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Edição de 28-02-2025
Jornal Online

SECÇÃO: Crónicas


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A Guerra da Líria

Arrebatamentos de potência e invencibilidade dominavam a mente de Jorge Fontoura naquela manhã. O negócio com os investidores imobiliários chineses tinha sido concluído. Agora, havia que pôr a gorda comissão a render. O seu gestor de conta recebeu-o de imediato:

- Tenho justamente o que lhe vai agradar, senhor Fontoura - atacou o gestor. - Já ouviu falar em SEP? São produtos de exposição suprema, na sigla em inglês. Não lhe vou mentir; como o nome sugere, são aplicações de risco máximo, em que o investidor pode perder tudo de um dia para o outro, mas, como quase sempre sucede, pode ver triplicado ou quintuplicado o seu investimento em um ano, ou até em poucos dias. Quem não arrisca não petisca, lá diz o ditado.

- Ótimo; mas de que se trata: ações, futuros, o quê?

- Uma espécie de ações. Ou antes, unidades de conquista e predação, como eu gosto de lhes chamar. Cada ação é como um soldado que invade o território inimigo, mata quantos encontra e regressa com os despojos. Ou então mantém-se a ocupar o território, a assegurar um fluxo contínuo de riqueza para os acionistas. Para o seu bolso, senhor Fontoura.

- Não estou a entender nada. Já percebi que são aplicações agressivas, mas apresentá-las como soldados a invadir território inimigo será uma metáfora exagerada, não?

ILUSTRAÇÃO @RODOLFO.BISPO77
ILUSTRAÇÃO @RODOLFO.BISPO77
- De modo algum! É mesmo disso que se trata. O que lhe proponho, senhor Fontoura, são ações da Guerra da Líria. Sim, aquela que começou há poucas semanas - reforçava o gestor bancário, perante o rosto incrédulo de Fontoura. - É o produto que está a bombar. Literalmente. Aproveite agora, enquanto estão baratas, porque quando o conflito ganhar dimensão, aí, senhor Fontoura, pode ser tarde. Aí, podem já estar ao preço das ações da Guerra da Ucrânia, sempre a jorrar dividendos, mas a que já não se pode chegar. Agora, só os grandes bancos e os conglomerados financeiros dos países ricos as podem comprar. Aliás, nem sequer aparecem à venda.

Fontoura parecia em choque. Pressionado pela pausa do gestor, acabou por murmurar:

- Guerra?

- Sim, claro; tudo o que dá dinheiro é bom para investir…

- Refere-se a empresas de armamento, não?

- Também; mas a gestão por objetivos obrigou a que se separassem as áreas de aplicação - Guerra do Iraque, Guerra da Síria, Guerra da Ucrânia -, cada uma com o seu fluxo de capitais e o seu retorno. Um mesmo objetivo engloba empresas de armamento, mas também empresas de reconstrução, empresas de segurança, até empresas de comunicação social, todas unidas no mesmo esforço de manter a guerra em atividade. O pior que pode acontecer é os contendores fazerem as pazes. Essa é a única situação em que os investidores podem perder grande parte ou todo o capital, porque as ações vêm por aí abaixo.

- Mas, isso é horrível! - reagia, finalmente, Fontoura, acompanhando as palavras com uma expressão de repugnância. - Então e as cidades destruídas, as mortes de crianças, as populações em fuga a atirarem-se ao Mediterrâneo de qualquer maneira, em barquinhos sem condições, a

(...)

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Por: Joaquim Bispo

 

 

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