma coisa que eu vos quero dizer. Olhando para trás, olhando para esta legislatura, olhando para a forma como a legislatura terminou, olhando para a campanha que fizemos, eu não teria feito nada diferente», vincou Rui Rocha, que na próxima legislatura vê o seu grupo parlamentar ser reforçado com mais um deputado, ou seja, passa de 8 para 9 mandatos, prometendo ainda que o seu partido vai continuar «com a firmeza das convicções, com a firmeza dos valores, com a firmeza de dizer que somos o único partido que confia mais nos portugueses, que quer menos Estado, quer menos despesa, quer mais liberdade para os portugueses e continuamos a ser o único que o defende».

FILA PARA VOTAR NO INTERIOR DO PAVILHÃO DA ESCOLA DE S. LOURENÇO
FILA PARA VOTAR NO INTERIOR DO PAVILHÃO DA ESCOLA DE S. LOURENÇO
Quase toda a esquerda sofreu uma estrondosa derrota nestas eleições, com descidas percentuais, e por consequência a perda de mandatos, nunca dantes vistas em Legislativas. Só o Livre se safou desta hecatombe da esquerda, já que aumentou (de 4 para 6) a sua representação parlamentar. O partido de Rui Tavares somou mais cerca de 50.000 votos em relação ao ano passado e conquistou mais dois deputados (um no Porto e outro em Lisboa).

Desastre eleitoral foi vivido pelo Bloco de Esquerda (BE), que a seguir ao PS foi o grande derrotado da noite. Os bloquistas somaram 2,00% dos votos, menos 2,46% do que em 2024, e como consequência desta descida acentuada passam a ser representados na AR apenas por um deputado. Mariana Mortágua assumiu «a grande derrota do seu partido», recusando, porém, demitir-se do cargo de coordenadora do partido, responsabilizando ainda este resultado, de certa forma, pela «viragem à direita no Mundo, na Europa e em Portugal».

Quem continua numa toada de quedas eleitorais sucessivas é a CDU, que também viu ser reduzida a sua bancada parlamentar na próxima legislatura, passando de 4 para 3 deputados. Com 3,03% dos votos (menos 20.000 votos do que em 2024), os comunistas ficaram aquém do que esperavam, sendo que na voz do secretário geral do PCP, Paulo Raimundo, este resultado «não reflete nem a expressão de apoio e reconhecimento que a campanha mostrou, nem o que a situação do país exigia». O líder dos comunistas garantiu que «cada voto conta e nenhum voto será desperdiçado ou traído, podendo os trabalhadores, o povo e a juventude contar com a CDU para dar respostas aos problemas que se colocam na vida de todos».

Quem continua por uma unha negra no Parlamento é o PAN, que nestas eleições voltou a descer. O partido liderado por Inês Sousa Real somou cerca de menos 40.000 votos em relação ao ano passado, e só por uma diferença de 178 votos (!) manteve a sua deputada na próxima legislatura.

Grande novidade, e surpresa, podemos dizê-lo, da noite eleitoral, foi o facto de as ilhas (sobretudo a Madeira) passarem agora a ter voz parlamentar, graças à eleição de um deputado por parte do Juntos Pelo Povo, partido que faz a sua estreia parlamentar graças à votação dos madeirenses, que deram 12,32% dos votos a esta força partidária de cariz regional, a qual na sua região autónoma (Madeira) ficou à frente da IL, do BE, da CDU, do Livre e do PAN, os outros partidos com representação parlamentar.

No campeonato dos pequenos, isto é, os partidos que não conseguiram eleger qualquer deputado, o destaque vai para as subidas do NÓS Cidadãos e do Ergue-te, sendo que todas as restantes forças partidárias a sufrágio desceram ou mantiveram (no caso do Volt) as intenções de voto dos portugueses em relação ao que se verificou em 2024.

Voltando às Legislativas de 2025 para dizer que a abstenção foi de 35,62%, um dos valores mais baixos dos últimos 30 anos.

AD DEIXA PS A MAIS DE 10 PONTOS PERCENTUAIS NO DISTRITO DO PORTO

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Olhando para o que se passou no Distrito do Porto, a AD voltou a ganhar, tal como tinha acontecido há um ano atrás. Só que desta vez com uma margem muito maior em relação ao PS: 34,22% da coligação de direita contra os 24,04% dos socialistas. Mais de 10 pontos percentuais nestas eleições, quando há um ano a diferença entre as duas forças políticas havia sido de somente 0,09%! No nosso distrito, os socialistas desceram de forma mais acentuada que a nível nacional, caindo quase aqui 6 pontos percentuais, enquanto que no total nacional desceram 5 pontos percentuais. Isto, face ao que aconteceu em 2024. Esta queda no distrito originou que o PS perdesse dois mandatos pelo círculo eleitoral do Porto, passando de 13 para 11. Por sua vez, a AD conquistou mais um mandato do que em 2024, passando de 14 para 15, e conquistando no distrito uma percentagem maior do que a nível nacional: 34,22%.

Quem também subiu e muito a nível do nosso distrito foi o Chega, que obteve agora mais de 5 pontos percentuais (traduzidos em 20.67%) do que há um ano atrás, o que significou a eleição de mais dois mandatos, passando de 7 para 9 deputados. Apesar de ter subido em termos de votos, a IL não conseguiu alargar o seu leque de deputados no círculo eleitoral do Porto, ao passo que o Livre foi outro dos grandes vencedores da noite no nosso distrito, ao conquistar mais um mandato do que em 2024, fruto de um aumento de quase um ponto percentual face às Legislativas do ano passado. São agora dois os deputados eleitos pelo Porto em representação do partido de Rui Tavares. Apesar de ter caído cerca de 1300 votos em relação a 2024, a CDU manteve o seu deputado na próxima Legislatura, ao contrário do BE, que com o trambolhão de cerca de 2,64% face a 2024 não elege qualquer representante pelo Porto no próximo Parlamento. No que concerne à abstenção no Distrito do Porto, ela foi significativamente menor do que a registada a nível nacional. Ou seja, no nosso distrito verificou-se uma taxa de abstenção de 31,03%, ao passo que no país ela foi de 35,62%, como já vimos atrás.

NO CONCELHO E NAS FREGUESIAS A AD VINGA DERROTA DE 2024

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Foquemo-nos agora nos números eleitorais registados no nosso concelho, onde a AD também venceu, ainda que com uma percentagem menor (29,25%) em comparação com o resultado obtido pela coligação PSD/CDS-PP em termos nacionais e do Distrito do Porto. Esta vitória da coligação de direita constituiu uma novidade face ao que se passou em 2024, onde o PS havia vencido quer a nível concelhio, quer a nível de freguesias. Em 2025, se a diferença entre AD e PS no contexto nacional foi de pouco menos de 9 pontos percentuais (8,72%), em termos do concelho de Valongo essa distância foi menor: 4,63%. No plano concelhio o Chega esteve a somente 0,22% de ser a segunda força política mais votada, somando 24,40% contra os 24,62% dos socialistas. Comparando com a percentagem obtida a nível nacional o Chega teve no nosso concelho números maiores em termos percentuais.

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No que concerne a freguesias, a AD venceu em todas. Em Valongo tiveram a sua maior percentagem (29,70%) e em Ermesinde a sua menor votação (28,96%).

O Chega foi a segunda força política mais votada na maioria das freguesias do nosso concelho, sendo a exceção Ermesinde, onde o PS ficou na segunda posição com 27,14%, que foi, aliás, a percentagem mais alta obtida pelos socialistas em termos de freguesias. Em Ermesinde, a diferença entre a AD e o PS foi de apenas 438 votos, o equivalente a pouco menos de dois pontos percentuais.

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Em Campo e Sobrado, foi onde o Chega teve a sua melhor percentagem de votos: 27,53%. Tal como a nível nacional e distrital, a IL foi a quarta força mais votado quer no plano concelhio, quer no plano de freguesias. Neste último ponto, foi na freguesia de Valongo onde os liberais obtiveram a sua melhor votação (6,63%).

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No que toca à abstenção, a média concelhia é inferior à média nacional em mais de 5 pontos percentuais: 30,44%. E se olharmos às freguesias, verificamos que é em Valongo onde se registou a percentagem mais baixa ao nível da abstenção, 28,34%, sendo que a taxa mais alta de abstenção registou-se em Campo/Sobrado, com 31,42.

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Por: MB

 

 

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