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Edição de 29-02-2024
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    Arquivo: Edição de 30-09-2022

    SECÇÃO: Ciência


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    A importância de uma boa reflorestação

    Neste mês de setembro trazemos a este espaço de ciência um artigo, escrito pela Universidade de Évora, com uma enorme relevância nacional do ponto de vista ecológico. Todos os verões vemos notícias dos incêndios que deflagram em território nacional, sem muito que possamos fazer. É certo que Portugal tem um clima propício a ter incêndios florestais no verão mas, com um ordenamento de território e uma gestão florestal cuidada, os estragos seriam, seguramente, bem mais pequenos do que aqueles que são registados anualmente.

    Os incêndios florestais são um problema nacional sazonal e que tem tendência a piorar à medida que as alterações climáticas vão fazendo cada vez mais estragos com o tempo cada vez mais seco e temperaturas cada vez mais elevadas, principalmente no interior. Este flagelo pode queimar milhões de hectares a velocidades incrivelmente rápidas, consumindo tudo o que encontra pelo caminho. Estas chamas galopantes podem atingir velocidades superiores a seis metros por segundo, com uma força que pode derrubar um ser humano em questão de segundos. Para além dos estragos materiais em construções humanas e habitações, os espaços florestais sofrem um golpe profundo, com a morte de milhares de espécies de animais e plantas que habitavam a região.

    Em Portugal, existem áreas que têm registado incêndios de uma forma cíclica, com um incêndio seguido do crescimento de material vegetal e novo incêndio (sendo que por vezes este ciclo demora poucos anos a originar um novo incêndio) torna-se premente apostar numa correta reflorestação dos espaços ardidos com espécies autóctones e que permitam uma maior resistência ao fogo, contrastando com o eucalipto (Eucalyptus globulus) que aproveita o incêndio para se expandir. De realçar que esta espécie representa mais de um quarto do total dos povoamentos florestais nacionais, sendo o total da superfície florestal em Portugal cerca de 36% do território.

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    «BOMBAS DE SEMENTES 100% PORTUGUESAS PARA A CONSERVAÇÃO DA NATUREZA

    Investigadores da Universidade de Évora (UÉ) pretendem promover o fabrico, otimização e desenvolvimento em pequena indústria de bolsas de sementes (seedballs) de proveniência regional certificada, e com interesse para a conservação, que possam ser utilizadas em projetos de conservação de natureza, de forma a preencher um nicho de mercado importante e crescente, providenciando material vegetal certificado e sustentável. O projeto visa desta forma preservar a identidade genética de cada região, facilitando o restauro de ecossistemas e evitando espécies invasoras.

    Esta ideia de negócio sob a responsabilidade de Erika Almeida, investigadora do Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento (MED) e estudante de Doutoramento em Biologia, da Universidade de Évora, sob mentoria de Anabela Belo, professora de Biologia a investigar na mesma unidade de investigação nas áreas da agricultura, ambiente e desenvolvimento, da UÉ, foi a vencedora do Prémio BPI – La Caixa, com o júri do concurso a considerar que a “Seedballs 100% portuguesas: uma ideia natural para promoção de recursos vegetais com interesse para a conservação” apresenta potencial para se tornar um projeto-piloto inovador.

    Assim, a equipa de investigadores da UÉ pretende implementar esta ideia de negócio desenvolvida no decorrer do trabalho de investigação e projetos desenvolvidos no Laboratório de Botânica da Universidade de Évora (Departamento de Biologia / MED – Instituto Mediterrâneo para a Agricultura, Ambiente e Desenvolvimento), desenvolvendo os investigadores protocolos de germinação e testes de eficácia das seedballs (bolas de sementes).

    “Estamos todos, cada vez mais, cientes da importância que o equilíbrio e boa funcionalidade dos ecossistemas têm para a nossa sustentabilidade, tendo a ONU declarado o período de 2021-2030 como a Década para a Recuperação dos Ecossistemas” justificam os membros da equipa, até porque, tal como recordam, “existem neste momento políticas europeias e nacionais para atribuição de financiamento para promover a conservação e restauro de ecossistemas”. Desta forma, acrescentam, “é urgente providenciar uma oferta nacional de espécies vegetais nativas de proveniência regional, de forma a preservar a identidade genética de cada região.”

    Uma das preocupações para esta equipa composta ainda por Cristina Baião, estudante de Doutoramento em Ciências Agrárias e Ambientais, e João Marques, estudante de Mestrado em Tecnologias em Agricultura de Precisão, da mesma Universidade, “é evitar a introdução de espécies provenientes de outros países e até de outras regiões ecológicas, que podem competir com as nossas espécies e tornarem-se invasoras”.

    A ideia apresentada pela Universidade de Évora apresenta como objetivo principal “a produção de seedballs, ou bombas de sementes (esferas de argila e composto orgânico com sementes) para aplicação em diversos projetos e ações de conservação da natureza e restauro ecológico” importante também no que respeita ao processo de reflorestação.

    Esta equipe da academia eborense chama a atenção para a utilização desta técnica “sobretudo em zonas onde o acesso de maquinaria é difícil ou mesmo impossível” indicando ainda a grande vantagem “por proteger as sementes de predadores como por exemplo as aves, ratos, formigas (…), e de condições desfavoráveis à germinação, sobretudo num cenário de aquecimento global e alteração dos padrões climáticos, como o aumento de temperatura ou a irregularidade da precipitação”.

    A utilização de sementes de proveniência regional, apresenta ainda outras vantagens como esclarece Erika Almeida, “pois, garante um maior sucesso das ações de conservação da natureza uma vez que estão mais bem-adaptadas ecologicamente às condições locais”.

    A transformação desta ideia em projeto implica fazer o Scale-up de todo o processo que vai desde a produção e limpeza de sementes, otimização da composição das seedballs para um maior número de espécies, e transformação do processo de fabrico manual num processo de produção semi-industrializado. “As sementes serão colhidas na natureza apenas inicialmente (a posteriori serão cultivadas para alimentar esta pequena indústria) e o Banco de Sementes da Universidade de Évora será a estrutura de apoio base em termos de triagem e conservação. O produto final serão seedballs de proveniência regional certificada, cuja composição específica será adequada a diferentes tipos de vegetação” resume a ideia a mesma investigadora.

    Uma das preocupações da equipe é também dinamizar o uso de subprodutos de origem industrial e doméstica (ex: argilas e cinzas), incorporando-os na composição da seedballs e contribuindo para a economia circular.

    “A concretização desta ideia, que prevemos inicialmente ser instalada no Alentejo, irá contribuir para a economia do tecido produtivo regional. No entanto, este modelo de negócio poderá ser replicado em outras regiões e assim contribuir para a fixação populacional e criação de postos de trabalho, fora das grandes cidades” avança Erika Almeida.

    (...)

    leia este artigo na íntegra na edição impressa.

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    Universidade de Évora

    AP Imprensa”

    Por: Luís Dias

     

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