Em Ermesinde a Páscoa voltou a ser celebrada como manda a tradição
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Foto MANUEL VALDREZ |
Após dois anos em que a Páscoa não foi celebrada como manda a tradição, ou seja, sem as habituais cerimónias pascais, por causa da pandemia, este ano praticamente tudo voltou à normalidade, digamos assim. Nesse sentido trocámos algumas impressões com o pároco de Ermesinde, o cónego João Peixoto, que nos começou por falar como é que a paróquia da nossa freguesia Ermesinde vivenciou a quadra pascal próximo (literalmente) da sua comunidade. O padre da nossa cidade começa então por recordar que em 2020 «estivemos em rigoroso confinamento desde o 3.º domingo da Quaresma (15 de março) até ao Pentecostes (30 de maio). Aí, sim, não foram possíveis celebrações comunitárias. Não deixámos de celebrar na nossa Igreja com a presença de um mínimo indispensável de ministros – leitores, acólitos, cantores, diáconos – mas sem a presença da assembleia reunida. Foi muito duro. Temos consciência da importância da transmissão das celebrações realizadas na Igreja através das redes sociais (YouTube e Facebook) mas o seu sucesso foi relativo e desigual. Só muito limitadamente atenuaram os danos: a grande maioria da comunidade estava, de facto, trancada nas suas casas, na sua solidão.
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Em 2021, as coisas já foram muito diferentes. Tínhamos retomado as celebrações comunitárias. Com grandes distanciamentos entre as pessoas – a lotação da Matriz de Ermesinde estava reduzida a cerca de 1/8! –, a nossa Igreja já acolhia verdadeiras assembleias, como se pode ver no histórico das redes sociais a que continuámos a recorrer nessa fase. Com leves adaptações em alguns ritos (por exemplo: na adoração da Cruz em Sexta-feira Santa), o Tríduo Pascal foi celebrado com quase normalidade. Faltou, porém, a saída do Compasso, a tradicional Visita Pascal.
Em 2022, com a acrescida segurança sanitária proporcionada pela vacinação, as principais celebrações do Tríduo quase regressaram à situação pré-pandemia. Digo «quase» porque há pessoas que ainda não retomaram a prática comunitária do culto pelas mais variadas razões e continuam retidas em casa. A grande novidade, em relação aos dois anos anteriores, foi a retoma do tradicional “Compasso”», diz-nos.
Questionado como é que a paróquia sentiu a nossa comunidade, se houve uma maior participação, envolvência, nas celebrações após dois anos de “ausência” física, isto é, se a nossa paróquia sentiu nesta Páscoa que os ermesindenses estavam desejosos, ou saudosos, deste tempo de celebração, de participar nas cerimónias realizadas na paróquia, de receber a cruz nas suas casas, o padre Peixoto começa por dizer que tal como disse anteriormente a retomada foi gradual. «Eu pude testemunhar que na Missa da Ceia do Senhor, em Quinta-Feira Santa e na Celebração da Paixão, em Sexta-Feira Santa a participação dos fiéis era quase equivalente à da situação pré-pandemia. Infelizmente não pude presidir à Vigília Pascal nem à Missa da manhã de Páscoa que precede a saída do “Compasso”. Mas dizem-me que, nesta última, a Igreja estava literalmente repleta de fiéis. Posso também acrescentar que ao longo da Semana Santa o telefone da Igreja não teve descanso com paroquianos a perguntar se o “Compasso” iria sair. Muitos estavam verdadeiramente ansiosos».
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Como já vimos o regresso do “Compasso” foi um dos momentos mais marcantes desta Páscoa. O padre Peixoto diz-nos que estavam preparadas para sair da Igreja Matriz 52 cruzes para as diversas zonas de Ermesinde, ficando apenas duas por sair. «Em princípio, com alguns ajustes dos itinerários, toda a cidade de Ermesinde deverá ter sido percorrida pelos anunciadores da Ressurreição. Terá falhado – e muito me penaliza se isso se confirmar – o percurso de um grupo na zona dos Montes da Costa. Dado que as orientações da Conferência Episcopal excluíam o beijo na Cruz bem como a confraternização à mesa, em geral o “Compasso” passou mais cedo e alguns que, gostariam de lhe abrir as portas, nem se aperceberam. Nós procurámos prevenir dessa eventualidade, mas os nossos meios de informação são limitados. Por outro lado, o medo persistente da infeção pandémica terá inibido muitos que assim continuaram fechados em suas casas. Queria congratular-me e agradecer a todos os que, correndo ainda alguns riscos e saindo do seu conforto, se disponibilizaram generosamente para serem os anunciadores da Ressurreição nesta Páscoa ainda a caminho da “normalidade”», concluiu o cónego João Peixoto esta breve conversa com o nosso jornal. Aqui ficam algumas imagens da saída do “Compasso” da Igreja Matriz no Domingo de Páscoa.
Por:
MB
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