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    Arquivo: Edição de 30-06-2022

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    NOTICIAS DA UNIVERSIDADE SÉNIOR DE ERMESINDE

    Visita de estudo da USE ao Ecomuseu Marinha da Troncalhada e Museu da Vista Alegre

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    Em mais uma iniciativa da USE – Agorárte, através da disciplina de Sociedade e Cidadania, com a coordenação da Prof. Ilda Pinheiro, teve lugar no dia 1 de junho, uma visita de estudo, da parte da manhã, ao Ecomuseu (salinas) Marinha da Troncalhada, na cidade de Aveiro e da parte da tarde, ao Museu da Vista Alegre, que abriu em Ílhavo, em 1964 e tem cerca de 30 mil peças. Junto à salina da Troncalhada tivemos como interlocutoras as técnicas da CM de Aveiro, Drªs Margarida e Gabriela, as quais nos elucidaram sobre a história milenar da atividade de produção de sal das salinas, bem como as tradições e a etnografia das gentes que, com o seu saber, aproveitam os recursos naturais da água salgada do mar e das marés, a direcionam e embalsam, para bacias artificiais, criadas pelos “marnotos” (trabalhadores das salinas), onde essa água estagnada irá evaporar-se por ação do sol e do vento, criando uma camada de cristais solidificados (cloreto de sódio - sal) que será retirado, embalado e irá servir como tempero na confeção alimentar, sendo benéfico, para a saúde humana, através do seu papel na regulação da quantidade de água do organismo, mas também prejudicial se tomado em excesso. O sal também era usado em época recente, antes do advento da refrigeração elétrica, como conservante de alimentos; a salga era um dos principais métodos de preservação de alimentos.

    Encontraram-se múmias preservadas com as areias salinas dos desertos de Egito (mistura de sal e natrão), algumas delas datam de 3 000 a.C. o que mostra um verdadeiro conhecimento, a respeito das propriedades preservadoras do sal na época dos faraós.

    A descrição documentada de forma escrita a respeito da extração de sal (geralmente de minas de sal), bem como de seus usos culinários e de sua conservação, remonta aos anos 2 700 a.C. na China Central (séc. XXVII).

    As salinas desde tempos imemoriais, que são propriedade privada, e os seus trabalhadores, reservam duma forma geral, metade da produção de sal e dos peixes das salinas, para os proprietários. O sal, dada a sua importância, também serviu para dar o nome de origem da palavra “salário”, que foi até, mesmo usado como forma de pagamento no período romano.

    O tempo ajudou nesta parte matinal da visita e a ida para um almoço retemperador (com pouco sal) no centro de Aveiro, bem como a degustação de um doce típico aveirense designado de “cartucho”, preparou-nos para a segunda parte deste dia agradável, que nos levou ao Museu da Vista Alegre em Ílhavo.

    A área industrial das porcelanas da Vista Alegre situa-se no lugar da Vista Alegre em Ílhavo (antigo local chamado de Quinta da Ermida). O lugar de Vista Alegre tem origem numa fonte de água existente no local, “fonte de carapinchel” que tinha junto uns poemas gravados em pedra, que referiam uma água boa para a saúde e para uma “Vista alegre”.

    Foi adquirida por José Ferreira Pinto Basto, em 1816, industrial de construção naval abastado, residente em Lisboa, que teve interesse em criar uma indústria portuguesa de produção de Porcelana, para que Portugal se equiparasse aos objetos de origem chinesa e francesa, da época. A Vista Alegre teve o alvará que autorizou o funcionamento da Fábrica, no ano 1824, que lhe foi concedido pelo rei D. João VI.

    Desta antiga Quinta da Ermida fazia parte a Capela de Nossa Senhora da Penha de França, ou Capela da Vista Alegre. Foi adquirida em hasta pública em 1816 pelo fundador da Vista Alegre e restaurada nos anos 90, onde se encontra “o mais belo túmulo barroco de Portugal”, túmulo do Bispo de Miranda, D. Manuel Moura Manuel, que este encomendara ao escultor francês Claude Laprade (1682 - 1736), e que foi realizado em 1699. A Capela da Vista Alegre foi declarada Monumento Nacional em 1910. Na capela também tem belos painéis azulejares com temas marianos, do início da época dos azulejos figurativos.

    Esta unidade fabril foi desenvolvida pelo seu fundador, num conceito familiar e social, construindo para o efeito a unidade industrial, casas de habitação e creches para os seus trabalhadores e seus filhos, bem como enfermaria para cuidados de saúde, dados os riscos associados da atividade e ao uso de fornos de cozedura das porcelanas com altas temperaturas.

    Desde o início do século XX que a Vista Alegre teve várias fases na sua evolução industrial, mas a sua modernização tecnológica e a formação de jovens pintores, na década de 70, levou-a a atingir o seu apogeu, em 1983, ao criar o Gabinete de Orientação Artística (GOA) e, dois anos depois, o Centro de Arte e Desenvolvimento da Empresa (CADE), com a finalidade de fomentar a criatividade e contribuir para a formação nas áreas de desenho, pintura e escultura. E dessa evolução, nasceram as séries limitadas de peças de porcelana, chamadas séries especiais e peças comemorativas.

    A Vista Alegre é pertença do grupo Visabeira, o qual, inclui os cristais “Atlantis” desde 19 de janeiro de 2009.

    Joaquim Almeida

     

     

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