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Edição de 31-03-2024
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    Arquivo: Edição de 28-02-2023

    SECÇÃO: Cultura


    Futuro do teatro é promissor... assim foi dado a perceber no festival que assinalou o sétimo aniversário do grupo “Os Casquinhas”

    Fotos MANUEL VALDREZ
    Fotos MANUEL VALDREZ
    A Casa de Espetáculos do Fórum Cultural de Ermesinde esteve completamente lotada no passado dia 19 de fevereiro para assistir à exibição de três peças de teatro que integraram o 6.º Festival de Teatro do grupo „Os Casquinhas”, que como se sabe é uma das muitas valências da Associação Académica e Cultural de Ermesinde, e que neste dia assinalou o seu 7.º aniversário.

    Para além do grupo aniversariante, que apresentou a peça „Replay da Vida de uma Adolescente”; o evento contou ainda com as participações da Escola de Teatro da Retorta (de Campo), que levou à cena a peça „Lugar Onde se Vê”; e do grupo Arte Im’Anjos (de Alfena), que apresentou a peça „Eu sou o Teatro”.

    Todas estas peças foram interpretadas por jovens (crianças e adolescentes) que provaram na nossa cidade que o futuro da arte de representar está bem entregue. E bem entregue esteve de igual modo a apresentação deste festival, a qual esteve a cargo de Luke d’Eça, ator e compositor conhecido do público nacional por ter feito parte da série juvenil „Morangos com Açúcar”, e de ser o vocalista e guitarrista da banda 4Taste. Entre os muitos convidados presentes destacou-se a do vereador da Câmara Municipal de Valongo, Ivo Vale Neves, que no final do festival subiu ao palco para oferecer uma lembrança da autarquia ao grupo aniversariante, que por sua vez também presenteou em forma de agradecimento os dois grupos convidados.

    Nas linhas que se seguem iremos abordar o conteúdo de cada uma das três peças que numa análise sintetizada apresentaram um alto nível qualitativo.

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    AS MÚLTIPLAS DEFINIÇÕES DO QUE É O TEATRO

    Mas afinal o que é o Teatro? O Teatro pode ser cómico, pode ser trágico, pode ser a arte de criar cenários onde se contam histórias, pode ser a interpretação de um texto, pode ser um local onde se criam ilusões através de luz e som, pode ser tudo isto... e muitas outras coisas. Esta foi a pergunta (difícil) e a(s) resposta(s) que a Escola de Teatro da Retorta levou à cena no decorrer da peça „Lugar de Onde se Vê”, que se constituiu como uma metáfora em volta daquilo que é o teatro e o que significa estar em palco. À medida que iam apresentando as suas múltiplas visões do que é o Teatro os jovens atores do grupo oriundo da freguesia de Campo iam materializando em palco essas mesmas visões, transformando em vários momentos a peça numa dança de corpos em movimento. Tal como a sinopse deste trabalho sublinhava, Teatro é de igual modo «a oportunidade de pisarmos o palco em conjunto e de vivermos medos, ansiedades, vitórias e superação, sentindo-nos parte do todo, construindo memórias coletivas e sabendo que há quase sempre uma forma de dar a volta aos imprevistos».

    E foi essa mesmo a ideia que os atores da Escola de Teatro da Retorta transmitiram à plateia no desenrolar da peça: que juntos conseguiram superar o nervosismo e a ansiedade de estar num palco diante de tantos olhares, eclipsando um ou outro deslize numa fala ou num movimento, mas que no final foram amplamente merecedores da salva de palmas com que foram ovacionados.

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    O CONEITO DE TEATRO ATRAVÉS DE UMA PERSPETIVA MELÓDICA

    A segunda peça a ser exibida nesta tarde festiva abordou de igual forma o significado de Teatro, mas de um modo melódico. Por outras palavras, usou-se a música aliada ao canto - e que belas e promissoras vozes o grupo alfenense Arte Im’Anjos integrou nesta peça, denominada „Eu Sou o Teatro” - para definir Teatro, algo que conforme nos foi contado é um «fenómeno que existe desde as brumas dos inícios da Humanidade».

    Ao longo da peça os jovens atores foram transmitindo - ora através de fala, ora através da música - a sua definição de Teatro, que «poder ser tudo e nada, posso ser eu e podes ser tu».

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    A SÁTIRA SOCIAL DE GIL VICENTE RETRATADA NA REBELDIA DE UMA ADOLESCENTE DO NOSSO QUOTIDIANO

    Já todos nós nos arrependemos de atitudes, ou comportamentos que tivemos em determinada fase da nossa existência. Então na adolescência as posturas menos aceitáveis socialmente, digamos, são comuns, normais, e até perdoáveis, atendendo à tenra idade. Foi um pouco esta a ideia que o grupo anfitrião, „Os Casquinhas”, passou ao público com a peça „Replay da Vida de uma Adolescente”.

    Esta peça usou os alicerces do célebre texto teatral do pai do teatro português, Gil Vicente, intitulado „Auto da barca do Inferno”, tendo sido adaptada pelo jovem grupo ermesindense a situações do quotidiano da (atual) adolescência, tão apegada às novas tecnologias, com os „instagrams”, os „facebooks”, as „selfies” no centro das suas ações. Pois bem, a história centra-se em Érica, uma adolescente com atitudes rebeldes, quer em casa, quer na escola, que se vê às portas do purgatório para ser julgada pelos seus comportamentos errantes. Ali chegada dá de caras com um Diabo muito ajuizado e um Anjo deveras endiabrado que vão fazer uma retrospetiva da vida da adolescente, e mais em concreto das suas ações/atitudes menos corretas. Érica está assim perante o juízo final, para saber se entra no céu ou no inferno, um juízo final que é transformado numa espécie de concurso televisivo de perguntas e respostas, e eis que a decisão é interrompida pelo despertar matinal da jovem. Pois é, tudo não passou de um sonho, ou de um pesadelo, do qual Érica acordou e mais do que tudo percebeu a lição. Por outras palavras, que deveria mudar a sua personalidade e tornar-se numa melhor pessoa.

    „Replay da Vida de uma Adolescente” deu para perceber ainda a criatividade que reina no jovem grupo de teatro ermesindense, ao transformar um clássico do teatro português no quotidiano da nossa juventude, e isto sem se desviar da essência, ou da mensagem, da histórica alegoria dramática criada por Gil Vicente.

    Por: MB

     

     

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