SECÇÃO: Crónicas

Quando as paredes contam histórias

Sempre que olho para este meu quadro, descubro algo perturbador, escondido, que me desgasta. É feito de fragmentos, comparável a um puzzle, onde juntando as peças se conta uma história de vida.

Com a minha máquina fotográfica, retirei porções de grafitis e recorrendo a metáforas, a desenhos e a ideias construí esta minha linha de pensamento. Como em toda a história, para a contar, há sempre um observador, este representado pelo olho localizado no canto superior esquerdo.

A primeira sequência de fotos representa a paixão, o desejo que gera a maior parte das vezes, uma relação amorosa entre duas pessoas. Em duas fotos, apreciamos momentos diferentes de conceção. Interessante o facto de na primeira representação, o ovócito estar feliz, rindo e no seu interior conter duas letras iguais (XX) conceção que levou a gestação, com RN do sexo feminino, representada mais tarde pela menina existente na história. E na segunda já estaria previsto a conceção dum ser do sexo masculino (existência de uma motinha desenhada dentro do óvulo). Na realidade a gestação terminou com um indivíduo do sexo masculino, representado mais adiante pelo menino triste.

Seguindo a mesma linha de pensamento, existe uma foto representando a Maternidade.

O tempo foi passando sem grandes atropelos, com Amor e alegria até ao momento em que os progenitores se sentam à mesa dum café, dialogando, combinando a separação. Interessante o facto da existência da representação gráfica (o princípio e o fim) na parede junto à referida mesa do café. Mas nem tudo está perdido, a separação é amigável, havendo a preocupação com o bem-estar dos filhos, evitando a frequente postura de os transformar em simples bolas de ping-pong. Estabelecem um acordo e vão viver para o mesmo condomínio, mas em casas separadas, encarando o Futuro com Esperança. (representada pelo retângulo verde da foto). Felizmente há sempre algo a ajudar a tomar uma decisão importante, como nos dá a entender a foto da seta (algo ou alguém ajuda a mostrar o caminho).

Apesar de toda a cordialidade e preocupação dos progenitores, as crianças travam uma

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Por: Eugénia Ascensão